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Inundações na campanha eleitoral: sim ou não

27 de agosto de 2002

Não há dúvida: em quatro semanas, a enchente do século ajudará a decidir um bom número de votos. Porém, tanto Schröder como Stoiber já compreenderam: não convém exagerar no uso desse aditivo na campanha eleitoral.

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Stoiber (esq.) e Schröder: trabalhando duro até a eleição em 22 de setembroFoto: AP

Em entrevista à TV Phoenix, nesta terça-feira (27), o líder da bancada do Partido Social Democrático (SPD) no Parlamento federal (Bundestag), Ludwig Stiegler, disse considerar "cínico e despropositado" olhar as enchentes na Alemanha sob a ótica da campanha eleitoral. O Estado apenas reagiu de forma apropriada à súbita tragédia, o governo e todos os ministérios uniram esforços, colaborando "de forma exemplar". "Façam o favor, isso não tem nada a ver com campanha eleitoral", sublinhou Stiegler.

Ainda assim, o dilúvio do século foi um dos principais temas de controvérsia, no primeiro duelo televisivo na Alemanha, no domingo, entre o chanceler federal, Gerhard Schröder, e o seu concorrente, Edmund Stoibler, na disputa pela chefia do governo. O premiê rejeitou a sugestão de seu adversário de empregar os lucros do Bundesbank na reparação dos danos: segundo ele, isto seria "continuar a marcha em direção a um Estado endividado". Schröder renega radicalmente a idéia de contrair novas dívidas por causa das inundações: "A atual geração é forte o suficiente, não devemos sobrecarregar os filhos e netos".

Do ponto de vista do candidato da União Democrata-Cristã e União Social-Cristã (CDU/CSU), financiar os danos adiando a próxima etapa da reforma tributária e o aumento dos impostos de renda das empresas significaria estrangular a conjuntura. Segundo ele, este seria "um erro grave", possível fonte de mais desemprego, "e o chanceler tem a tendência de aumentar imediatamente os impostos, em momentos de crise".

Schröder contra-argumentou que a arrecadação com o adiamento da reforma, de quase dez bilhões de euros, fluiria inteiramente para investimentos, podendo até estimular a economia. Stoiber assegurou que sua coligação não pretende bloquear agora os planos do governo na câmara alta do Legislativo (Bundesrat), porém pretende mudá-los tão logo seja possível, se conseguir arrebatar, nas urnas, o poder das mãos de Schröder. "Quem prefere um outro caminho, deve eleger a União", acentuou.

Respondendo à acusação direta de estar utilizando a catástrofe nacional para fins eleitoreiros, o premiê alemão lembrou: "se não tivéssemos ido até as regiões afetadas, um ou outro haveria dito: a inundação não lhe interessa?" Além disso, a visita às áreas atingidas pelas cheias foi importante na tomada de decisões políticas. A resposta de Stoiber foi: "Esta é a maior catástrofe que a Alemanha enfrenta, desde a Segunda Guerra Mundial. As pessoas não devem ter a impressão de que os grandes partidos se entregam aqui a uma briguinha."

Apesar de tudo, o político de centro-direita louvou a ação da coalizão social-democrata/verde durante a enchente. E tanto Schröder como Stoiber acentuaram a importância de manterem-se unidos na luta para combater as conseqüências da catástrofe natural.