1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Greve geral pára setor público na Itália

(gh)16 de abril de 2002

Os principais sindicatos do país lideraram os protestos contra as reformas trabalhistas. Atentado aumentou as tensões entre o governo e os trabalhadores.

https://p.dw.com/p/25pu
Manifestação em Roma contra planos de BerlusconiFoto: AP

Milhões de italianos participaram, nesta terça-feira (16), da primeira greve geral do país nos últimos 20 anos. As três principais centrais sindicais da Itália (CGIL, CISL, UIL) convocaram mais de onze milhões de filiados a paralisarem suas atividades durante oito horas. Elas também organizaram manifestações públicas nos grandes centros industriais (Roma, Florença, Milão, Bolonha, Nápoles) e em outras cidades.

O protesto dirigiu-se contra uma reforma da legislação trabalhista, planejada pelo governo e que pode facilitar a contratação e a demissão de trabalhadores. "O governo precisa mudar seu rumo", declarou Sergio Cofferati, da central sindical esquerdista CGIL, durante uma manifestação em Roma.

Funcionalismo público

– A greve geral paralisou principalmente o setor público. Estações ferroviárias, aeroportos, escolas, agências dos correios e outras repartições públicas permaneceram fechadas. Houve paralisações em fábricas e os hospitais mantiveram apenas os serviços de emergência.

O protesto também atingiu a imprensa. A Itália amanheceu nesta terça-feira (16) sem jornal do dia. As TVs suspenderam transmissões ao vivo e a programação das rádios também foi reduzida.

Segundo analistas, as atuais leis trabalhistas dificultam a demissão de funcionários, principalmente, de grandes e médias empresas. Os empresários italianos reivindicam uma maior flexibilização do mercado de trabalho, para evitar um agravamento da crise econômica. Os sindicatos acusam o governo de querer reduzir os direitos dos trabalhadores.

Atentado

– As negociações entre os sindicatos e o governo fracassaram no mês passado. As tensões aumentaram com o assassinato do economista Marco Biagi, um dos principais mentores da nova lei, a 19 de março, pelas Brigadas Vermelhas. Fontes do governo chegaram a insinuar que os adversários da lei ajudaram a criar um clima propício ao crime.

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, não pretende ceder à pressão dos sindicatos e quer implementar a reforma trabalhista de qualquer jeito. A paralisação italiana tem pelo menos um aspecto peculiar: a Itália é o único país da Europa em que o movimento grevista é vigiado por uma comissão independente, sediada em Roma. Ela é encarregada de garantir a prestação de serviços públicos indispensáveis durante a greve.