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Imprensa européia comenta eleição alemã

(sm)23 de setembro de 2002

A reduzida maioria do governo no parlamento, o crescente prestígio dos Verdes e as relações com Washington são alguns temas da recepção da vitória eleitoral dos social-democratas e verdes alemães na imprensa européia.

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Eleição alemã como manchete dos principais jornais italisnosFoto: AP

"Os eleitores alemães brecaram, por um triz, a tendência de centro-direita na Europa. Nos últimos anos, os governos de centro-esquerda foram sendo deslocados pouco a pouco para a oposição, seja na Itália, França, Holanda, ou na Áustria, Dinamarca e Portugal." – diagnostica o jornal romano La Repubblica. O diário francês Liberation, por sua vez, remete a vitória da esquerda alemã à capacidade dos social-democratas e verdes de compreender as necessidades da população, sem cair em resignação.

Mesmo com o crescimento da bancada conservadora no parlamento, a votação dos pequenos partidos extremistas manteve-se baixa, um sinal de que o eleitorado alemão apóia em massa os partidos que contribuíram para a integração da Alemanha pós-nazista na comunidade internacional – fato ressaltado sobretudo pela imprensa holandesa.

Uma Alemanha imobilizada?

Parte da imprensa européia destacou que a reduzida maioria governamental no parlamento possa paralisar o governo em reformas fundamentais. O Financial Times teme que o resultado equilibrado das eleições seja interpretado como uma rejeição a mudanças radicais.

O jornal econômico francês La Tribune considera a distribuição das cadeiras no parlamento alemão como um mau sinal para a Europa, pois poderia dificultar importantes decisões européias, como a expansão da UE para o Leste Europeu ou a reforma de suas instituições.

"A Alemanha precisa de um governo forte, para introduzir reformas, flexibilizar o mercado de trabalho, sem reduzir o bem-estar social, e não de uma maioria mínima no parlamento. Do ponto de vista político, também é de se esperar que a Alemanha perca sua posição de liderança na Europa."

A salvação verde

"Parece que o surpreendente sucesso eleitoral dos verdes acabou salvando o chanceler federal Gerhard Schröder. A defesa do Estado Social e da proteção ambiental conseguiu se afirmar, mesmo por pouco, em detrimento da política de redução de impostos dos democrata-cristãos." – comenta o jornal espanhol El Pais, ressaltando a contribuição da política verde.

Grande parte da imprensa internacional destacou a popularidade e o prestígio internacional do político verde Joschka Fischer, ministro das Relações Exteriores. Fischer, qualificado pelo El Pais como "uma das personalidades mais interessantes da política alemã e européia", aparece em diversos editorais da imprensa européia como o motor da coalizão de governo em Berlim.

O "preferido de Saddam Hussein"

O diário moscovita Kommersant interpretou a eleição parlamentar alemã como um plebiscito contra a política norte-americana. "A única potência mundial deveria estar interessada na derrota dos social-democratas, após eles questionarem a pertinência dos planos militares de George W. Bush contra o Iraque. O mau exemplo da Alemanha poderá contagiar outros aliados dos EUA", interpreta o jornal russo, acrescentando que o resultado da eleição deve ter sido "altamente desagradável para Washington".

Para o conservador britânico Times, a maior prioridade do governo reeleito deveria ser reparar suas relações com os Estados Unidos. "Schröder não deveria se sentir à vontade no papel do europeu preferido de Saddam Hussein. A mistura de isolamento na política externa e nervosismo na política interna pode ter consequências alarmantes."