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Imprensa alemã atribui penta brasileiro a Kahn e Ronaldo

Goleiro bateu roupa e atacante abriu placar. Com o 2 a 0, Brasil sagrou-se pentacampeão mundial de futebol. Apesar da derrota e da falha de Kahn, cronistas alemães só vêem motivos para orgulhar-se da seleção vice-campeã.

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O capitão Cafu ergue a taça do pentacampeonato em YokohamaFoto: AP

"Erro de Kahn e gols de Ronaldo: Alemanha perde oportunidade do quarto título" – A manchete do boletim da agência alemã de notícias DPA resume a opinião da imprensa esportiva do país tetravice-campeão. Em sua resenha sobre a final da Copa do Mundo, em Yokohama (Japão), neste domingo, os correspondentes Klaus Bergmann e Jens Mende da DPA enfatizaram o infeliz destino do jogador alemão mais elogiado do mundial:

"Logo um erro do goleiro Oliver Kahn, que até então parecia imbatível, e dois gols de Ronaldo puseram por terra o sonho do tetracampeonato da Seleção Alemã. O capitão alemão possibilitou Ronaldo abrir o placar, ao involuntariamente repassar para o atacante um chute de Rivaldo."

A maior parte da imprensa alemã pegou leve e evitou crucificar o melhor goleiro do mundial por seu erro. Entretanto, em sua resenha do jogo na internet, a revista Kicker não perdoou o arqueiro: "Kahn deixou a bola espirrar para indignação dos torcedores alemães".

Alemanha dominou partida, mas não decidiu

Os cronistas esportivos são unânimes, porém, nos elogios ao desempenho da equipe nacional na decisão do mundial "Cabeça erguida, Oliver Kahn. Cabeça erguida, Alemanha. A tropa de Rudi (Völler, o treinador) fez uma exibição de primeira e conseguiu jogar de igual para igual com os brasileiros a maior parte do tempo", consola a versão online do jornal Bild, o de maior circulação do país. "O time de Völler participou da decisão claramente de forma mais ativa, como expressam os 56% de posse de bola", observou a agência esportiva alemã SID.

Já a Kicker avaliou assim o jogo: "Especialmente na defesa, os tetracampeões não se mostravam firmes no início. Mas também a retaguarda alemã mostrava pontos fracos. (...) No geral, porém, o time alemão parecia ter deixado de lado o respeito pelo adversário. Para muitos surpreendentemente, a equipe de Rudi Völler foi a mais ativa e ágil, procurando aproveitar, com jogadas rápidas pelas laterais, as fraquezas da zaga brasileira."

Enquanto isso, segundo a DPA, "os sul-americanos não faziam muito, mas o que mostravam no ataque, tinha pé e cabeça". Nos últimos 15 minutos do primeiro tempo, o Brasil inverteu o domínio do jogo e criou várias oportunidades de gol. Na etapa complementar, os alemães voltaram mais perigosos até que Kahn, aos 22 minutos, deu rebote num chute de Rivaldo. Ronaldo não recusou o presente do goleiro alemão e fez 1 a 0. Doze minutos depois, Kleberson cruzou, Rivaldo deixou-a passar com uma finta e Ronaldo agradeceu batendo rasteiro para definir o marcador.

A melhor atuação dos alemães na Copa

"Mesmo após o 2 a 0, nossa Seleção não se entregou. Teve até chance de diminuir. Lutou até o apito final. Pena, rapazes, vocês foram grandiosos! Vocês são vice-campeões dignos!", comenta o sensacionalista Bild, que, na tentativa de reconfortar seus leitores e os jogadores, estampou como manchete de sua homepage: "Não se pode ganhar sempre."

Já os correspondentes Jürgen Zelustek e Thomas Niklaus, da SID, consideraram que "os protegidos do técnico Rudi Völler saíram-se muito bem contra os favoritos magos da bola do Pão de Açúcar, mas desperdiçaram seguidamente suas oportunidades".

"A Alemanha apresentou, por bom tempo, sua melhor atuação no torneio, mas um erro capital de Kahn deu aos brasileiros a vantagem decisiva ", concluiu a Kicker, cuja resenha vem sob o título "O Fenômeno leva Brasil ao título". A manchete do site da revista Der Spiegel segue na mesma linha ao avaliar a atuação alemã: "Logo Oliver Kahn estragou o happy end". Abaixo, lê-se: "Eles jogaram bem e lutaram, mas também tinham um infeliz goleiro do seu lado."

Façanha quase digna de registro no Guiness

A agência DPA informa que, neste domingo, Ronaldo igualou-se a Pelé com 12 gols em copas do mundo. A SID destaca que o treinador alemão foi um dos primeiros a, logo após o apito final, parabenizar Ronaldo com algumas palavras em italiano. Segundo a agência de notícias esportivas, o corte de cabelo em formato triangular do atacante brasileiro "tem agora tudo para se tornar cult em sua pátria". Os correspondentes Zelustek e Niklaus ressaltaram ainda que Ronaldo "quitou a dívida de 1998, quando o Brasil perdeu na final por 3 a 0 para França".

E, claro, a síndrome de eterno vice dos jogadores do Bayer Leverkusen não poderia passar desapercebida. Os jornalistas da SID lembraram que, se Lúcio conseguiu romper a maldição, seus colegas de clube (Ballack, Schneider, Neuville, Ramelow e Butt) "foram vice pela quarta vez nesta temporada", um fato "quase digno de ser incluído no Livro Guiness dos Recordes".