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Golf

Emma Wynne (vn)6 de junho de 2007

Fábricas em diversos continentes e veículos adaptados às exigências dos consumidores de cada país são fundamentais para o sucesso na fabricação de carros, diz o especialista Ferdinand Dudenhöffer.

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O Golf, da Volkswagen, é o carro alemão mais vendido no mundoFoto: AP

O Volkswagen Golf é o mais bem-sucedido carro alemão de todos os tempos: mais de duas mil unidades são fabricadas todos os dias em quatro continentes. Elas são vendidas em mais de 150 países.

Para analisar esse crescente processo de globalização da indústria automobilística, a DW-WORLD conversou com Ferdinand Dudenhöffer, especialista na área e professor da Universidade de Ciências Aplicadas de Gelsenkirchen.

DWWORLD: O Golf é fabricado em quatro continentes e vendido em seis. Isso é normal para a indústria globalizada de carros?

Ferdinand Dudenhöffer: Sim. O que vemos é que cada um dos grandes fabricantes de carros tem uma unidade de produção nos diferentes mercados. Isso significa estar hoje na Europa Ocidental e nos Estados Unidos e amanhã cada vez mais na China e no Leste Europeu. E o que nós temos é que, para cada plataforma, um carro diferente é produzido em diferentes países. Não há uma montadora na qual exista apenas uma grande fábrica que exporta seus produtos para todos os países. Além disso, os produtos não são idênticos em cada mercado. Eles podem ter a mesma plataforma técnica, mas o design, as opções e as características diferem entre os países.

Por que isso?

Porque as demandas dos consumidores diferem de país a país. Por exemplo, na América do Sul, as remunerações são mais baixas que no Europa Ocidental e os consumidores precisam de carros mais acessíveis financeiramente. Nos Estados Unidos, os clientes querem mais espaço, esse é um fator importante para um carro ser bem-sucedido lá. Não é possível estar presente num mercado de grande escala e oferecer os mesmos carros para todos os mercados do mundo.

Ferdinand Dudenhöffer
Ferdinand Dudenhöffer explica as características da fabricação globalizada de carrosFoto: DW

Então os fabricantes de carros estão pesquisando o que seus consumidores querem e adaptando o carro para cada mercado?

Sim, eles têm que fazer pesquisa de mercado e descobrir as preferências dos consumidores, ou eles sairão perdendo para seus competidores.

Mesmo com a montagem dos carros sendo feita em quatro continentes, as peças vêm de todos os pontos do mundo para essas fábricas?

Estamos cada vez mais vendo que os carros CKD (Completely Knocked Down – veículos desmontados para exportação) estão sendo produzidos para alguns países e em quantidades pequenas. Esse é freqüentemente o caso quando há barreiras para a exportação de carros para determinados países, ou as vendas são reduzidas. Para mercados grandes, nos quais as vendas de um modelo chegam a 50 mil unidades ou mais, são realmente necessárias plantas próprias, que possuam seus próprios fornecedores de peças.

O que é CKD?

Completely Knocked Down. Isso significa que todas as partes do carro são colocadas numa caixa de transporte e enviadas para um país, onde é realizada o que se chama de montagem CKD. Isso significa que eles abrem a caixa e montam o carro no país de destino.

Produktion von VW Golf in Wolfsburg
Cerca de 2 mil Golfs são fabricados por dia no mundoFoto: AP

Por que você acha que o VW Golf é tão bem-sucedido no mercado mundial?

O mais importante mercado para o Golf é a Europa Ocidental e nesse mercado o motorista de Golf está espalhado por diferentes perfis de consumidores e grupos sociais. Esportistas e executivos-chefes bem-sucedidos, assim como estudantes, podem dirigir um Golf, e cada um desses grupos vê o Golf de uma forma positiva. Se um estudante dirige um Porsche ou uma Mercedes, todo mundo pensa "esse carro é grande demais para ele". Se um diretor-chefe ou uma estrela de cinema dirige um pequeno Fiat, todo mundo diria "o que está acontecendo?". O Golf não tem classe social, ele não é voltado para um grupo específico de consumidores e também não exclui ninguém.

Existe uma tendência de crescimento da produção globalizada na indústria automotiva?

Há uma grande tendência de crescimento. Se formos olhar para as companhias mais bem-sucedidas em produção globalizada, então temos que olhar não apenas para a Volkswagen, mas também para a Toyota. A Toyota tem carros, como o Auris (que é o sucessor do Corolla), que são distribuídos e fabricados na América do Norte, na Europa Ocidental, no Japão e na Ásia. Eles pegam a estrutura básica de um carro e sobre ela produzem um veículo que difere um pouco de um mercado para o outro para melhor alcançar as preferências dos clientes. Essa estratégia, ir para países diferentes com uma linha de produção apoiada na estrutura básica, mas com designs diferenciados, é um dos mais importantes fatores de sucesso na indústria de carros.

Considerando que o Golf é produzido no mundo inteiro, deveríamos chamá-lo de um carro alemão ou de um carro global?

No futuro não veremos os carros como alemães, franceses, italianos ou o que quer que seja. A marca é o que interessa. O Golf é um Volkswagen, e isso é mais importante que dizer que ele é um carro alemão. As empresas estão presentes no mundo inteiro e elas representam a marca, não um país específico.

Ferdinand Dudenhöffer é o diretor do Centro de Pesquisa Automotiva da Universidade de Ciências Aplicadas de Gelsenkirchen.