1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Karim Aïnouz: Impeachment é manobra de grupos conservadores

Carlos Albuquerque31 de março de 2016

Processo contra a presidente Dilma Rousseff faz parte de "estratégia de setor conservador que vem fazendo campanha por não admitir ter perdido o segundo turno", afirma o cineasta em entrevista à DW Brasil.

https://p.dw.com/p/1INY6
Foto: Getty Images/C. Bilan

O cineasta Karim Aïnouz afirmou, em entrevista à DW Brasil, que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é uma manobra e faz parte de uma estratégia de "um setor conservador da sociedade brasileira" que "não admite ter perdido o segundo turno das últimas eleições presidenciais".

Aïnouz também disse ver misoginia nas manifestações contra a presidente. "Isso é uma coisa misógina, covarde, além de ser uma situação absurda de se ter uma presidente julgada por pessoas criminosas", declarou.

Aïnouz é radicado em Berlim e diretor de vários filmes, entre eles Madame Satã e Praia do futuro.

Uma manifestação em apoio a Dilma está marcada para esta quinta-feira (31/03) em Berlim. A data faz alusão ao golpe militar de 1964, que começou neste mesmo dia.

DW Brasil: O que significa para você este 31 de março de 2016?

Karim Aïnouz: Para mim, este dia significa o futuro, significa sonhar o contrário daquilo que aconteceu em 1964. Se eu tivesse acordado há 52 anos, eu me encontraria numa situação absurda, mas hoje não. Temos que ter muito cuidado para que esse sonho não se transforme num pesadelo.

Você diz que vê o processo de impeachment como uma tentativa de interromper o processo democrático brasileiro.

Não o impeachment em si, que é um instrumento da democracia, mas este processo de impeachment em particular está sendo usado para que um grupo, que só tem a esconder, possa ascender ao poder e reaparelhar o país para os seus interesses próprios, uma manobra para que esse grupo não seja julgado pelos crimes que cometeu e volte ao poder.

Este impeachment está sendo usado como uma manobra, já que não existem provas contra Dilma. Não se trata de julgar o governo Dilma. Trata-se de garantir a democracia. Para que Dilma Rousseff não seja mais um presidente a não terminar o mandato no Brasil. Golpe nunca mais!

Como você explica o apoio a essa tentativa de impeachment?

Porque eu acho que esta é uma estratégia claríssima de um setor conservador da sociedade brasileira que vem fazendo campanha por não admitir ter perdido o segundo turno das últimas eleições presidenciais.

Você disse em declaração de vídeo que se Dilma fosse um homem, isso não estaria acontecendo.

Jamais, isso é uma coisa misógina, covarde, além de ser uma situação absurda de se ter uma presidente julgada por pessoas criminosas. É uma situação absurda, criminosa e covarde.

Que iniciativas intelectuais brasileiros estão planejando no exterior?

Para evitar uma situação absurda, para evitar termos uma presidente eleita sendo julgada por uma quadrilha de bandidos, para evitar um julgamento contra uma personagem errada, que é inocente, estamos mobilizando pessoas que possam ter um impacto na opinião pública, tentando fazer, apesar de longe, que o Brasil saiba que o mundo está atento – como prova este ato hoje (31/03) em Berlim.