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Globalização e desafios para a democracia no diálogo Norte-Sul

Carlos Ladeira16 de abril de 2002

Conferência internacional em Berlim faz balanço das atuais tendências na globalização e suas influências no diálogo entre países ricos e países pobres.

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Responsáveis pela realização da conferência são o Instituto Iberoamericano e o Instituto Latino-Americano da Universidade Livre, ambos de Berlim, apoiados pela Sociedade Alemã de Pesquisa (DFG) e a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A idéia de realizar o evento advém de que os organizadores são de opinião de que, "em vez de harmonização, as atuais transformações globais estão conduzindo a uma pluralização da modernidade. Daí a necessidade de se prever e analisar as possíveis conseqüências da globalização para as sociedades do Norte e do Sul, bem como os novos desafios para a democracia que estão surgindo".

Os debates em Berlim, divididos em três grupos, englobam os aspecto políticos e socioeconômicos do tema: "Da modernização à sociedade mundial", "Mudanças globais, relações no mercado de trabalho e solidariedade", "Desigualdades sociais, cidadania e novas formas de mobilização".

Um dos participantes brasileiros, o Prof. Marcelo Neves, titular da cadeira de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, apresentou a tese "Justiça e diferenças numa sociedade mundial complexa", um tema que pode ser considerado denominador comum das opiniões reinantes durante a conferência. Aborda especificamente o conceito de uma sociedade mundial moderna e como a justiça pode ser realizada no âmbito desta sociedade, constituída de múltiplos Estados e culturas.

Para o Prof. Neves, esta nova sociedade enfrenta dois problemas básicos. "Por um lado, a intolerância étnica dos fundamentalismos religiosos que atuam de maneira destrutiva no que diz respeito ao diferente, ao outro. Por outro lado, a Justiça é afetada hoje pelo macrossistema econômico, que atua de forma destrutiva na autonomia do direito e da política". E acrescenta: "Atua também negativamente na própria existência do Estado de direito democrático".

Neves, como também a maioria dos participantes, é de opinião de que é possível superar os problemas atuais. "Precisamos é fortificar a idéia do Estado de direito democrático em diferentes regiões do globo e não continuar com o intervencionismo militar simplista que quer impor de fora poderes ditados por uma ou determinadas potências."

A conferência, iniciada na segunda-feira (15), estende-se até quinta (17). Participam 19 especialistas - sociólogos, politólogos, antropólogos e filósofos - alemães, franceses, ingleses, indianos e oito brasileiros.