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Isa Genzken

Sabine Oelze (sv)9 de junho de 2007

A artista alemã Isa Genzken, responsável pelo pavilhão alemão na 52ª Bienal de Veneza, faz uso do kitsch para refletir sobre o espaço urbano e estruturas de poder.

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Pavilhão alemão da Bienal de Veneza: 'esculturas de astronauta'Foto: Jan Bitter

Dois tênis estragados e pichados, colados a cinzeiros. Entre os cadarços, há bonequinhos de uniforme. Ao fundo, uma folha espelhada, pichada de vermelho. Empire Vampire, o nome desta escultura de Isa Genzken, faz parte de uma série de obras criada pela artista alemã após o 11 de setembro de 2001. Genzken estava em Nova York no dia dos atentados terroristas, o que acabou provocando mudanças substanciais em sua obra.

Kitsch

Biennale Venedig 2007, Deutscher Pavillon, Isa Genzken
Isa GenzkenFoto: Wolfgang Tillmans, 2007

Desde então, a artista passou a trabalhar com materiais baratos. Suas obras se tornaram estridentes, coloridas e, acima de tudo, apocalípticas. A mudança foi tamanha, que conhecedores de sua trajetória, como o historiador da arte Michael Krajewski, levaram um tempo para se acostumar.

"Bonecas Barbie, materiais brilhantes e kitsch. Ela ajuntou tudo isso e pintou usando muita cor. Só fui me acostumando aos poucos, mas, então, comecei a reconhecer a qualidade de seus novos trabalhos", diz o especialista.

Gerhard Richter

No cenário das artes plásticas, Isa Genzken é há muito conhecida. Natural de Bad Oldesloe, nos arredores de Hamburgo, estudou nos anos 1970 na Academia de Artes de Düsseldorf com o pintor Gerhard Richter, com quem se casou em 1982 e de quem se separou 14 anos mais tarde.

Suas primeiras aparições públicas aconteceram durante a lendária exposição von hier aus (a partir daqui), em 1984. Na época, a artista passou uma semana e meia acampada na porta da casa do curador Kasper König, que, finalmente, a convidou a participar da exposição. Em 1992 e 2002, Genzken teve obras incluídas na documenta de Kassel.

Seu nome, porém, permaneceu por muito tempo à sombra de outros artistas, tornando-se conhecido do grande público somente a partir de sua participação individual na Bienal de Veneza. "Isso tem certamente a ver com o fato de que, até o fim da década de 80, acontecia um boom da pintura, enquanto formas de expressão como a escultura acabavam esquecidas", explica Krajewski.

Esculturas

A marca dos primeiros trabalhos de Isa Genzken, datados de 1980 até 2000, foi o confronto com a arquitetura e as utopias da era moderna. Fuck the Bauhaus. New Buildings for New York (Foda-se a Bauhaus. Novos edifícios para Nova York) foi o nome escolhido pela artista, por exemplo, para uma série de maquetes feitas com conchas, brinquedos, madeira, plástico e transparências.

Da documenta 11, há cinco anos atrás, a artista participou com esculturas intituladas Neue Gebäude für Berlin (Novos edifícios para Berlim). Colunas esguias de vidro simbolizavam abstratamente os arranha-céus da cidade.

Para sua série Jeder Mensch braucht mindestens ein Fenster (Toda pessoa precisa de pelo menos uma janela), Genzken criou janelas de resina. "São janelas enormes, como as que se pode ver hoje, talvez, nos palácios venezianos. Elas iam do chão até o teto, sem utilizar qualquer partícula de vidro. Eram duas folhas de janela ligadas por dobradiças, que, apesar da aparência de janelas, eram muito esculturais e existiam como uma obra de arte", lembra Krajewski.

Petróleo

Biennale Venedig 2007, Deutscher Pavillon, Isa Genzken
Veneza 2007: prédio envolto por telaFoto: Jan Bitter

Para a exposição no pavilhão alemão da 52ª Bienal de Veneza, Isa Genzken criou um cenário surreal: de fora, uma tela usada em construções envolve o prédio datado do período fascista. Dentro, há bonecas que se assemelham a astronautas, dependuradas a partir do teto.

No chão, esculturas sobre as quais estão figuras e brinquedos em cores estridentes. O título da obra? Oil. O petróleo, matéria-prima geradora de conflitos, crises, guerras e catástrofes climáticas. Isa Genzken traz um pouco de realidade à paisagem absorta dos Giardini da Bienal de Veneza.