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Greve do consumo pode acabar no Natal

Neusa Soliz29 de novembro de 2003

O comércio sofre com a reserva dos consumidores. Mas pesquisas apontam chance de melhores negócios no fim do ano. Os alemães escolhem presentes mais baratos, compram poucos bens duradouros e mais pela internet.

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Quem sabe um anjo ajuda - decoração de NatalFoto: AP

Desde novembro as lojas já estão enfeitadas para o Natal, época em que o comércio alemão costuma fazer 20% do faturamento anual. Mas, por mais que as vitrines procurem atrair compradores com seus artigos em meio às luxuosas decorações natalinas, a festa do consumo não funciona sem o ator principal: o consumidor, que nos últimos anos pensa duas vezes antes de tirar a carteira do bolso.

A conjuntura fraca e a incerteza reinante na Alemanha em relação às reformas fiscal, da previdência e da saúde provocaram uma retração do consumo. A expectativa do comércio era compensar, no fim do ano, as perdas no verão, quando o sol afastou os compradores das lojas. No entanto, as vendas não foram animadoras em novembro, pelo que a Associação Alemã do Comércio Varejista (HDE) se conformou em manter suas previsões no mesmo nível do faturamento natalino de 2002, que foi de 8,2 bilhões de euros (2001: 10,2 bilhões).

Luz no fim do túnel?

Os índices de novembro que a Sociedade de Pesquisa de Consumo GfK publicou nesta sexta-feira (28), porém, dão motivo a esperança. Os consumidores estão mais otimistas quanto à conjuntura e à sua situação pessoal, depois de ouvir a opinião dos analistas e empresários. Isso deve se refletir nas vendas de Natal, diz a GfK, que realiza as pesquisas para a Comissão Européia. O índice de compras previstas aumentou pela quarta vez consecutiva e o que reflete o clima de consumo atingiu um número positivo pela primeira vez desde outubro do ano passado.

Ao que tudo indica, a recuperação da economia mundial, os dados positivos nos EUA e os bons balancetes das empresas alemãs fizeram surgir uma luz no fim do túnel. No entanto, os índices apontam apenas uma tendência, é muito cedo para se ver nisso uma virada da conjuntura. A GfK e outros analistas afirmam que o consumo só dará um salto quando diminuir consideravelmente o desemprego. E só se conta com uma melhora no mercado de trabalho em meados de 2004. Outros fatores que teriam um efeito positivo sobre a conjuntura dependem dos políticos: "A diminuição dos impostos - ou seja, a antecipação da reforma fiscal - clareza quanto às reformas da saúde e das aposentadorias", mencionou o presidente da GfK, Klaus Wübbenhorst.

Soluções para épocas de vacas magras

Outras pesquisas representativas, porém, revelam um outro quadro. Se em 2002 somente 6% dos alemães declararam que não comprariam nenhum presente de Natal, agora é um de cada dez.

Frau im CD Laden
CDs podem substituir outros presentes mais caros este anoFoto: Bilderbox

"Lá em casa não vai haver muitos presentes como nos anos anteriores. Nós temos que economizar, olhar ofertas e descontos. Eu presto atenção no dinheiro. E não posso aceitar ter que pagar a mesma importância em euro que eu pagava antes em marco por um produto", revelou uma compradora à reportagem da Deutsche Welle, em Bonn.

Outros substituíram presentes mais caros, como uma malha de lã para o irmão, por um livro ou CD. E há também quem pretenta economizar em outros produtos tradicionais da época, fazendo suas próprias Plätzchen (bolachinhas) e os arranjos de advento e Natal.

Bens duráveis e eletrônicos

"Os consumidores ainda estão desanimados ou reservados, especialmente quanto a compras maiores, nos departamentos de produtos eletrônicos e computadores", observou o gerente de uma filial da rede de lojas de departamento Kaufhof em Bonn.

Os bens duráveis foram bastante afetados, constata também a edição online do semanário Spiegel, em um artigo sobre a greve do consumo na Alemanha, intitulado "Minha televisão - uma peça de museu". "Eles economizam na compra de alimentos, vão menos a bares e ao cinema. Agora a falta de vontade de comprar atingiu o setor eletrônico. Os televisores nos lares alemães estão em média cada vez mais velhos", observa.

Brinquedos até para crianças a partir de 30 anos

Já os brinquedos e jogos eletrônicos vendem bem também no Natal. O faturamento anual desse setor saltou de 270 milhões de euros, em 1995, para 800 milhões de euros, no ano passado, ajudando a compensar a queda do faturamento com brinquedos tradicionais. Os fabricantes de brinquedos fazem 40% de seus negócios no Natal. Os produtos mais vendidos este ano são bichos de madeira para a "Arca de Noé", apetrechos para bonecas e pista de autorama. Jogos vários e animais de pelúcia também não podem faltar debaixo da árvore.

Märklin Modellbahn in Köln
Um trenzinho meio grande para dentro de casa, que a Märklin apresentou em Colônia numa feira para fãs de locomotivas e ferrovias em miniatura, em novembro de 2002Foto: AP

Na tentativa de melhorar as vendas, os fabricantes de brinquedos procuram expandir sua oferta para "crianças a partir de 30 anos", o que está de acordo com o desenvolvimento demográfico da população alemã. Além de jogos, há toda uma gama de produtos, como miniaturas perfeitas de trens, carros para colecionadores e todo tipo de veículos para quem gosta de montar os próprios brinquedos.

Online-shopping

Com a crise do consumo, não teve boa acolhida a idéia de abrir o comércio também aos domingos, no mês de dezembro. Em compensação, as vendas de Natal pela internet continuam avançando e este ano o comércio varejista espera ultrapassar a casa de um bilhão de euros. Para 2003 em geral, a federação do comércio HDE conta com um faturamento de 13 bilhões de euros com online-shopping.