1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

"Júlio César falou que pegaria três", diz Thiago Silva

Philip Verminnen28 de junho de 2014

Criticado após 2010, goleiro sai herói do Mineirão, chora em entrevista e é louvado pelo capitão: "Só ele merecia esse momento". Para o treinador do Chile, "não existem vitórias morais, mas país deve estar orgulhoso".

https://p.dw.com/p/1CS7U
WM 2014 Achtelfinale Brasilien Chile
Foto: Reuters

Foi no sufoco, mas a seleção brasileira conseguiu a classificação para as quartas de final da Copa neste sábado (28/06). No último minuto da prorrogação foi a trave que salvou a pele do time de Felipão, e na disputa por pênaltis, Júlio César se tornou o herói no Mineirão. O goleiro, que já havia feito uma grande defesa no segundo tempo, segurou duas penalidades e é o principal responsável pela vitória.

"Cobrem com confiança, que o Júlio me falou que hoje ele pega três", revelou o capitão Thiago Silva após a classificação garantida. Com essas palavras ele motivou os colegas antes das cobranças. O goleiro não cumpriu a "promessa", mas as suas duas defesas foram suficientes para ser eleito o melhor em campo no Mineirão. "Ele teve uma saída radical na última Copa. Só ele merecia esse momento", concluiu o zagueiro brasileiro.

Desde a eliminação para a Holanda na Copa do Mundo de 2010, a carreia de Júlio César foi ladeira abaixo. Ele saiu da Inter de Milão e foi para o futebol inglês, onde amargou o banco de reservas no Queens Park Ranges, na época na segunda divisão inglesa. Hoje ele atua na liga dos Estados Unidos, pelo Toronto FC, e sofreu duras críticas antes do Mundial. Mas Luiz Felipe Scolari bancou sua convocação.

"Quatro anos atrás, dei uma entrevista muito triste, chateado, emocionado. E hoje estou repetindo, com felicidade. Só Deus e minha família sabem o que eu passei e passo até hoje, mas sei que minha história na Seleção não acabou. Meus companheiros estão me dando muita força para chegar dentro de campo e dar o meu melhor. É complicado psicologicamente e emocionalmente representar o nosso país jogando em casa. É uma pressão muito forte", disse Júlio César, muito emocionado, mal conseguindo pronunciar as palavras, ainda no gramado.

Enquanto a sensação do lado brasileiro é de alívio, do lado chileno é de orgulho e decepção. "Acredito que teríamos merecido sair vencedores. Fizemos uma boa partida e tivemos uma ótima chance no último minuto [chute no travessão de Mauricio Pinilla no segundo tempo da prorrogação]", declarou o volante chileno Arturo Vidal.

"O Chile pode ficar orgulhoso de sua equipe, mas nós esperávamos mais. Eu tive alguns problemas [físicos] nas últimas semanas, e por isso estou muito feliz por ter participado desta Copa", concluiu o volante da Juventus.

O treinador da seleção chilena adotou o mesmo tom após a eliminação: "O povo chileno tem que estar agradecido aos jogadores, que representaram muito bem a sua bandeira hoje. Mas vitórias morais não existem", definiu o técnico argentino.

Esta foi a quarta disputa por pênaltis da Seleção na história das Copas. Em 1986, perdeu para a França; em 1994 foi campeão contra a Itália na primeira final decidida desta maneira; e, em 1998, eliminou a Holanda. Até então apenas o goleiro Taffarel havia saído vencedor de uma disputa por pênaltis em Mundiais, já que ele era o goleiro em 1994 e 1998.

Agora foi a vez de Júlio César se consagrar, para alegria do povo brasileiro e da presidente Dilma Rousseff: "Foi difícil. Foi com raça, garra, lágrimas e defesas de Júlio César. Vencemos! Foi uma vitória com a garra e a torcida do povo brasileiro. Obrigada, jogadores. O Brasil acredita em vocês", publicou a presidente em seu Twitter oficial.