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Jornada de 50 horas gera polêmica

(sm)10 de julho de 2004

Sugestão de economistas e empresários em aumentar a jornada de trabalho para 50 horas semanais revolta sindicatos alemães. Metalúrgicos ameaçam greve de protesto.

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Protestos em defesa das 35 horas semanaisFoto: AP

O governo em Berlim, o Partido Social Democrata (SPD) e os sindicatos alemães recusaram o prolongamento da jornada de trabalho para 50 horas semanais, conforme sugeriram economistas e representantes do empresariado esta semana. O ministro da Economia, Wolfgang Clement, não concorda com uma regulamentação genérica. O presidente do sindicato dos metalúrgicos, Jürgen Peters, declarou à imprensa neste sábado (10/07) que "defenderá a jornada de 35 horas de trabalho, custe o que custar".

SPD: "Bobagem"

- O secretário-geral do SPD, Uwe Benneter, declarou que exigências neste sentido seriam uma "bobagem", acrescentando que a jornada de trabalho teria que se adaptar às necessidades específicas das empresas. A Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB) se referiu a uma campanha contra os trabalhadores e a uma tentativa de anular importantes conquistas trabalhistas.

Semana de 50 horas

- O debate foi iniciado pelo presidente do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), Klaus Zimmermann, e pelo economista Ulrich Ramm, do Commerzbank. Ambos sugeriram a introdução da jornada de trabalho de 50 horas semanais "para evitar a transferência de empregos para o exterior". "Em alguns anos, sim, daria para começar a se trabalhar menos de novo", declarou Ramm ao diário Bild. O diretor do Instituto da Economia Alemã (IW), Michal Hüther, exigiu uma maior flexibilidade da jornada de trabalho. Para ele, as empresas deveriam ter a liberdade de deixar seus funcionários trabalhar mais de 40 horas por semana.

Menos férias

- Alegando uma iminente ameaça de deflação e o perigo de a Alemanha perder ainda mais competitividade internacional diante dos altos custos salariais, o empresariado questiona outras regulamentações trabalhistas. Gerhard Handke, da Confederação do Comércio Atacadista e do Comércio Exterior, sugere que as férias anuais - em média, de 29 dias úteis - sejam encurtadas em uma semana. Ele citou o exemplo da Irlanda, onde - com apenas 20 dias de férias - se evidenciaria no momento o maior crescimento econômico.

Siemens pioneira

- A ampliação da jornada de trabalho é algo que já vem acontecendo na Alemanha. A Siemens, por exemplo, em acordo com os representantes trabalhistas, fixou recentemente uma jornada de 40 horas semanais - sem equiparação salarial - para duas de suas unidades no Estado da Renânia do Norte-Vestfália. A decisão, bem recebida entre o empresariado e a oposição democrata-cristã, desencadeou uma ampla polêmica na Alemanha.

Salário "flexível" - Uma outra tendência do empresariado alemão é minimizar as despesas com salários através da introdução da remuneração variável. Para Rolf Miserek, da empresa de consultoria Mercer, "não há o que fazer com os sistemas salariais vigentes". Em declaração ao Financial Times Deutschland, Miserek defendeu um novo sistema, de acordo com o qual cada trabalhador receberia um fixo mensal inferior ao atual, com a possibilidade de receber um bônus, no entanto, apenas se os negócios estiverem indo bem.

13º sob condição

- O vínculo da remuneração ao lucro da empresa já vem acontecendo em parte. A Siemens também abriu outro precedente neste sentido, ao acertar com o conselho de funcionários das unidades de Bocholt e Kamp-Lintfort que os trabalhadores da produção de telefones celulares só receberão o 13º salário se o setor tiver resultados satisfatórios.