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Incentivar zonas rurais para combater a pobreza

(us/rw)17 de maio de 2005

Balanço parcial em Berlim das metas da ONU para o milênio. Alemanha promete 0,33% do PIB para desenvolvimento. Peritos exigem mais apoio às áreas rurais. UE quer financiar combate à fome com taxas sobre passagens aéreas.

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Desenvolver a agricultura é um passo na luta contra fomeFoto: AP

A dez anos de expirar o prazo para as chamadas metas do milênio impostas pelas Nações Unidas (ONU), os peritos que participaram de um congresso em Berlim advertiram que, para reduzir à metade a pobreza no mundo, são necessárias mudanças na política agrícola e maiores incentivos às regiões rurais. O congresso, que avaliou o encaminhamento dos objetivos da ONU, foi organizado pela Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ). As Nações Unidas querem que até 2015 os países industrializados destinem 0,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB) à ajuda ao desenvolvimento, com o que se pretende reduzir à metade a pobreza no mundo e em dois terços a mortalidade infantil. Só para o programa de vacinação de bebês, um elemento importante neste programa, são necessários quatro bilhões de euros, segundo dados da União Européia.

Distribuição desproporcional

Biologische Landwirtschaft in Uganda
Agricultura biológica em UgandaFoto: DW/Dirk Bathe

Para a vice-ministra alemã de Cooperação Econômica, Uschi Eid, é preciso incentivar a pesquisa agrícola e o desenvolvimento das regiões rurais. Cerca de 1,2 bilhão de pessoas no planeta dispõem de menos de um dólar por dia para sobreviver. Destas, mais de 60% concentram-se em áreas rurais, normalmente em pequenas propriedades familiares. No Brasil, por exemplo, 56% das áreas férteis pertencem a 3,5% da população, enquanto 40% dos mais pobres detêm apenas 1% das terras produtivas.

Os participantes do congresso em Berlim salientaram que o desenvolvimento das áreas rurais só pode ser atingido num patamar mais amplo, que inclua os aspectos comerciais, econômicos, agrícolas e também a assistência à saúde. A garantia de alimentos, o incentivo à agricultura e o desenvolvimento rural são a base do crescimento dos países em desenvolvimento, salientaram os peritos.

Para isso, são fundamentais mudanças no comércio mundial, disse Uschi Eid. Ao mesmo tempo em que criticou os subsídios das nações ricas à agricultura, a alemã reivindicou mudanças radicais nas próximas negociações da Organização Mundial do Comércio. "É preciso acabar com as distorções de preços e de condições nos mercados internacionais de produtos e de serviços e, por outro lado, os países ricos devem se abrir à oferta dos pobres. Por seu lado, as nações em desenvolvimento precisam participar de forma mais ativa destas negociações".

Menos fome com passagem mais cara

Caio K. Koch-Weser
Caio Koch-Weser, vice-ministro alemão das FinançasFoto: AP

Quanto às metas da ONU, o vice-ministro alemão das Finanças, Caio-Koch Weser, advertiu que "é preciso ser ambicioso, mas também realista". A meta de Berlim em 2005 é investir 0,33% do PIB em apoio ao desenvolvimento, adiantou. Já a União Européia estipulou 0,39% como objetivo até 2006, mas muitos de seus membros têm dificuldades em cumpri-lo.

Reunidos em Luxemburgo nesta terça-feira (17/05), os ministros das Finanças do bloco europeu decidiram-se por uma ação conjunta: arrecadar fundos para a ajuda ao desenvolvimento através de uma taxa sobre passagens aéreas. Uma sugestão concreta deste plano será apresentada em Bruxelas no começo de junho.

"Há dois anos, ainda estava muito cético em relação às metas do milênio. Hoje, estou otimista", admite Pedro Sanchez, da Universidade nova-iorquina de Columbia, e que assessora as Nações Unidas no programa de combate à fome. Segundo ele, houve grandes mudanças na África, onde muitos países que antes investiam entre 1 e 3% de seu orçamento na agricultura, agora investem até 15%.

"Fui encorajado pelas responsabilidades assumidas pela Alemanha e pelos esforços empreendidos pela União Européia. Gostaria de poder dizer o mesmo do meu país, os Estados Unidos", lamentou. "Combatemos os perigos do terrorismo e da imigração indesejada com muros e ações militares. Mas o que deveria ser combatido são as causas reais, que são miséria, fome e doenças", salientou Sanchez.