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Fome na Coréia do Norte preocupa organização alemã

tb/ms13 de janeiro de 2003

Rupert Neudeck, presidente da organização alemã de ajuda humanitária Cap Anamur, revelou que a falta de alimentos na Coréia do Norte é um problema grave.

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Milhões de norte-coreanos não têm o que comerFoto: AP

A crise diplomática na Coréia do Norte tende a agravar ainda mais a dramática situação de falta de alimentos no país. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (WFP), cerca de 25% da população estão ameaçados de passar fome ou até morrer de inanição neste inverno. O problema vem se agravando especialmente devido à redução gradativa da ajuda externa.

A Coréia do Norte é um país de difícil acesso. Jornalistas e funcionários de instituições caritativas têm dificuldade em obter informações objetivas sobre a real situação da população. O fundador da organização alemã Cap Anamur, Rupert Neudeck, visitou regularmente o país asiático nos últimos anos. Sua última viagem foi em meados de 2002. Como poucos, ele conhece de perto a triste realidade de milhões de pessoas atingidas pela fome.

"A gente vê o suficiente para poder dizer que este é provavelmente o povo que pior vive no planeta", afirmou Neudeck, frisando que a situação no Zimbábue ou Malauí não é nada comparada ao sofrimento da população norte-coreana. O WFP já alertou que, sem ajuda externa imediata, o sustento de 3 milhões de pessoas está comprometido.

Geração sem futuro?

Deste montante, pelo menos 2 milhões são crianças, que recebem comida na escola ou creche graças ao trabalho da organização da ONU, que recolhe entre os países-membros as doações em alimentos e as repassa para a Coréia do Norte. E aí está a dificuldade atual. As doações estão cada vez mais escassas. Em 2002, o WFP arrecadou apenas cerca de 65% do que seria necessário para alimentar a população norte-coreana.

Devido à seca, catástrofes naturais e má administração agrária, desde a metade da década de 90, a Coréia do Norte depende da alimentação gratuita proveniente do exterior, pois não tem como pagar pelos alimentos.

Neudeck lembrou que os efeitos da má nutrição na fase de crescimento são irreversíveis e podem comprometer gerações. "A crescente escassez de alimentos é ruim principalmente para as crianças que já comem pouco. Nós nos preocupamos com o desenvolvimento intelectual. Dependendo da gravidade, a conseqüência será a imbecilização de toda uma geração".

Só ajuda européia não é suficiente

A União Européia anunciou que irá aumentar sua cota de doação de alimentos para a Coréia do Norte. Isso, entretanto, não é suficiente para suprir a necessidade da população, pois dois importantes doadores, Estados Unidos e Japão, cancelaram a ajuda. O governo americano garante que a suspensão não tem relação com o programa atômico ainda vigente na Coréia do Norte.

Os EUA afirmam que o problema está na garantia de que os alimentos realmente cheguem às mãos de quem necessita. Muitos refugiados afirmam que jamais viram qualquer entrega sendo feita pelo WFP. A organização da ONU, por sua vez, rechaça as acusações.

Perante tal quadro, Neudeck elogia a posição da União Européia que, apesar das dúvidas, continua apoiando a WFP. "Eu considero tal postura correta enquanto não for adotada uma nova estratégia ou houver uma alternativa política que garanta o sustento da população norte-coreana".