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Hora de expressar desejos

mb / lk18 de novembro de 2002

Não porque o Natal está à vista, e sim porque está sendo esperada para a manhã de terça-feira (19/11) a maior chuva de meteoros de todo um século.

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Chuva de Leonidas a 17 de novembro de 1998Foto: Wally Pocholka

Quem tem muitos desejos para realizar, vai precisar levantar cedo, nesta terça-feira (19): entre as quatro e as seis da manhã, deverão brilhar nos céus da Europa Central até 6 mil meteoros por hora. Assim como no Brasil, na Alemanha acredita-se que se deve manifestar firmemente um desejo, ao ver uma estrela cadente e ele se realizará.

O rastro brilhante que se vê no céu é causado por partículas de poeira e rochas minúsculas, que se aproximam da Terra a uma velocidade de 70 quilômetros por segundo e entram em incandescência quando penetram na atmosfera terrestre. Uma freqüência tão espetacular como a desta terça-feira só é esperada pelos astrofísicos novamente para o ano 2099. Pena que as previsões dos meteorologistas sejam de céu encoberto para boa parte da Alemanha na hora agá.

Poeira no espaço

Pelo sistema solar, transitam verdadeiras nuvens compostas de partículas de poeira. Suas órbitas em redor do sol são elípticas, não coincidem, portanto, com as dos planetas. As chuvas de estrela ocorrem justamente quando a Terra cruza com uma dessas nuvens. É o que vai ocorrer agora, quando nosso planeta atravessará duas nuvens de poeira e de partículas de rochas. Ambas têm proporções consideradas minúsculas para o espaço sideral: cerca de 10 mil quilômetros de largura por apenas 5 mil quilômetros de comprimento. O encontro com a primeira nuvem se dará entre as quatro e as cinco da manhã (horário da Europa Central); com a segunda, em torno das onze horas.

Um cometa que se desfaz

Atravessar as duas nuvens não representa perigo nenhum para nosso planeta, pois as partículas, relativamente pequenas, incandescem totalmente quando entram na atmosfera terrestre. Mais perigoso, pelo menos na teoria, é o causador das pequenas Leonidas, o cometa Tempel-Tuttle. Em sua órbita transversal à dos planetas do sistema solar, ele se aproxima do sol de 33 em 33 anos. Chega tão próximo dele, que acaba evaporando parcialmente e perdendo parte de seus componentes. São eles que continuam navegando pelo espaço em forma de nuvens de poeira e fragmentos de rochas.

Essas nuvens que o Temple-Tuttle vai deixando pelo espaço são chamadas de Leonidas porque, para o observador na superfície terrestre, dão a impressão de se soltar da constelação de Leão. Como suas próprias forças naturais são mínimas, suas rotas no sistema solar modificam-se constantemente. Pois por tudo por onde elas vão passando surte um efeito sobre elas.É o que acontece com a Terra, que acaba "engolindo" essas nuvens em sua atmosfera.

Visita do século 18

"Faz só uns dois anos que nós conseguimos calcular com exatidão quando vai ocorrer um encontro com as Leonidas. Em compensação, já conseguimos quase determinar o minuto exato em que isso vai acontecer", esclarece o Dr. Ulrich Bastian, do Centro de Cálculos Astronômicos de Heidelberg, à DW-WORLD. Prognósticos feitos em 1999 ainda deram quase todos errados. Na busca de seus erros, os cientistas acabaram entendendo como funcionam as Leonidas. "Nós vamos cruzar nesta terça-feira as nuvens que o Tempel-Tuttel perdeu em 1767 e 1866", afirma Bastian.

Nesse tempo todo, elas já diminuíram bastante de tamanho. "Em 1833, deve ter sido uma loucura! Naquele ano, a Terra cruzou com a nuvem de 1767, que ainda estava bem fresquinha", completa o cientista, como se pudesse imaginar o espetáculo de então. Nós nos contentaríamos com a chuva de estrelas que o ano 2002 tem para nos oferecer. Mesmo porque um espetáculo semelhante não acontecerá mais enquanto estivermos vivos. Não fossem as previsões de céu encoberto para a manhã desta terça-feira...