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Jeb Bush faz giro pela Europa sob sombra do irmão e do pai

Michael Knigge (ca)9 de junho de 2015

Na Alemanha, principal pré-candidato republicano deverá evitar mencionar o irmão George W., que nunca foi muito bem visto pelos alemães. Mas Jeb tem um trunfo: o pai, que teve papel decisivo na Reunificação.

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Foto: B. Pugliano/Getty Images

Jeb Bush deverá vir bem preparado para a visita à Europa que ele inicia nesta terça-feira (09/06). Depois de tropeçar na pergunta que lhe foi feita várias vezes nos últimos dias nos EUA, se ele teria invadido o Iraque como fez seu irmão mais velho, acredita-se que o ex-governador da Flórida tenha sido bem instruído por seus assessores sobre o que esperar na Europa, de forma a evitar semelhante desastre de relações públicas.

Provavelmente os seus auxiliares lhe disseram que a Guerra do Iraque sempre teve muito menos popularidade na Europa do que nos Estados Unidos e que, para manter uma conversa civilizada, é melhor não evocar o nome George W. Bush na presença dos europeus.

Isso se aplica em especial à primeira estação no giro de Jeb Bush, a Alemanha. Em 2008, último ano do mandato de George W. Bush, somente 14% dos alemães declaravam confiar no então presidente. Os demais 85% tinham pouca ou nenhuma confiança no irmão mais velho de Jeb.

Pai é trunfo

No entanto Jeb Bush, que deve anunciar oficialmente sua candidatura em 15 de junho, em Miami, tem em mãos um trunfo que para banir a eventual sombra do irmão possa sobre sua temporada na Alemanha: o nome do pai, George Bush.

"A Alemanha tem um significado especial para Jeb Bush, dado que seu pai foi decisivo na Unificação Alemã", em particular devido ao ceticismo inicial dos outros aliados ocidentais, Reino Unido e França, diante do projeto, afirmou à DW James Davis, diretor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Sankt Gallen, na Suíça.

George H.W. Bush, George W. Bush und Jeb Bush
George Bush, com George W. e Jeb: dois ex-presidentes e um quase candidatoFoto: picture-alliance/dpa/M. Cavanaugh

O papel histórico de Bush Sênior foi destacado mais uma vez, recentemente, nas comemorações do 25° aniversário da queda do Muro de Berlim. Desde essa época, "a Alemanha tem um vínculo positivo com seu pai, que era presidente à época da queda do Muro", explicou Mark Hallerberg, docente na Escola de Governança Hertie, em Berlim.

Potência alemã

Mas Jeb Bush não decidiu visitar Berlim por nostalgia familiar. "A Alemanha é importante por ser o melhor símbolo de um êxito da política externa americana e por ser a potência política e econômica da Europa", ressaltou Davis.

Durante sua estada em Berlim, Bush discursa e responde perguntas numa conferência econômica de alto nível organizada pela União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal Angela Merkel. Ela e o presidente da Google, Eric Schmidt, participam do encontro.

Uma das metas de Bush é defender a melhoria das relações transatlânticas, que têm sofrido desde as revelações do whistleblower Edward Snowden, dois anos atrás. Ele também se encontra com o ministros alemães das Finanças, Wolfgang Schäuble, e do Exterior, Frank-Walter Steinmeier – um indicativo da importância da visita de Bush a Berlim.

Obama Rede Siegessäule Berlin Archiv 2008
Discurso de Obama ao pé da Coluna da Vitória em Berlim, 2008Foto: picture-alliance/dpa

Nas conversas com Jeb Bush, Merkel deve preservar sua postura de não ingerência em campanhas eleitorais estrangeiras. Em 2008, ela recebeu o então candidato Barack Obama na Chancelaria Federal em Berlim, mas barrou a estratégia, de caráter eleitoral, de um discurso do democrata diante do icônico Portão de Brandemburgo.

Mensagem linha-dura

Em comparação com a Alemanha, os dois outros destinos europeus de Jeb Bush devem se revelar terreno mais fácil. Primeiramente, porque a Polônia e a Estônia, parte do que o ex-chefe do Pentágono Donald Rumsfeld chamava de "nova Europa", nunca mostraram oposição tão renhida à Guerra do Iraque e a George W. Bush como os países da chamada "velha Europa".

Em segundo lugar, o recente comportamento agressivo dos russos concentra a atenção dos países em estreita proximidade geográfica com Moscou. Portanto, seria muito apreciado – se não esperado – Bush transmitir em Varsóvia e Tallinn uma mensagem forte de apoio.

"Provavelmente Bush vai defender mais agressivamente um compromisso mais robusto com a defesa dos nossos aliados no Leste Europeu e talvez o estacionamento de tropas americanas nos países de linha de frente – algo a que tanto Obama como Merkel não têm se mostrado dispostos", prevê Davis.

Evitar gafes

Em termos de viagens europeias bem-sucedidas de presidenciáveis americanos, o modelo para Jeb Bush deverá ser mesmo Obama, e não seu correligionário Mitt Romney. Embora Bush seguramente não vá provocar uma "Obamania", como a que tomou conta da Europa em 2008, ele pode tentar conseguir algumas manchetes e fotos positivas para consumo doméstico nos EUA.

Porém, o que ele realmente deve evitar é uma série de gafes como as cometidas por Romney três anos atrás, em Londres. Consta que as observações do republicano culminaram em comentários do primeiro-ministro, David Cameron, de que "o Reino está unido contra Mitt Romney".