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Investimento verde

(sv)10 de outubro de 2002

Fundos de investimento cujas estratégias respeitam critérios sociais e ecológicos podem se tornar a luz no fim do túnel do mercado financeiro.

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A vitória de verdes e social-democratas nas últimas eleições alemãs consolidou o mercado de ações de empresas que produzem segundo critérios de respeito ao meio ambiente. O fato de o Partido Verde continuar no poder no país, tendo inclusive crescido nas urnas, dá sinais de que as empresas envolvidas em projetos ligados ao desenvolvimento sustentável têm, pelo menos, a segurança de planejamento para os próximos quatro anos na Alemanha.

Pequeno porte –

A logo prazo, o setor parece ser um dos poucos que apontam para uma luz no fim do túnel em tempos de vacas magras. Várias empresas, no entanto, são ainda muito pequenas para ter alguma chance na bolsa de valores. "O crescimento está aí, o modelo empresarial também, mas muitas destas empresas são simplesmente muito pequenas. No setor de energia eólica, o fabricante Plambeck aparece solitário como uma estrela no céu", aponta Stefan Gäde, analista do Landesbank de Hamburgo ao diário Financial Times Deutschland.

Opinião pública –

Através de uma sensibilização cada vez maior da opinião pública para temas relacionados ao meio ambiente, cresce o número de investidores que observam o "balanço ecológico" de seus fundos de investimento. Grandes empresas, que até hoje não demonstravam interesse pela proteção ambiental, parecem começar a tirar proveito da situação.

Ter o nome atrelado à ecologia, além do reconhecimento popular, serve como uma boa estratégia de marketing, podendo trazer às empresas lucros consideráveis. Assim, surgem no mercado os chamados "líderes sustentáveis": multinacionais que, dentro de suas áreas de atuação, conseguem obter as melhores performances sociais e de proteção ao meio ambiente. Com esse tipo de comportamento, grandes como por exemplo IBM, Henkel ou Novartis zelam por um patamar de estabilidade em tempos de turbulência na bolsa, conseguindo fazer com que suas cotações oscilem menos.

Tabus –

Para os fundos de investimento ecológicos, ações de empresas ligadas à indústria armamentista e à energia atômica são um tabu. Além disso, os "fundos verdes" rejeitam ações de empresas acusadas de explorar o trabalho infantil e dão um categórico "não" à indústria tabagista e do álcool.

A divisão entre bonzinhos e malvados na ciranda financeira não é, no entanto, tarefa das mais fáceis. "Algumas empresas mantêm atividades tanto em projetos que respeitam o meio ambiente, quanto em outros nocivos a ele. Um bom exemplo é a alemã RWE , que mantém o maior parque de energia solar da Europa e engaja-se, ao mesmo tempo, no setor de energia atômica", observa o gerenciador financeiro Stefan Müller.

Rating verde –

Hoje existem firmas especializadas em gerenciar fundos de investimento calcados no respeito ao meio ambiente. Uma delas, a suíça SAM (Susteinable Asset Management), avalia empresas através de critérios sociais, ecológicos e obviamente, econômicos, que são classificadas em um índice de desenvolvimento sustentável. Como a SAM tem por objetivo incentivar, em primeira linha, princípios econômicos sustentáveis, ela não se atém a empresas estritamente voltadas a princípios ecológicos, tendo em seu índice grandes como Intel ou Nokia.

Outras, como a agência de rating Oekom Research AG, procuram avaliar empresas única e exclusivamente pela performance de respeito ao meio ambiente, tendo hoje cerca de 700 empresas de mais de 25 setores e países em seu índice. Ao contrário da SAM, a Oekom não leva em conta critérios econômicos para a avaliação.

A Alemanha, apesar de ainda estar dando os primeiros passos, é uma das pioneiras no setor de "fundos de investimento verdes", principalmente se comparada à França e ao Reino Unido. "Nesses países, são esperadas taxas de crescimento que aqui já foram alcançadas", observa Matthias Bussemer, gerenciador financeiro do Deka-Bank.