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Sucessão no BCE

11 de fevereiro de 2011

Notícias de que Axel Weber poderá sair da presidência do Bundesbank geram especulações sobre sucessão de Jean Claude Trichet no Banco Central Europeu. Analistas acham improvável que um alemão venha a ocupar o cargo.

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Axel Weber, presidente do BundesbankFoto: AP

Até esta semana, o presidente do Bundesbank era um dos favoritos para assumir a presidência do BCE, sucedendo Jean-Claude Trichet, que deve deixar o posto ainda este ano. Mas essa possibilidade veio por água abaixo na quinta-feira (10/02), após fontes do banco central alemão terem revelado que Axel Weber "não necessariamente" estará disponível para cumprir um segundo mandato.

Ao se afastar do Bundesbak, Weber estaria se afastando também da chance de concorrer à presidência do BCE. Este detalhe levou a acaloradas especulações sobre seus possíveis motivos, entre eles se ele planejaria migrar para a iniciativa privado e assumir a chefia do Deutsche Bank. Além disso, isso deixa em aberto a pergunta a respeito do mais provável sucessor de Trichet, quando seu mandato terminar, no final de outubro.

Escondendo o j ogo

Enquanto isso, o homem que está no centro das atenções insiste em esconder o jogo. Weber afirmou que não está disposto a discutir o futuro de sua carreira antes de conversar com a chanceler federal Angela Merkel.

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Merkel favorecia Weber para assumir chefia do BCEFoto: AP

"Prometi à ela que só faria comentários após encontrá-la e chegar a uma decisão conjunta", disse Weber, sem dar qualquer indicação de quando isso seria, mas, ao mesmo tempo, deixando margens a novas especulações.

Sobre o motivo de Weber ter optado por se afastar do Bundesbank, deixando um dos postos mais influentes nas finanças internacionais, as duas palavras que estão sendo citadas com maior vigor pelos analistas são “Deutsche Bank”.

Weber é cotado para chefia do Deutsche Bank

O atual diretor executivo do Deutsche Bank, Josef Ackermann, deve deixar seu cargo em 2013, e confirmou recentemente que o banco já está à procura de seu sucessor. Já existem alguns candidatos na lista. No entanto, Ansgar Belke, professor de Macroeconomia da Universidade de Duisburg, disse à Deutsche Welle que Weber seria um acréscimo plausível à esta relação de nomes.

"Todos os candidatos têm algumas desvantagens, o que conta pontos para Weber", analisou Belke. "Mas como ele não pode ter certeza de que vai se tornar o sucessor de Ackermann, estou surpreso de vê-lo desistir de sua posição no Bundesbank e da oportunidade de dirigir o Banco Central Europeu", observou.

Embora Belke saliente que tudo o que pode fazer é especular, o economista acha que a decisão de Weber pode ter sido influenciada pela falta de apoio de Merkel, que testemunhou em silêncio quando ele foi, no ano passado, alvo de duras críticas, principalmente do presidente francês Nicolas Sarkozy, ao ter se mostrado contrário à decisão do BCE de comprar títulos da Grécia e de outros países endividados para estabilizar a zona euro.

Declarações puseram aptidão em dúvida

Suas declarações na época lançaram vários pontos de interrogação sobre sua aptidão para conduzir o órgão que é o guardião principal do euro, em particular num momento em que a Europa ainda está tentando neutralizar a crise.

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Jean Claude Trichet deixa o cargo em outubroFoto: dapd

"Talvez ele tenha ficado descontente por não receber apoio suficiente", sugeriu Belke. "Mas pelo que tenho visto no passado, ele nunca ocupou cargos para uma década. E sempre passou de um para outro, mesmo quando atuava na área acadêmica. Então, talvez ele só tenha uma inclinação a ser flexível", comentou o analista.

Seja qual for o motivo de Weber, ele não vai mudar o fato de que o BCE está agora procurando candidatos para ocupar o posto mais cobiçado da instituição.

Entre os nomes já mencionados estão Nout Wellink, presidente do Banco Central Holandês; o luxemburguês Yves Mersch, que foi indicado pelo ex-premiê alemão Gerhard Schröder, não sendo, portanto, passível de receber as mesmas honras de Merkel; Erkki Liikanen, da Finlândia, e o presidente do Banco Central italiano, Mario Draghi.

Destes, muitos analistas consideram Draghi o mais qualificado. Mas Marco Valli, economista-chefe da zona do euro, afirma que seu principal problema é sua nacionalidade. "Com a crise ainda longe de ser resolvida, não é fácil ver o BCE tender tão claramente em direção à periferia", disse.

Lista de candidatos ainda tem dois alemães

Os dois nomes alemães na lista são o diretor da Estabilidade Europeia de Estabilidade Financeira, Klaus Regling, que já indicou que não quer mudar de emprego, e atual membro do conselho executivo do BCE, Jürgen Stark.

Ao comentar a iminente partida de Trichet do BCE, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, disse que Berlim deseja um "candidato forte" para substituí-lo, e que essa pessoa poderia ser um alemão.

Mas Michael Schröder, do Center for European Economic Research, em Mannheim, acha difícil que Berlim apresente outro candidato nesta altura. "Acho improvável. O candidato teria de ser alguém que tenha tido um papel importante em um banco central e que essa pessoa era Weber", disse.

O economista Ansgar Belke, entretanto, acredita que ainda há uma fresta de esperança no nublado céu berlinense, independentemente de o escolhido ser o finlandês, o holandês ou o luxemburguês, já que defendem posturas parecidas à de Axel Weber.


"Eles todos dão preferência à política da estabilidade de preços”, observou. "Todo mundo diz que o apoio à posição alemã está diminuindo, então temos que lutar por um compromisso. E um compromisso não é uma derrota."

Autora: Tamsin Walker (md)

Revisão: Soraia Vilela