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HSBC confirma conta secreta do presidente-executivo na Suíça

23 de fevereiro de 2015

Stuart Gulliver recebeu milhões de dólares em prêmios e bônus em conta registrada no nome de uma empresa do Panamá. Banco anuncia queda de 15% no lucro em 2014.

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Foto: AFP/Getty Images/M. Clarke

O banco HSBC, envolvido num escândalo de evasão fiscal na Suíça, reconheceu nesta segunda-feira (23/02) que o seu presidente-executivo, Stuart Gulliver, manteve uma conta bancária no país, registrada em nome de uma empresa panamenha.

"O senhor Stuart Gulliver é titular de uma conta na Suíça", admitiu o banco em comunicado, um dia após o jornal britânico The Guardian ter noticiado que o chefe do HSBC manteve milhões de dólares numa conta secreta. De acordo com o jornal, a conta de Gulliver contabilizava 7,6 milhões de dólares em 2007.

Gulliver era, assim, ele próprio cliente da subsidiária de Genebra que está no centro de um escândalo de evasão fiscal, sendo acusada de ter ajudado clientes a sonegar impostos.

Ainda segundo a declaração do HSBC, o presidente-executivo da instituição bancária "abriu a conta em 1998, quando vivia e trabalhava em Hong Kong, para depositar os pagamentos de prêmios e bônus", acrescentando que a conta estava em nome de uma empresa do Panamá "por motivos de confidencialidade".

"Os impostos relativos aos pagamentos de bônus foram todos pagos em Hong Kong. O senhor Gulliver declarou ainda, voluntariamente, a sua conta na Suíça às autoridades fiscais do Reino Unido durante vários anos", afirmou o HSBC.

Gulliver trocou Hong Kong pelo Reino Unido em 2003. Segundo o The Guardian, uma segunda conta foi fechada antes de 2007.

"Pago impostos britânicos sobre o total dos meus rendimentos (...) e creio que a minha capacidade [para dirigir o grupo] não foi afetada", afirmou Gulliver, durante a apresentação dos resultados anuais do grupo bancário, também nesta segunda-feira.

Queda nos lucros e retirada de publicidade

Em 2014, os lucros do banco caíram 15%, para 13,7 bilhões de dólares. No ano anterior, o banco havia faturado 18,7 bilhões de dólares. Além disso, os custos de operação aumentaram em 6,1%, para 37,9 bilhões de dólares.

Gulliver também admitiu que o HSBC retirou publicidade de veículos de comunicação que faziam uma "cobertura hostil" sobre a instituição. Mas o chefe-executivo disse que "isso não tem nada a ver com procurar influenciar a cobertura editorial do que quer que seja".

"Nós recorremos à publicidade para vender mais produtos bancários. E não faz qualquer sentido colocá-la ao lado de uma cobertura jornalística hostil", declarou. "Se [os leitores] lerem nas páginas 4 e 5 que o HSBC é uma má empresa, é pouco provável que, páginas depois, considerarão a hipótese de pedir ao banco um empréstimo para comprar uma casa", argumentou.

Na sequência do Swissleaks, um editor do jornal britânico Daily Telegraph se demitiu, acusando o veículo conservador de ter censurado informações sobre o HSBC para manter os contratos publicitários do importante anunciante. O Daily Telegraph negou a acusação.

Na última semana, o HSBC teve sua imagem associada a um escândalo de evasão fiscal. A investigação, realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e batizada de Swissleaks, revela documentos fornecidos por um ex-funcionário do HSBC em Genebra ao governo francês em 2007.

Mais de 45 veículos de comunicação internacionais, incluindo os britânicos BBC e The Guardian e o alemão Süddeutsche Zeitung, analisaram os dados de contas secretas (ou numeradas) de 106 mil clientes de mais de 200 países entre 1988 e 2007. O banco teria ajudado traficantes de drogas, negociantes de armas e celebridades a sonegar impostos. O valor depositado chega a 180 bilhões de dólares.

PV/lusa/afp/dpa/rtr