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Indecisos superam intenções de voto para Chirac e Jospin

Estelina Farias20 de abril de 2002

Na última sexta-feira, a dois dias da eleição para presidente da França, o número de eleitores indecisos (41%) ainda era maior do que a soma das preferências de voto dos dois concorrentes mais fortes.

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Jacques Chirac no último dia da campanhaFoto: AP

O presidente gaulista Jacques Chirac conta com 20% das intenções de voto e o primeiro-ministro socialista, Lionel Jospin, com 18%, segundo uma pesquisa publicada pelo jornal Le Figaro. Com isso, é certo que nenhum dos dois será eleito no primeiro turno deste domingo (21) e vão se enfrentar no segundo turno, em 5 de maio. O direitista Jean Marie Le Pen, da Frente Nacional, é o terceiro na corrida para o Palácio Eliseu, com 14% das intenções de voto.

Desde a introdução da eleição direta para presidente na França, em 1962, nenhum candidato foi eleito no primeiro turno. Desta vez não será diferente, pois as pesquisas mostram que os candidatos dos partidos menores nunca tomaram tantos votos dos grandes quanto tiraram desta vez do Partido Socialista e da União pela República (RPR). Pela primeira na França, será eleito um presidente para um mandato de cinco em vez de sete anos.

Der französische Premierminister Lionel Jospin
Lionel JospinFoto: AP

No segundo turno, em duas semanas, deverá se repetir o duelo Chirac-Jospin. Os dois já se enfrentaram na eleição presidencial de 1995, quando o gaulista foi eleito. Jospin é chefe de governo há cinco anos, com uma coalizão de esquerda formada depois das eleições parlamentares antecipadas convocadas pelo presidente Chirac. Desde então os dois formam a cúpula da França na chamada cohabitação, em que o chefe de Estado e o de governo são de partidos adversários.

Os candidatos representam todo o espectro político da França, que vai do carteiro trotskista Olivier Besancenot, de 27 anos, ao radical de direita Le Pen. Um dos motivos é o sistema político na França. Para serem levados a sério como corrente política, os partidos menores têm de apresentar candidatos e estes apostam numa chance para se posicionarem nas eleições parlamentares.

Além da abundância de candidatos, evidencia-se mais um recorde na eleição de domingo: a abstenção deverá ser baixa como nunca. Cerca de 30% dos eleitores não tencionam comparecer às urnas. Nem o suspeito de corrupção Chirac nem o monótono misto de político e burocrata Jospin entusiasmam o eleitorado.

Os dois candidatos são raposas velhas na política. Chirac se tornou primeiro-ministro pela primeira vez em 1974 e em 1981 disputou a Presidência. Jospin faz parte da cúpula socialista há 20 anos. E, paradoxalmente, ambos fizeram campanha com o tema modernização do Estado, segurança e atratividade da economia francesa. Mas eles dão a impressão de tudo que não é moderno e representam o passado.

Além do mais, as plataformas eleitorais dos dois favoritos pouco se diferenciam. A semelhança é evidente também no tema número da campanha eleitoral: a segurança interna. Daí a acusação de outro candidato a presidente - o ex-socialista e ex-ministro do Interior, Jean-Pierre Chevènement - de que Jospin e Chirac "são parecidos como dois ovos".