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Isolar Arafat e destruir governo palestino não beneficiam Israel

mw30 de março de 2002

Países europeus advertem Israel e exigem cumprimento da resolução da ONU. Embaixador israelense culpa EUA e Europa pela crise e diz que seu país está fazendo o que Arafat não fez para combater o terrorismo.

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Em Berlim, palestinos mostram fotos de Arafat durante protesto em frente à igreja GedächtniskircheFoto: AP

Vários governos europeus advertiram Israel, neste sábado, das conseqüências da destruição do governo palestino e do isolamento de seu líder, Yasser Arafat. O presidente palestino está sitiado na sede de seu governo, parcialmente destruída, em Ramallah, sem luz e água, cortadas pelo Exército israelense.

Na quinta-feira, Ariel Sharon, primeiro-ministro de Israel, declarara Arafat inimigo de seu país e prometera isolá-lo do mundo, em represália à serie de atentados terroristas a estabelecimentos civis.

Presidente em exercício da União Européia, o primeiro-ministro espanhol, Jose Maria Aznar, disse que o cerco do Exército israelense à sede palestina em Ramallah só piora a situação. A destruição dos órgãos palestinos não trará lucros para Israel, acrescentou Aznar. O espanhol ressaltou que somente será possível se chegar a um cessar-fogo através de negociações com a Autoridade Palestina, representante legítima do povo palestino.

O presidente francês, Jacques Chirac, fez coro com Aznar. Para ele, é grave erro acreditar que o isolamento de Arafat poderá ter qualquer efeito positivo à situação no Oriente Médio.

Ofensiva virou guerra

– Assim como o chefe de Estado da França, o ministro do Exterior da Rússia, Igor Ivanov, conclamou Israel a acatar imediatamente a resolução deste sábado do Conselho de Segurança da ONU e retirar suas tropas de Ramallah. Ivanov mandou um enviado à região em crise, que deverá reunir-se com Sharon e tentará encontrar-se também com Arafat, apesar de seu isolamento.

O governo da Turquia declarou estar preocupada com a ampliação do conflito. A ofensiva militar já se transformou em guerra, na opinião do primeiro-ministro Bülent Ecevit. Ele saudou a decisão da ONU, mas não acredita em sua eficácia caso os EUA não "advirtam seriamente o chefe de governo israelense".

Na Alemanha

– Em Berlim, o embaixador de Israel, Shimon Stein, acusou os Estados Unidos e a Europa de co-responsáveis pela ofensiva militar contra os palestinos. Segundo o jornal Tagespiegel, Israel optou pela missão militar para poder diretamente destruir o terrorismo, confiscar armas e prender criminosos. "Tínhamos a esperança de que os EUA e a Europa exigiriam isto de Arafat. Agora temos nós mesmos de o fazer", disse o diplomata.

Assim como na sexta-feira, a capital alemã foi palco neste sábado de manifestação de solidariedade com o povo palestino. Cerca de mil pessoas, conforme cálculo da polícia, e duas mil, segundo os organizadores, participaram de um ato público junto às ruínas da igreja Gedächtniskirche, no centro de Berlim ocidental. Os manifestantes carregavam bandeiras palestinas, faixas contra a ocupação israelense e fotos do presidente Yasser Arafat.