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François Fillon: "Foi aberta a campanha de difamação"

25 de janeiro de 2017

Jornal satírico denuncia que esposa do candidato republicano à presidência ocupou cargo na Assembleia Nacional sem trabalhar e embolsou 500 mil euros. Promotoria abre inquérito.

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Penelope Fillon ao lado do marido, François Fillon, candidato à presidência da França
Penelope Fillon ao lado do marido, François Fillon, candidato à presidência da FrançaFoto: Getty Images/AFP/L. Bonaventure

A promotoria francesa abriu nesta quarta-feira (25/01) um inquérito preliminar para averiguar a denúncia de que o candidato conservador à presidência, François Fillon, teria criado um emprego fictício para a mulher, pelo qual ela teria recebido 500 mil euros de fundos parlamentares entre 1998 e 2012.

Fillon, primeiro-ministro durante a presidência de Nicolas Sarkozy (2007-2012), é o favorito na eleição presidencial de abril e maio de 2017, e as pesquisas colocam-no como provável adversário da líder da extrema direita, Marine Le Pen, no segundo turno.

A esposa de Fillon, Penelope Fillon, teve um emprego fantasma de assistente parlamentar do próprio marido e de seu sucessor, Marc Joulaud, e embolsou 500 mil euros dos cofres públicos sem trabalhar, denunciou o jornal satírico Le Canard Enchaîné.

Segundo o jornal, Penelope esteve empregada entre 1998 e 2002 como colaboradora do marido, na época deputado, mas não tinha nenhuma função na Assembleia Nacional. O salário dela era de 3.900 euros até 2001. No ano seguinte subiu para 4.600 euros. Quando Fillon foi nomeado ministro, em 2002, pelo então presidente Jacques Chirac, a mulher passou a ser assessora de Joulaud, que substituiu o marido no parlamento. Segundo o Canard Enchaîné, o salário de Penelope Fillon foi novamente aumentado, e ela passou a ganhar entre 6.900 e 7.900 euros brutos por mês.

O Canard Enchaîné afirmou que a esposa de Fillon era dona de casa e não aparecia na sede do legislativo para trabalhar. A publicação citou uma ex-assistente parlamentar: "Eu nunca trabalhei com ela". O vínculo de Penelope com Joulaud terminou quando Fillon foi nomeado primeiro-ministro, em maio de 2007, por Sarkozy. Em 2012, quando o atual presidente do país, François Hollande, chegou ao poder, Fillon deixou o governo e venceu mais uma vez a eleição para deputado – e Penelope voltou à Assembleia Nacional como sua assistente, recebendo 4,6 mil euros por mês.

Durante uma viagem a Bordeaux, Fillon disse estar escandalizado com a publicação da denúncia e acusou o semanário de querer prejudicá-lo politicamente. "Como é que minha esposa não tem direito a trabalhar?", questionou Fillon, antes de citar os comentários satíricos do Le Canard Enchaîné sobre Penelope, que foi descrita como uma "dona de casa exemplar", "conhecida por seus talentos como jurada em concursos de tortas de pera" e pela "assiduidade na missa".

O líder da corrida pelo Palácio do Eliseu questionou o tom irônico e disse que "todas as feministas gritariam" se um político dissesse isso de uma mulher. "Foi aberta a campanha de difamação", afirmou.

Numa primeira reação à denúncia, o deputado Philippe Vigier, porta-voz de Fillon, reiterou que a contratação de um familiar por um parlamentar não é ilegal na França. Além disso, ele argumentou que 10% dos parlamentares têm parentes como assistentes, e que o contrato de Penelope foi verificado pela Assembleia. Para Vigier, a denúncia visa conturbar a candidatura de Fillon à presidência.

Na França, os parlamentares têm uma cota de mais de 9 mil euros para contratar até cinco pessoas, e empregar familiares não é ilegal. Em 2014, de 10% a 15% dos 900 parlamentares empregavam um assessor que tinha o mesmo sobrenome que eles.

PV/efe/dpa/afp