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Festival reúne artistas árabes em Berlim

Rodrigo Rimon24 de março de 2003

DisORIENTation convida a conhecer uma nova geração de artistas árabes contemporâneos. Com filmes, exposições, shows e palestras, o evento procura destruir rótulos de exotismo que cercam a produção artística oriental.

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Obra "Arabic Pins and Swiss Caps 1-5", de Jumana Emil AbboudFoto: Jumana Emil Abboud

A imagem que o público ocidental faz do Oriente Médio é, muitas vezes, apenas a de uma região em guerra - dos conflitos na Palestina à guerra do Iraque, entre fundamentalistas islâmicos e ataques terroristas. De 20 de março a 11 de maio, a Casa das Culturas do Mundo, em Berlim, está tentando apresentar um outro lado da região. O de dentro.

A curadoria de Jack Persekian (artes visuais), Omar Amiralay (filmes) e Tarek Abou El-Fetouh (artes cênicas) procurou desvincular a produção artística do Oriente Médio do contexto eurocentrista, resgatando-a do atual gueto artístico em que se encontra. "Quem espera posições polêmicas sobre os ataques de 11 de setembro, o conflito na Palestina ou a guerra do Iraque, vai decepcionar-se", alerta o catálogo do festival.

Artes visuais -

Para a mostra de artes visuais, foram convidados 13 artistas do Egito, Palestina, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque. Eles não foram selecionados por critérios geográficos e não querem ser representantes nacionais da cultura de seus países. Nem suas obras contêm um "exotismo" que justifique sua classificação como "pertencente a uma cultura distante". São artistas que descendem tanto de famílias muçulmanas como cristãs, que referem-se ao ambiente urbano cosmopolita e transitam entre a cena artística internacional e o regionalismo de suas origens.

Talvez a única coisa que reúna esses artistas seja mesmo a resistência à rotulação, de forma que eles próprios se perguntam se uma arte árabe contemporânea realmente existe nestes termos. Mas, por outro lado, essas obras trazem em si tantas marcas dos conflitos locais que talvez seja impossível evitar tal estranhamento. Foi com dilemas dessa natureza que a curadoria teve de lidar para mostrar que "conflitos entre tradições locais e globalização, entre liberalismo e conservadorismo, entre grupos étnicos e religiosos não são tão facilmente identificáveis como as agências de notícias costumam retratar".

Mohammed Mounir
O cantor egípcio Mohammed MounirFoto: Abdel Samia

A maioria dos artistas está representada com duas obras: uma desenvolvida em Berlim e outra já apresentada no país de origem do artista. Um dos destaques é Mapping Sitting, de Akram Zaatari e Walid Raad. Os dois libaneses reuniram sete mil retratos tiradas ao longo de três décadas em um painel, sugerindo uma vontade de reconstrução da coletividade. As fotos, concedidas pelo arquivo fotográfico da Fondation Arabe pour l'Image, de Beirute, são como retratos de destinos individuais de diversas populações mediterrâneas.

Nas telas -

Outra forma de conhecer de perto o cotidiano da região, além dos conflitos étnicos e atentados suicidas, é a mostra de cinema. Para ajudar na compreensão dos filmes, muitos dos quais baseiam-se em mitos e tradições que podem parecer estranhos ao público ocidental, a Casa das Culturas do Mundo organizou workshops, palestras e mesas redondas com diretores e atores. Para evitar qualquer desorientação.

Além de filmes de diretores consagrados em seus países, como o libanês Ghassan Salhab e o documentarista Mai Masri, há uma mostra de curta e média-metragens, reunindo novidades da produção cinematográfica em língua árabe.

Mapping Album Soussi
"Mapping Sitting", de Akram Zaatari e Walid RaadFoto: Fondation Arabe pour l’Image

Abertura - Na semana de inauguração, além do discurso de abertura do secretário-geral da Liga Árabe, Amre Mohamed Mussa, houve também uma apresentação do popstar egípcio Mohammed Mounir. Logo no começo de seu show, Mounir disse: "Estes são dias tristes para a humanidade, mas nós somos a maioria, aqueles que amam a paz, a justiça e a música".