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Iranianos 'alemães' rejeitam possível investida militar em seu país

Loay Mudhoon (mr)9 de maio de 2006

A questão nuclear entre o Ocidente e o Irã é acompanhada de perto pelos 100 mil iranianos que vivem na Alemanha. As opiniões sobre uma solução para o problema são muito diversas.

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A usina iraniana em IsfahanFoto: picture-alliance/dpa

As posições dos imigrantes iranianos que vivem na Alemanha em relação à questão nuclear e à ameaça de guerra contra seu país são tão surpreendentes quanto diferenciadas. No entanto, as vozes formam coro para rejeitar a idéia de que seja declarada guerra ao Irã caso o país se recuse a negociar as condições de desenvolvimento da tecnologia nuclear.

Monopólio ocidental

O docente de estudos orientais da Universidade de Colônia Shams Anwari-Alhosseyni assinala o "direito natural do Irã de desenvolver tecnologia atômica, assim como qualquer outra nação".

Iran Atomstreit Symbolbild Kapsel mit radioaktivem Material
Oficial iraniano segura uma cápsula de material radioativoFoto: AP

Segundo ele, o país localizado no Golfo é possuidor de uma alta cultura e não pode, de forma alguma, ser comparado com a Líbia, por exemplo. E apesar de se declarar contra a tecnologia nuclear, por não considerá-la conforme com os parâmetros dos novos tempos, o professor rejeita a pretensão de monopólio por parte do Ocidente no que se refere ao domínio da tecnologia.

Mas Anwari-Alhosseyni lembra que o regime mulá é imprevisível. "Por isso é necessário ter compreensão com a preocupação da opinião pública mundial com a possibilidade do regime dispor de bombas atômicas."

Ele considera equivocado o modo como os ocidentais estão procurando uma solução diplomática. "Os ocidentais não têm se esforçado para encontrar uma solução diplomática satisfatória. Os Estados Unidos precisam negociar diretamente com o Irã e oferecer garantias de segurança e auxílio para a modernização do país. Somente ameaças não ajudam muito."

Medo versus orgulho nacional

À pergunta sobre se os iranianos na Alemanha compreendem o receio do mundo quanto a um Irã armado, a estudante da Universidade de Colônia Parisa Najafi responde claramente: "Obviamente que a agitação e o medo da opinião pública mundial em relação aos objetivos do regime mulá são legítimos, uma vez que o regime sempre desrespeitou as regras da Agência Internacional de Energia Atômica. Mesmo assim, a maioria dos iranianos não entende por que o Ocidente quer impedi-los arbitrariamente do direito de usar a tecnologia".

A jovem estudante compartilha a opinião de que, em vez de ameaçar, os Estados Unidos e a União Européia deveriam tentar uma melhor maneira de lidar e de se fazer entender com o Irã. Por um lado, deveria se reconhecer o direito do país de fazer uso da tecnologia atômica, por outro, o regime iraniano deveria aceitar o controle rigoroso para prevenir a construção de armas atômicas. "O regime religioso tornou o conflito atômico uma questão de orgulho nacional e conseguiu influenciar as massas iranianas a se solidarizar com a causa do país", diz Najafi.

Jouma Bouresh, motorista de táxi em Colônia, diz que os iranianos na Alemanha geralmente não simpatizam com o regime mulá. Mesmo assim, ele considera a inquietação mundial com o programa atômico iraniano uma "tempestade em copo d'água". Bouresh opina ainda que os Estados Unidos não têm capacidade de investir militarmente contra o Irã, que não é comparável ao Iraque sob o governo de Saddam Hussein.

"Melhor esperar 50 anos na Alemanha"

Para Bouresh, engenheiro que vive há 25 anos na Alemanha, o conflito atômico não é uma questão de ameaça à segurança internacional nem de instauração de uma democracia no Irã. A disputa, segundo ele, se dá em virtude dos "interesses estratégicos dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, no contexto de uma política de dominação mundial".

Os iranianos que vivem na Alemanha são unânimes quanto à necessidade de evitar a escalada do conflito. E todos rejeitam a opção militar, porque um ataque ao Irã só iria fortalecer ainda mais o regime. Jouma Bouresh preferiria passar 50 anos no exílio na Alemanha a apoiar uma guerra contra sua pátria.