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Jogador de futebol cria polêmica ao boicotar partida em Israel

9 de outubro de 2007

As tensões no Oriente Médio parecem ter influenciado a polêmica decisão do iraniano Ashkan Dejagah de não querer viajar com a seleção alemã sub-21 para a partida que será disputada contra Israel.

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Decisão de Ashkan Dejagah foi criticada por muitos alemãesFoto: AP

Dejagah pediu ao técnico da seleção para ser dispensado da partida contra Israel nas eliminatórias da Euro 2009 Sub-21. Segundo o jornal alemão Bild, o jogador alegou que seu motivo era cultural. "Tenho mais sangue iraniano do que alemão em minhas veias," disse Dejagah na reportagem. "Minha decisão deveria ser respeitada, e além de tudo, eu estou fazendo isto por respeito. Meus pais são iranianos."

O jogador nasceu em Teerã, mas possui passaporte alemão, pois mudou-se com seus pais para a Alemanha. Mesmo assim, ele ainda tem muitos parentes no Irã. E a recusa para viajar a Israel poderia responder ao temor de represálias diretas ou indiretas.

Boicote contra os judeus?

O governo de Mahmud Ahmadinejad proíbe que esportistas iranianos participem de competições contra atletas israelenses. O Irã não reconhece o Estado de Israel desde a Revolução Islâmica, em 1979, quando os cidadãos iranianos foram proibidos de viajar ao país.

Há quem veja sinais anti-semitas na declaração do jogador. Entre eles está o Conselho Central de Judeus na Alemanha: "É impensável e impossível que um jogador nacional comece um boicote contra judeus. Será um escândalo se a Federação Alemã de Futebol (DFB) não entrar em ação", declarou ao jornal Der Spiegel Dieter Graumann, vice-presidente da organização.

Opiniões políticas sobre o caso

A decisão do jogador gerou polêmica no país. E há quem defenda sua exclusão da seleção, idéia apoiada por Friedbert Pflueger, um dos líderes da União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler Angela Merkel.

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Presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, autor da proibiçãoFoto: dpa
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Zwanziger disse que visões políticas não têm lugar no futebolFoto: DW-TV

As reações na DFB foram cautelosas. O presidente da Federação, Theo Zwanziger, afirmou que respeita a decisão do treinador em não levar Dejagah na viagem. Afinal, "ele disse-me que o jogador alegou razões pessoais convincentes. No entanto, nossa posição é clara: não toleramos que um jogador nacional alemão falte a uma partida devido à sua visão política de mundo".

Peter Danckert, presidente da Comissão de Esportes do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), comentou em entrevista à DW-WORLD.DE: "Temos que ter em mente que os jogadores da nossa seleção representam um papel no exterior. O que aconteceu é realmente sério. Eu desejaria que a DFB e seu presidente tivessem seguido à risca a posição da federação, o que impediria alguém como Dejagah a continuar jogando na seleção alemã. Quem pertence a uma seleção de futebol e se nega a jogar com uma justificativa politicamente tão controversa não deveria mais ser escalado."

Polêmico e talentoso

Ashkan Dejagah é um promissor meio-campista do Wolfsburg. De 2000 a 2007, este jovem de 21 anos e 1,81 m de altura jogou para o Hertha de Berlim, onde se destacou com um estilo espetacular e explosivo. Tanto que foi escalado para a seleção Sub-21 alemã.

Sua cotação no mercado futebolístico é média: apenas um milhão e meio de euros. Mas isso não reflete a perspectiva – aparentemente brilhante – do jovem jogador. O próprio Dieter Hoeness, diretor esportivo do Hertha, falou que a carreria do atacante "está apenas começando".

Mas apesar dos momentos de glória, o rapaz tem tido constantes problemas com a Justiça alemã. Um deles resultou em uma multa de 40 mil euros e na apreensão de sua carteira de motorista, por ele ter fugido depois de um acidente e não possuir seguro do carro. O jovem faltou a uma audiência do processo, por isso teve que passar uma noite atrás das grades. (nda / hlm / ak)