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Futebol olímpico tem torcida escassa

Geraldo Hoffmann27 de agosto de 2004

Média de torcedores por partida é de apenas 10 mil. Fifa está indignada, mas não vê risco para o futebol nos Jogos Olímpicos.

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Alemãs e chinesas enfrentam-se em estádio vazioFoto: dpa

Há cerca de dois meses, milhões de gregos festejaram a conquista da Eurocopa, mas agora ignoram o futebol olímpico. A bola rola em estádios vazios, em Atenas, Salônica ou Patras. O número extremamente baixo de torcedores – média de apenas 10.356 por jogo - é considerado alarmante pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).

"Na semifinal feminina entre Suécia e Brasil, em dez minutos, eu poderia cumprimentar pessoalmente cada um dos torcedores presentes", disse o presidente da Fifa, Josef Blatter. "Deixem os ajudantes voluntários assistir aos jogos, para que encham as arquibancadas", apelou Blatter ao Comitê Olímpico Internacional (COI).

"Imaginei que a Olimpíada de Atenas fosse diferente. Não consigo reconhecer um clima olímpico. Jogamos as quartas-de-final contra a Nigéria diante de 500 torcedores, num estádio com capacidade para 20 mil pessoas. Isso foi bem diferente em Sydney. Em Atenas faltou algo", disse a goleira da seleção alemã de futebol feminino, Silke Rottenberg.

Considerando apenas os torcedores "de verdade", sem cartolas nem seguranças ou equipes técnicas, a média de público por jogo fica abaixo dos 10 mil. Nos Jogos Olímpicos de 2000 em Sydney foram, em média, 30.178 torcedores por jogo; em Atlanta 1996 até 40.918. Antes de Atenas, só em 1992 em Barcelona o torneio de futebol olímpico teve tão pouca ressonância – média de 14.572 torcedores por partida.

Futuro do futebol na Grécia

As imagens de estádios vazios, divulgadas pela TV em todo o mundo, causam indignação não só à Fifa. O presidente da Federação Grega de Futebol (EPO), Vassilios Gagatzis, faz um apelo aos seus conterrâneos. "Quando ganhamos a Eurocopa, todos os gregos festejaram. Agora precisamos mostrar que o futebol tem futuro na Grécia. Todos os torcedores devem vir e encher os estádios", conclama.

Gagatzis sabe que uma decepção da Fifa na Olimpíada pode destruir o sonho grego de sediar grandes torneios de futebol. "Não podemos manifestar qualquer ambição, se as arquibancadas permanecerem vazias", diz.

Blatter já mandou uma advertência à Grécia, que junto com a Turquia pretende sediar a Eurocopa de 2012: "Quem organiza uma Olimpíada também é capaz de organizar uma Copa do Mundo ou Eurocopa. Mas daí os torcedores gregos precisam comparecer aos estádios, mesmo quando sua seleção não joga. Numa Copa do Mundo, a Grécia não joga todos os dias", disse.

Apesar da escassez de público, Blatter não vê perigo para o futebol olímpico. "Não acredito que isso tenha efeitos negativos para o futuro. No todo, teremos uns 500 mil torcedores, o que ainda é bem mais do que em várias outras modalidades esportivas. Somos definitivamente o número dois atrás do atletismo, que é o coração dos Jogos Olímpicos", declarou.

Ingressos de presente

Além da ausência de times gregos nas competições de futebol olímpico, há outros motivos para a falta de motivação da torcida. Os jovens talentos do torneio masculino estão longe de ser tão conhecidos quanto os craques de seus países que disputaram a última Copa do Mundo ou a Eurocopa. São permitidos apenas três jogadores com mais de 23 anos por equipe e algumas seleções tradicionais – como o Brasil, Espanha, França ou Inglaterra – não se classificaram para Atenas. Zebras como o Iraque, Mali ou Austrália disputaram as quartas-de-final ou até as semifinais. "Assim, o futebol não tem futuro na Olimpíada", diz o alemão Bernd Stange, ex-técnico da seleção principal do Iraque. "Ninguém paga 30 euros por um ingresso para ver jogadores desconhecidos", conclui.

A imprensa alemã ainda arrisca uma outra explicação para os estádios vazios. Segundo a rádio WDR, muitos ingressos foram vendidos a grandes empresas ou agências, que os distribuíram a executivos ou clientes. E muitos desses privilegiados não viajaram a Atenas ou simplesmente não se interessam pelas competições.