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Flores e espinhos no caminho dos Verdes

(am)17 de maio de 2003

O lema soa poético e programático: "Tempo de Florescer". Com ele, comemora-se em Leipzig neste sábado (17/5) os dez anos da fusão entre a Aliança 90 e Os Verdes.

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Correligionários de Aliança 90/Os Verdes festejam vitória eleitoralFoto: AP

A fusão dos dois partidos – a Aliança 90 do Leste alemão e Os Verdes da parte ocidental do país – foi decidida durante uma convenção conjunta, realizada em Leipzig de 14 a 16 de maio de 1993. Desde então, o nome oficial do partido passou a ser Aliança 90/Os Verdes. Na época, o semanário Die Zeit falou ironicamente de um "casamento forçado de amor".

A festa comemorativa do décimo aniversário da fusão é ponto de partida para uma espécie de campanha eleitoral antecipada e de longo prazo, com vistas aos pleitos estaduais de Brandemburgo, Saxônia e Turíngia, em 2004. Pois o novo partido não conseguiu até agora conquistar um grande número de correligionários nos estados do Leste alemão – a região da extinta Alemanha Oriental.

Nomen est omen

O nome oficial do partido é hoje pouco utilizado pela imprensa e pelos eleitores, que preferem utilizar simplesmente a denominação Os Verdes ou Partido Verde. Tal fato também pode ser considerado como sintomático: nos seus dez anos de existência, o partido firmou-se cada vez mais na parte ocidental da Alemanha, mas não conseguiu impor-se no Leste alemão. A Aliança 90, que desempenhou um importante papel histórico no processo de reunificação do país, acabou relegada a um segundo plano.

Urabstimmung zur Trennung von Amt und Mandat bei den Grünen
Steffi Lembke, secretária-geral dos VerdesFoto: AP

Isto pode ser constatado, por exemplo, através do número de filiados. Em 1993, eram 34 mil nos estados ocidentais e 5650 na região leste, incluindo Berlim em seu todo. Passados dez anos, a situação mudou muito pouco: 38 mil nos antigos estados e menos de 6 mil no leste. Mas muitas novas filiações foram registradas também nos novos estados federados após a eleição parlamentar federal de 2002, afirma Steffi Lembke, secretária-geral dos Verdes.

Processo prolongado

A fusão de 1993 não foi uma decisão espontânea de momento. O processo que levou a ela foi longo e gradativo. Logo após a derrocada do governo comunista da Alemanha Oriental, foi fundado o partido Os Verdes na RDA, o qual manteve contatos intensos com seus pares do Ocidente. Isto não ocorreu, contudo, no caso da Aliança 90 – um grupo mais numeroso de dissidentes da velha Alemanha comunista, com uma história tipicamente alemã oriental.

Na época, Werner Schulz, um dos líderes da Aliança 90, afirmou com orgulho que seu partido "não debandou tão rápido para o Ocidente". As negociações preparatórias para a fusão duraram um total de 152 horas e foram feitas durante duas convenções partidárias separadas, mas concomitantes e realizadas no mesmo prédio, em Hanôver. A desconfiança mútua era patente.

Fracasso no Ocidente

Teoricamente, Os Verdes da parte ocidental da Alemanha dispunham de maior número de filiados e de maior capacidade de mobilização. Apesar disto, tinham um enorme handicap – não conseguiram superar a votação mínima de 5% e eleger deputados federais nas primeiras eleições unificadas da Alemanha, em 1990. A bandeira verde no Bundestag era sustentada, desde então, por oito deputados dos Verdes orientais, em cooperação com a Aliança 90.

Posteriormente, melhorou a situação dos Verdes nos antigos estados federados. Eles chegaram a fazer parte de governos estaduais e conseguiram consolidar a posição do partido. Em 1993, durante o congresso da fusão entre os dois partidos, o líder verde Joschka Fischer declarou como meta a participação no governo federal, após as eleições de 1994.

Joschka Fischer auf dem Länderrat der Grünen
Joschka Fischer, líder verde e ministro das Relações ExterioresFoto: AP

Isto só foi logrado quatro anos mais tarde. Desde então, Joschka Fischer é ministro das Relações Exteriores e vice-chanceler federal (isto é, vice-primeiro-ministro) da Alemanha. Dentro da Aliança 90/Os Verdes, os diretórios regionais do leste alemão passaram a ter um pouco mais de força e influência desde as eleições parlamentares de 2002. Isto poderá repercutir positivamente para o partido nos pleitos estaduais de Brandemburgo, Saxônia e Turíngia no ano que vem.