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Fischer reforça apoio à paz na Guatemala

Gonzalo Cáceres, enviado da Deutsche Welle/rr17 de novembro de 2004

Em sua primeira visita oficial à Guatemala, o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, propôs a criação de uma comissão de direitos humanos e de um instituto forense. Próxima parada é o Brasil.

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Ministro alemão foi recebido por Oscar BergerFoto: DW/Gonzalo Cáceres

Em sua primeira visita oficial à Guatemala, o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, se encontrou nesta quarta-feira (17/11) com o presidente Oscar Berger e seu colega de pasta, Jorge Britz. Além disso, Fischer encontrou-se com representantes de organizações de direitos humanos, como a ganhadora do Nobel da Paz de 1992, Rigoberta Menchú.

Na Guatemala, o ministro reafirmou o apoio da Alemanha ao programa de reformas iniciado pelo governo Berger e ao processo de paz no país. Segundo Fischer, a possibilidade de estabelecer uma Alta Comissão de Direitos Humanos na Guatemala é "uma oportunidade que não podemos deixar passar e que eu apóio".

Essa nova comissão daria continuidade ao trabalho desenvolvido pela Missão de Verificação da Situação dos Direitos Humanos na Guatemala (Minugua), que termina no final deste ano. A proposta, entretanto, ainda precisa passar pelo parlamento guatemalteco.

Proposta de Fischer divide políticos

Joschka Fischer in Guatemala mit Rigoberta Menchu
Fischer e Rigoberta MenchuFoto: DW/Gonzalo Cáceres

Segundo o presidente Berger, "sem a participação da Minugua e das Nações Unidas, a paz não teria sido possível na Guatemala". A iniciativa, entretanto, dividiu o cenário político guatemalteco.

Enquanto setores de direita a criticaram de modo a colocar um fim à discussão sobre os direitos humanos no país, a Comissão de Direitos Humanos do congresso salientou sua importância "agora que a comissão de verificação da ONU abandona nosso país, enquanto os problemas de corrupção continuam, como acontece na política nacional".

Fischer pleiteou ainda a criação, com apoio da Alemanha, de um instituto forense para toda a região centro-americana, que permitiria a realização de análises de DNA e ajudaria na investigação de crimes contra os direitos humanos na região.

O ministro também ofereceu o apoio alemão na formação e no treinamento de oficiais do exército da Guatemala, colocando à disposição a Escola Superior de Estudos Militares de Hamburgo. Atualmente, o exército guatemalteco vive um momento de restruturação como resultado dos acordos de paz, tendo sido reduzido em virtude do processo de integração centro-americana.

Fischer elogiou o presidente Berger por impulsionar a integração regional, que "conta com o apoio da União Européia e de seus membros". Segundo ele, os países da América Central possuem a "vantagem de falar a mesma língua", o que facilitaria o funcionamento das instituições políticas. Entretanto, para que tais instituições se fortaleçam, "são necessários acordos políticos, partindo de uma estrita defesa dos direitos humanos".

Fischer chega ao Brasil

Após Nova York e Guatemala, o ministro segue para Brasília, onde se encontrará com o presidente Luís Inácio Lula da Silva e seu colega Celso Amorim. Em São Paulo, Fischer se encontrará ainda com representantes da comunidade judaica e da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK), principal centro de investimentos alemães no exterior, depois dos Estados Unidos e da União Européia.

Um dos temas principais da visita será a rescisão do convênio nuclear entre os dois países, assinado em 1975 pelo chanceler federal alemão Helmut Schmidt e o então presidente do Brasil, Ernesto Geisel, e que visava a colaboração alemã para o desenvolvimento da tecnologia nuclear no país.

Quase 30 anos depois, o governo alemão enviou uma nota solicitando a anulação do convênio, sob alegação de que a política energética alemã havia mudado. Caso não seja rescindido até esta quinta-feira (18), o contrato será prorrogado automaticamente por outros cinco anos.

O gabinete do presidente Lula, entretanto, já anunciou que considera oportuna a proposta alemã de, ao invés disso, apoiar o Brasil no desenvolvimento de energias renováveis e que investirá na pesquisa e no intercâmbio de combustíveis alternativos como o álcool.