Governo e oposição longe de acordo sobre imigração
13 de dezembro de 2001Depois de dois anos de discussão nacional sobre uma lei de imigração para atender as necessidades do mercado de trabalho na Alemanha, o Parlamento em Berlim debateu a proposta oficial, pela primeira vez, nesta quinta-feira. No debate acalorado, com troca de acusações entre as bancadas governista e de oposição, ficou evidente a falta de um consenso. Além de suprir as necessidades de mão-de-obra especializada, sobretudo nas áreas de informática e de engenharia, a meta do governo do chanceler federal, Gerhard Schröder, é melhorar o direito de permanência de estrangeiros no país e acelerar os processos de concessão de asilo político.
O autor da iniciativa do projeto de lei, ministro do Interior, Otto Schily, acusou a oposição conservadora de querer usar os estrangeiros na campanha para a eleição de um novo Parlamento e do governo, em 2002. Os partidos democrata-cristão (CDU) e social-cristão (CSU), por sua vez, exigiram 79 mudanças na proposta oficial e acusou o governo de planejar uma imigração maior em vez de limitar a entrada de estrangeiros no país. Por outro lado, o Partido Liberal e o neocomunista PDS, também de oposição, prometeram aprovar a iniciativa do gabinete social-democrata (SPD) e Verde.
O ministro social-democrata destacou, no debate, os efeitos positivos da imigração no mercado de trabalho. Com a criação do Green-Card, vieram para a Alemanha 10.000 estrangeiros especialistas em computação e criaram 25.000 postos de trabalho, segundo Schily. Ao contrário das alegações da oposição conservadora, essa mão-de-obra importada aliviou o mercado de trabalho, disse ele.
A encarregada do governo para a questão dos estrangeiros, Marieluise Beck, cobrou um consenso suprapartidário e advertiu os conservadores a não alimentarem o medo dos estrangeiros. Ela tentou, com números, provar que a Alemanha é um país de imigração, o que os democrata-cristãos e social-cristãos continuam negando. Apesar das restrições legais vigentes, só no ano passado, 648.000 estrangeiros vieram para a Alemanha e 562.000 deixaram o país. Significa que 86.000 ficaram.
A Federação das Câmaras de Indústria e Comércio da Alemanha aproveitou o debate para renovar sua exigência de novas regras para a imigração. O presidente da organização de cúpula, Ludwig Georg Braun, divulgou uma nota à imprensa dizendo que "o empresariado precisa de uma lei moderna de imigração antes da eleição de 2002. Por isso, o governo e a oposição têm de assumir suas responsabilidades nas próximas semanas".