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Jovens dominam prêmio de rede social no The Bobs

Carlos Albuquerque7 de maio de 2013

Neste ano, o concurso da Deutsche Welle The Bobs introduziu a categoria Melhor Pessoa a Seguir em 14 idiomas. Na língua portuguesa, vencedores foram um jovem de 17 e uma menina de 13 anos de idade.

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Foto: privat

João Pedro C. Motta, de 17 anos, venceu a categoria Melhor Pessoa a Seguir da língua portuguesa no The Bobs, concurso internacional da Deutsche Welle que destaca o melhor do ativismo online em todo o mundo.

Em entrevista exclusiva à DW Brasil, João Pedro (foto principal do artigo) falou sobre a relação entre a juventude e a mídia social, e também sobre o futuro da internet e de sua geração. Ele crê que no futuro todos estarão online, a não ser que não tenham amigos, parentes, nem clientes. Para João Pedro, "abrir uma conta na rede social foi tão natural quanto andar".

DW Brasil: Com 17 anos de idade, você acabou de vencer um reconhecido concurso internacional. A Isadora Faber, de 13 anos, também esteve bem à frente. Em sua opinião, a mídia social pertence à juventude? Ela entende melhor as redes sociais? Como você explica todo esse sucesso?

João Pedro C. Motta: Bom, eu não acho que a juventude entenda melhor a mídia social, o que eu acho é que faz parte do jovem se comunicar, faz parte do jovem querer conversar com outras pessoas, principalmente com seus amigos. E quando eles viram que existia uma coisa chamada internet e lá tinha sites onde se podia conversar com outras pessoas, então os jovens foram os primeiros a ingressar, até porque passam mais tempo online. Então era algo de se esperar. No meu caso, por exemplo, abrir uma conta na rede social foi tão natural quanto andar.

Blogger João Pedro C. Motta
João Pedro C. Motta diz que internet mudou sua vidaFoto: privat

Há quanto tempo você tem uma conta na rede social?

Faz quatro anos que eu criei o meu Twitter. Isso foi em 2009, e o Facebook, um ano depois, em 2010.

E como está sendo esse desenvolvimento, você começou no Twitter, depois no Facebook e agora tem um novo projeto...

Sim, é uma startup para ouvir música online por streaming.

A maior parte do público é da sua idade ou há pessoas mais velhas?

Por incrível que pareça é bem dividido. Tem muitas pessoas que são da minha idade e se identificam comigo, querem ser como eu sou. Não sei se você sabe, comecei a programar com 11 anos de idade, e por isso fiquei popular. Na época do Orkut, fiz alguns aplicativos e fui ficando popular. E tem esses jovens que pensam: "que legal, eu quero fazer algo também, eu não só quero usar a internet, eu também quero fazer algo útil".

E também há pessoas mais velhas que me veem como uma espécie de inspiração para os jovens, porque eu sou um cara que optou – em vez de ficar saindo, ficar num mundo de balada, talvez álcool, drogas – por conseguir um trabalho e programar o próprio futuro.

E como isso funciona: você ainda está na escola, está trabalhando?

Eu não estou mais na escola, eu já terminei. E agora eu moro em São Paulo. Eu me mudei para São Paulo, inclusive com o dinheiro que consegui na internet. Moro sozinho em São Paulo e hoje presto serviços para várias agências e empresas. Eu poderia dizer que a internet mudou 100% a minha vida.

E como você vê o futuro da internet, porque essa nova geração vai crescer também com a internet. Essas pessoas que usam agora a internet como jovens vão continuar tão assíduas mais tarde?

Eu acho que eu, a Isadora Faber, tais pessoas já nasceram conectados. Eu não entro na internet – eu estou na internet o tempo todo – seja no meu computador, no meu notebook, no meu tablet, no meu celular. A internet já faz parte de mim. Não é como antes que alguém chegava depois da escola ou depois do trabalho, olhava no desktop durante dez minutos, lia as notícias e depois ia embora.

Hoje, as pessoas estão online o tempo todo. Você está no metrô, você está online. Você está na rua, você está online. Você está parado no trânsito, você está online. Acho que cada vez mais, as pessoas em geral vão se tornar assim também. Nós jovens ficamos assim primeiro.

Screenshot Facebook Isadora Faber
"Diário de Classe'", Fan Page de Isadora Faber, tem mais de 600 mil curtidoresFoto: Facebook

Mas acredito que, em cerca de dez anos, todo o mundo vai ser assim. Porque não vai ser mais possível não ser online, porque cada vez mais as coisas são online. Se você é um médico, daqui a um tempo, acredito que para você conseguir exercer sua profissão, você vai ter de estar online, porque vai ter que se conectar, para poder, por exemplo, autenticar uma receita. Se você é um advogado, por que não estar online? Você pode consultar leis, o código de onde você está.

Na minha opinião a internet veio para facilitar e vai se integrar a todas as pessoas, não só aos mais jovens. Isso aconteceu conosco porque, pelo fato de a gente ter mais tempo livre, disponibilidade, conseguimos descobrir isso primeiro.

O que é para o jovem de hoje a televisão, já que, como você falou, todo o mundo está online o tempo todo? Em relação aos meios de comunicação antigos, o que mudou com a internet?

Acho que mudou tudo, porque você descobriu que o poder está na sua mão. Você tem um controle. Não vai ser a Globo, o SBT ou qualquer canal que vai falar o que você vai assistir. Você sabe o que quer assistir, você já conhece do que você gosta. Você já vai direto no que você gosta. Então nisso a internet lhe deu oportunidade de você escolher mais o que você quer.

Eu não ligo a TV hoje e fico esperando passar uma coisa legal. Eu já sei o que vai passar. Se eu quero ver um programa tal, então ligo naquele programa. Notando isso, as TVs estão cada vez popularizando mais os serviços on demand. A Net tem o Now, a Sky tem o dela que você pode comprar na hora, há o Netflix. Acredito que a TV está se tornando cada vez mais online.

Porque não tem como competir. Eu não vou ficar lá esperando a cada cinco minutos uma propaganda. Depois eu vou ter de assistir o Domingão do Faustão, para depois ver o que eu quero. Se eles quiserem a minha audiência, vão ter que se adequar ao que eu procuro, e cada vez mais as pessoas procuram assistir só o que elas querem. Então, tudo isso mudou bastante, mas não acho que a TV vai ficar de fora, eu só acho que o jeito que a gente assiste TV vai mudar.

Através de outros meios que não fosse a internet, você acha que teria a possibilidade de chegar aonde chegou aos 17 anos? Você acredita que existem pessoas mais aptas para rede social e outras para outros meios tradicionais como jornal, TV, etc?

Quanto à primeira pergunta, acho que não. Acho que não conseguiria ter chegado aonde eu cheguei se não fosse a internet e as redes sociais em geral. Primeiro porque sou uma pessoa muito tímida. E, na internet, eu vi um lugar onde eu posso ser quem eu sou sem ter vergonha disso. Eu nunca fui aquele cara popular que tinha desenvoltura para chegar, chegando.

Sempre fui muito tímido, hoje não mais, mas na época que comecei, eu era um cara meio excluído na minha sala, e eu pensei: "Que legal, na internet as pessoas gostam de mim pelo que eu sou, eu não preciso ficar fingindo ser outra pessoa". Então o fato da aceitação foi muito importante até para eu começar a gostar de mim mesmo.

Pode parecer um pouco bizarro, mas acho que a internet deu todo um sentido para a minha vida, porque eu morava no interior, sou de Governador Valadares, em Minas Gerais. E lá ninguém falava em internet, ninguém gostava das coisas que eu gostava. Então descobri que, na internet, existem pessoas que gostam do que eu gosto e que gostam de mim. E eu descobri que o que eu fazia por hobby na verdade era um trabalho e eu nem sabia disso.

Experiment Eine Woche ohne Smartphone
João Pedro C. Motta aposta que no futuro todos estarão conectadosFoto: picture-alliance/dpa

E, quanto à outra pergunta, sim, acho que existem pessoas que não estão tão aptas a usar a internet, mas não porque são mentalmente menos aptas ou coisas do tipo, mas porque simplesmente elas não estão acostumadas. Você não chega a uma plataforma nova e já sabe tudo, principalmente se você não está incluído nesse background de ficar na internet o dia inteiro: Mas acho que é uma questão de tempo.

Minha avó já faleceu, mas ela usava o Facebook, ela já usava Orkut, ela tinha um Twitter. Minha mãe usa bastante o Facebook. Acho que é só uma questão de tempo para se acostumar. Eu não acho que todo o mundo precisa ter um Facebook, mas se você tem, isso facilita muito sua vida. Se você tem um parente que mora fora, por exemplo.

O Facebook não é algo imprescindível para sua vida, mas é algo que facilita infinitamente se você o tem. Mas acho que daqui a uns anos vai ser impossível existir alguém que não esteja nas redes sociais, a não ser que essa pessoa não tenha família, amigos ou nenhum tipo de relação.

E, finalizando, como você vê o seu futuro?

O meu objetivo é nunca parar de fazer o que eu gosto. Eu não quero ser o cara mais rico, o cara mais popular. Eu só quero conseguir ganhar a vida fazendo o que me inspira, porque acho que não faz sentido entrar num trabalho que paga muito, mas aí eu vou ter uma vida medíocre, infeliz e ficar estressado o dia inteiro. Agora o que eu quero é tocar para frente o Play, que é minha startup de música. A gente está em fase de captação de investimento.

Eu quero fazer o que eu gosto, e eu acho que todo mundo deveria fazer isso – procurar fazer uma coisa de que gosta, para o trabalho não se tornar um peso. Eu escolhi o meu trabalho e não acordava e dizia "pô, que saco, eu tenho que trabalhar". Pelo contrário, eu digo: "Eu vou trabalhar porque eu gosto muito". E essa é a vida que eu quero para sempre, eu não quero nunca perder essa juventude para fazer o que eu gosto.