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O futuro da luz

14 de setembro de 2009

Futuro da luz artificial se chama OLED: camadas orgânicas ultradelgadas que geram uma superfície luminosa. Diretor do Instituto de Fotofísica Aplicada de Dresden explica a técnica.

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Foto: TU-Dresden

Deutsche Welle: O que significa OLED?

Prof. Karl Leo, Institut für Angewandte Photophysik, TU-Dresden
Karl Leo, diretor do Instituto de Fotofísica AplicadaFoto: TU-Dresden

Karl Leo: Significa "díodo orgânico emissor de luz". Os LEDs – light emitting diodes – inorgânicos, já são conhecidos das lanternas de mão e faróis de bicicleta. Isso significa que se utilizam semicondutores orgânicos. Não quer dizer que sejam biodegradáveis ou coisa assim, apenas que se opera com a química orgânica, ou seja, com moléculas que contêm carbono.

E como a coisa funciona com moléculas carbônicas? De onde vem o brilho?

Díodos fotoemissores orgânicos funcionam de forma semelhante aos inorgânicos, ambos são "fontes de luz fria". Quer dizer, a luminosidade não se produz aquecendo-se um objeto ao extremo, como nos bulbos incandescentes. Pois nesse caso a eficiência é sempre muito baixa, resulta mais em calor do que em luz. Na lâmpada convencional, por exemplo, a eficiência luminosa é de apenas 5%, o resto é calor. No OLED, inserimos elétrons e esses liberam exatamente a quantidade de energia necessária para produzir luz branca.

Os OLEDs precisam de eletricidade?

É claro! Sem ela nada é possível. Mas a eficiência é relativamente alta. Hoje já alcançamos cinco a seis vezes mais do que com lâmpadas incandescentes e também superamos de longe as fluorescentes.

organische Leuchtdiode, OLED neben Glühbirne, Institut für Angewandte Photophysik, TU-Dresden
Aplicações dos fotoemissores orgânicosFoto: TU-Dresden

Como se ativam esses OLEDs? Há algo como um interruptor a se apertar?

Sim, eles são ligados normalmente na eletricidade, numa tensão bem baixa, de apenas três ou quatro volts. Já chegamos a alimentar um OLED com uma pilha de batata, de forma a obtermos um díodo cem por cento orgânico (ri). E quatro batatas foram suficientes para fazer luzir um OLED vermelho.

Então o senhor crê que algum dia os díodos emissores de luz orgânicos irão substituir totalmente as lâmpadas incandescentes, fluorescentes e econômicas?

Sim, estou bem otimista quanto a isso. Pois, além da eficiência energética, os OLEDs possuem outras características interessantes. Primeiro, trata-se de uma fonte luminosa de superfície inteira. Para muitas aplicações é prático a luz ser produzida, não a partir de um foco pontual, mas como superfície luminosa. Além disso, podem-se produzir OLEDs maleáveis, ou seja, em forma de películas a revestirem objetos ou a se colarem na parede.

Quer dizer que no futuro as lâmpadas que emitem luz pontual se tornarão obsoletas?

Acho que sempre teremos ambas. Há situações em que se necessita de fontes pontuais para focar a iluminação. Em certos setores, como o automobilístico, precisa-se de cones de luz. Mas também há inúmeras aplicações para a luz de superfície. Acho que elas se complementarão; ambas serão utilizadas.

Quais são as desvantagens dos OLEDs no momento?

Os três critérios essenciais são preço, eficiência e durabilidade. No tocante ao preço, o OLED ainda é caro demais, nada competitivo: o substituto de uma lâmpada convencional custaria 100 euros ou mais. Nossa meta é chegar à faixa de preço de uma lâmpada econômica.

Já em termos de eficiência estamos numa boa posição. E no tocante à vida útil, ainda precisamos aperfeiçoar, mas já chegamos a atingir índices bastante bons.

Kartoffel als organischer Stromgeber, organische Leuchtdiode, OLED, Institut für Angewandte Photophysik, TU-Dresden
Energia produzida por algumas batatas basta para ativar um OLEDFoto: TU-Dresden

O que determina a vida útil dos OLEDs?

Há diversos fatores. Por um lado, a estabilidade dos materiais, e aqui ainda temos alguns problemas com os emissores azuis. Além disso, os fotoemissores orgânicos são sensíveis ao ar e ao vapor, precisam ser encapsulados, e esse processo ainda tem que ser aprimorado.

Como se formam as diferentes cores?

Empregamos diferentes pigmentos. Muitos desses materiais orgânicos são nossos conhecidos: a tinta de carro vermelha, por exemplo, contém pigmentos bem semelhantes aos dos nossos OLEDs. Através da escolha desses diferentes materiais, pode-se alterar o comprimento de onda da luz de forma bem flexível. Assim, é possível dar a um OLED praticamente qualquer cor que se queira. E para o branco, basta combinar vermelho, verde e azul.

Onde os OLEDs já são empregados?

Sobretudo em telefones celulares e aparelhos eletrônicos de pequeno porte. Também já se produziu um televisor de 11 polegadas nessa técnica.

A introdução no mercado vai ocorrer passo a passo. Muito em breve no setor high-end, onde os preços elevados não representam problema algum. Mas até o OLED ser vendido na loja de ferragem, a metro quadrado para colar na parede da sala, ainda vai demorar uns cinco anos.

OLED organische Leuchtdiode, Institut für Angewandte Photophysik, TU-Dresden
OLEDs simulam bem a luz do diaFoto: TU-Dresden

Quais são suas visões para o futuro?

Por exemplo, janelas que fossem OLED transparente e célula fotovoltaica ao mesmo tempo. Durante o dia, pareceriam de vidro isolante térmico, produzindo energia, à noite iluminariam de forma tão natural que pareceria que o sol ainda estaria brilhando lá fora.

Que países são líderes em termos de OLED?

Os Estados Unidos e o Japão. Mas a Europa também lidera junto com eles!

O professor Karl Leo é diretor do Instituto de Fotofísica Aplicada na Universidade Técnica de Dresden.

Entrevista: Judith Hartl
Revisão: Simone Lopes