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Festival de Berlim presta homenagem a Andrzej Wajda

(sv)9 de fevereiro de 2006

Berlinale entrega Urso de Ouro a polonês por sua trajetória como um dos mais importantes diretores da história do cinema.

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Diretor polonês Andrzej WajdaFoto: AP
Além de ser entregue ao filme que os jurados considerem o melhor da mostra competitiva, o Urso de Ouro chega às mãos, todos os anos durante o Festival de Cinema de Berlim, a uma personalidade que tenha contribuído para o desenvolvimento da sétima arte.

Em 2006, o festival alemão homenageia o cineasta polonês Andrzej Wajda, conhecido, entre outros, pelos clássicos Cinzas e Diamantes (1958), O Homem de Mármore (1976) e O Homem de Ferro (1981).

Na próxima quarta-feira (15/02), Wajda estará recebendo pessoalmente o prêmio em Berlim, quando, por desejo explícito do diretor, será exibido o longa Pilatos e os Outros, de 1972. O diretor já teve vários de seus filmes concorrendo na mostra competitiva em Berlim e chegou a receber um Urso de Prata em 1996.

Reflexão sobre moral e guerra

A cinematografia de Andrzej Wajda oscila entre o romantismo, a predileção por símbolos (cavalos, trilhos) e uma árdua reflexão sobre a moral e a guerra. Seu primeiro longa, Uma Geração (1954), retrata a resistência polonesa à ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial.

A discussão sobre a morte é outro viés temático que permeia os filmes de Wajda. Seus heróis costumam vencer moralmente, mesmo enquanto morrem ou são derrotados. Em Cinzas e Diamantes (1958), considerado o filme mais importante da chamada "escola polonesa", Wajda resume a história de seu país num curto mas decisivo espaço de tempo: as 24 horas que se seguiram à manhã do dia 8 de maio de 1945, data da capitulação alemã.

Simbologia e contexto político

Em 1972 seria a vez de Bodas levar às telas o circo político do país simbolizado através de uma festança grotesca de província. O jogo de cores (o vermelho dentro da casa, onde se festeja excessivamente, e o azul acinzentado do lado de fora, como referência ao estado do resto da população) destaca a discrepância entre os círculos do poder e o cidadão normal.

Mais tarde, Wajda viria a denunciar o cenário de hipocrisia e censura da Polônia comunista com O Homem de Mármore (1976). Poucos anos depois, em 1982, o cineasta viria a rodar na França Danton, usando a Revolução Francesa para falar indiretamente do totalitarismo que reinava por detrás da Cortina de Ferro. Ainda nos anos 80, Wajda encenou Crime e Castigo, de Dostoiévski, no Schaubühne de Berlim.

Apego à história

A maioria dos filmes de Wajda baseia-se em obras literárias, inclusive em vários clássicos da literatura mundial. No decorrer das últimas décadas, o diretor, que prima pelo apego à história de seu país, voltou também suas lentes para os destinos das novas gerações na Polônia.

Wajda sempre soube expor o íntimo de seus personagens através de cores, cenários ou objetos. Uma artimanha dominada por poucos com tamanha maestria na história do cinema mundial.