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Hollande vai a Moscou intermediar por cessar-fogo na Ucrânia

6 de dezembro de 2014

Em curta visita à capital russa, presidente francês reforça pedido por trégua no leste ucraniano. Hollande é primeiro líder europeu a ir à Rússia após anexação da Península da Crimeia.

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Moskau Hollande bei Putin 06.12.2014
Presidentes da França, François Hollande, e da Rússia, Vladimir Putin, durante encontro em MoscouFoto: picture-alliance/Alexey Druzhinyn/Ria Novosti

Após encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou neste sábado (06/12), o presidente francês, François Hollande, afirmou que um cessar-fogo no leste da Ucrânia pode ser anunciado nos próximos dias. Putin também confirmou as expectativas de um acordo duradouro na região, onde uma trégua anunciada há três meses vem sendo continuamente desrespeitada.

O francês é o primeiro líder europeu a se encontrar com Putin em Moscou desde que a Rússia anexou a Península da Crimeia, em março, a seu território. A visita surpresa aconteceu em uma breve parada de Hollande na capital russa durante uma viagem de volta do Cazaquistão à França, e sinalizou o aumento da preocupação dos países ocidentais com o conflito envolvendo tropas de Kiev e separatistas pró-russos no leste ucraniano.

A visita também aumenta a pressão sobre o Kremlin, a fim de que atue de maneira a reduzir a tensão na região. O Ocidente acusa Moscou de enviar tropas e armas aos rebeldes ucranianos, o que é negado pelo governo russo.

Hollande pediu a todas as partes que desta vez respeitem o acordo de cessar-fogo e afirmou que espera frear uma nova divisão leste-oeste no continente europeu, como nos tempos da Guerra Fria. "Há horas em que devemos aproveitar as oportunidades, e esta é uma delas. Precisamos buscar soluções juntos. Precisamos evitar que outros muros nos separem", afirmou o presidente no Aeroporto de Moscou Vnukovo, logo após conversa com Putin.

Ao sair do encontro, o presidente russo declarou à imprensa que há "problemas difíceis" a ser enfrentados, mas garantiu que a visita de Hollande "sem sombra de dúvidas contribui para a solução de muitas questões". Ele pediu ainda o fim do bloqueio de Kiev à região de Donbas, sob controle dos separatistas.

Em uma rara admissão de que os rebeldes também têm responsabilidade na fragilidade do cessar-fogo, Putin disse que "ambos os lados, tanto as lideranças em Kiev quanto em Donetsk e Lugansk, não estão respeitando tudo".

Entrega de navios

O presidente russo disse ainda que aguarda a entrega de pelo menos um dos dois navios porta-helicópteros Mistral encomendados junto à França antes da anexação da Crimeia ou o dinheiro de volta. No mês passado, Hollande confirmou a suspensão da entrega por "tempo indeterminado". Aliados ocidentais fazem pressão sobre Paris para que o Kremlin não receba os navios de alta tecnologia até que os conflitos no leste ucraniano estejam resolvidos.

Apesar de afirmar que o contrato de 1,2 bilhão de euros não foi tema da conversa sobre a crise na Ucrânia, Putin disse a jornalistas no fim do encontro esperar que o negócio seja cumprido em breve. O primeiro navio deveria ter sido entregue no mês passado. Caso o contrato seja quebrado, os russos podem requerer na Justiça um ressarcimento bilionário.

Dia sem armas

Em Kiev, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, anunciou que todas as partes concordaram com um encontro na próxima terça-feira (09/12) em Belarus para tentar implementar as etapas estabelecidas no acordo de 5 de setembro e tentar reavivar a trégua. A data coincide com o chamado "Dia do Silêncio", no qual os dois lados comprometeram-se a suspender os ataques.

Segundo Poroshenko, a intenção é estipular um calendário para tomada de medidas, a fim de que os 12 pontos do plano de paz inicial sejam implementados. Os embates entre rebeldes e militares ucranianos iniciados em abril já mataram 4,3 mil pessoas no leste da Ucrânia.

"Nos 30 dias subsequentes (ao dia do silêncio), os lados deverão retirar armas pesadas da área de desmilitarização estabelecida pelo Protocolo de Minsk", disse Poroshenko.