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Financiando a própria velhice

(sv)7 de julho de 2003

A população alemã envelhece e o Estado se vê às voltas com um sistema de previdência que não dá mais conta do recado. Em 50 anos, o país terá 78 aposentados para apenas cem cidadãos ainda na ativa.

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População idosa: problemas para os caixas da previdênciaFoto: AP

Pelo que tudo indica, os alemães terão que voltar aos tempos em que se guardava dinheiro debaixo do colchão. Pelo menos em nível simbólico, é isso o que o Estado insiste, já há algum tempo, em expor à população do país. Com um sistema de previdência criado ainda no século 19, pelo então chanceler da Prússia Otto von Bismarck, os caixas de hoje estão ameaçados por perspectivas sombrias.

A diferença do tempo de Bismarck é que a expectativa de vida na época era de meros 45 anos. Hoje, ela fica no país em torno de 80 anos, em uma população que se aposenta, via de regra, com 60 anos.

Diante de tal situação, o Estado torna-se responsável por um contingente enorme de pessoas, que pode, em breve, tornar-se quase uma maioria da população. Considerando a alta expectativa de vida (que ainda aumenta em um ano a cada sete anos), parte-se do princípio que cada cidadão pode vir a receber cerca de 20 anos de aposentadoria.

Geração baby boom -

O grande problema deve atingir os alemães da chamada "geração do baby boom". Trata-se da pessoas que nasceram entre meados dos anos 50 a meados dos 60 e que se encontram, hoje, no auge da vida ativa. Quando estes se aposentarem, porém, serão, se comparados aos ativos do futuro, maioria.

"O peso violento da geração do baby boom só poderá ser amenizado através de contribuições parciais de capital próprio, o que significa simplesmente que os próprios membros dessa geração terão que financiar parte de suas aposentadorias", explica Axel Börsch-Supan, diretor do Instituto de Pesquisa Econômica e Mudanças Demográficas (MEA), sediado em Mannheim.

Para incentivar a população ativa de hoje a poupar para financiar a própria velhice, o governo chegou a introduzir a chamada "aposentadoria Riester", que oferece uma contribuição estatal aos cidadãos que se dispuserem a selar um contrato de aposentadoria privada. Segundo o especialista Börsch-Supan, só há uma solução: fazer com que os alemães se aposentem mais tarde.

Envelhecimento e globalização -

Hoje, planeja-se no país uma prorrogação da idade mínima para aposentar-se. O objetivo é definir os 67 anos, fazendo assim com que as regras da aposentadoria se ajustem aos aumentos da expectativa de vida. A longo prazo, de acordo com Börsch-Supan, nem isso pode ser suficiente.

"Os ajustes são a palavra de ordem. O envelhecimento da população combina com o processo de globalização, que pode nos ajudar a carregar o problema. Não há nada mais burro do que um país que se move em direção ao envelhecimento e, ao mesmo tempo, se isola. Quando o mercado de trabalho cede, o mercado de capitais pode desempenhar um papel estratégico. Este pode substituir a alta produtividade interna", completa o especialista.

Isso significa que em 2050, quando a Alemanha contar com 78 aposentados para cada cem cidadãos ainda na ativa, estes não estarão mais em condições de alimentar aqueles. Ou seja, os aposentados de então terão que ter poupado, eles próprios, dinheiro suficiente para seu sustento na velhice. Isso é o que acontece, por exemplo, em uma sociedade como a norte-americana, que apesar de também envelhecer, não registra índices tão dramáticos como o que ocorre na Alemanha, Japão ou Itália.