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‘História sem fim’ vira ópera

av10 de abril de 2004

Após o sucesso nas telas na década de 80, a obra infanto-juvenil de Michael Ende ganha versão para ópera, com música do bem-sucedido compositor Siegfried Matthus, que está completando 70 anos.

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Cenários fantásticos para a montagem de Siegfried MatthusFoto: AP

Siegfried Matthus é um dos poucos compositores do Leste alemão que alcançaram renome internacional, mesmo sob o regime comunista da República Democrática Alemã (RDA). Talvez por isso, ele resistiu tão bem ao fim de uma política cultural totalmente ditada pelo Estado.

Nesta terça-feira (13) ele completa 70 anos de idade. Até agora, o fundador da Kammeroper e do Festival de Verão do Castelo Rheinberg, em Brandemburgo, compôs mais de 600 obras, de fanfarras, canções, música para radioteatro e filme, a grandes peças sinfônicas e óperas. Matthus conta entre os compositores contemporâneos mais prolíficos e freqüentemente executados.

Na qualidade de um dos principais discípulos de Hans Eisler (1898-1962), ele pertence a uma geração nutrida com a música de Igor Stravinsky e Paul Dessau. "Meu maior desejo é encontrar formulações compreensíveis, dentro da linguagem musical de hoje", define Matthus. O artista nascido em 1934, em Mallenuppen, na Prússia Oriental, permaneceu sempre fiel à natureza "de quem costumo copiar, ao compor".

A nova ópera

Oper Die unendliche Geschichte von Michael Ende wird in Weimar uraufgeführt
Matthias Koch interpreta BlubbFoto: AP

Para suas criações operísticas, Matthus costuma recorrer a fontes literárias, por falta de libretistas, como faz questão de justificar. Este é o caso de A história sem fim, com estréia mundial neste sábado (10), no Deutsches National Theater, de Weimar. Aqui, a base é o romance infanto-juvenil homônimo, lançado por Michael Ende em 1979, e levado às telas por Wolfgang Petersen, cinco anos mais tarde.

Ao adquirir os direitos do livro para o teatro musical, o compositor seguiu o conselho do maestro Kurt Masur. O então titular da Orquestra da Gewandhaus de Leipzig é um admirador da música de Matthus, a qual faz questão de executar em seus concertos internacionais, lado a lado com as de Ludwig van Beethoven e Johannes Brahms.

Apesar de seu êxito, Siegfried Matthus atribui a pouca freqüência com que são executadas as óperas contemporâneas aos direitos autorais exageradamente caros. "Por isso, muitos diretores recorrem a óperas antigas, e, com montagens modernas, destroem a ligação entre o libreto e a partitura – ao invés de se voltarem para temas atuais", pondera o compositor.

Dos oito aos oitenta

A história sem fim

(Die unendliche Geschichte), que por sua vez completa 25 anos de existência, narra a saga do menino Bastian. Alvo das zombarias de seus colegas de classe, ele se refugia num antiquário, onde encontra um livro misterioso, que lhe abre as portas do reino Phantásien. Este se encontra em perigo: a delicada imperatriz Menina tem uma doença incurável, e as nuvens do Nada ameaçam engolir o país.

Sua única esperança é o jovem Atreju, que tem como missão encontrar um ser humano. Quanto mais Bastian lê e se enreda nas peripécias mirabolantes do herói, mais aumenta seu desejo de salvar Phantásien.

Die unendliche Geschichte wird im Deutschen Nationaltheater in Weimar am 10. April aufgeführt
Laser no cenário de 'A história sem fim'Foto: AP

O romance tem fascinado crianças e adultos, podendo tanto ser lido como uma emocionante série de aventuras, quanto como um mergulho nas camadas mais profundas do inconsciente, povoadas com dragões, tartarugas gigantes, princesas sem nome, heróis e outros arquétipos. Assim Michael Ende explica sua criação:

"A região mágica do imaginário é justamente Phantásien, à qual devemos viajar vez por outra, para lá nos tornarmos videntes. Aí podemos retornar à realidade exterior, com nova consciência, para transformar esta realidade, ou ao menos vê-la e vivenciá-la de forma diferente."

No teatro nacional de Weimar, A história sem fim tem direção de cena de Michael Schulz e regência de Jac van Steen. A adaptação da história é de Anton Perrey. Entre as atrações extra-musicais, está o emprego de raios laser na iluminação. O grupo Jenoptik fornece a tecnologia.