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Jupp Heynckes: um colecionador de recordes na Bundesliga

Sarah Wiertz (rc)7 de abril de 2013

Prestes a se aposentar, o técnico do Bayern de Munique pode terminar o ano como o grande vencedor da temporada. Depois de ganhar a Bundesliga e quebrar recordes, ele tem ainda a chance de faturar a tríplice coroa.

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Foto: picture-alliance/dpa

Josef Heynckes chegou a jurar que aos 60 anos de idade não estaria mais atuando como treinador. Agora, aos 67, Jupp acumula sete títulos da Bundesliga – quatro como jogador e três como técnico – e mais de mil jogos na principal divisão do futebol alemão, dentro ou fora das quatro linhas. Ninguém coleciona tantos êxitos e domina a liga alemã como ele.

Heynckes nasceu em Mönchengladbach e cresceu em uma família de dez filhos. E por esta razão, é como se o time local, o Borussia Mönchengladbach, pertencesse também a ele. Na sua juventude, Heynckes aprendeu a trabalhar com gesso e reboco para ter a chance de chegar mais perto da profissão pretendida, a de arquiteto.

Atacante goleador

Em 1965, ainda na adolescência, Heynckes já jogava pelo time de sua cidade no Campeonato Alemão e logo ficou conhecido como um atacante rápido e eficiente. Dois anos mais tarde ele faria sua estréia internacional jogando pela Alemanha Ocidental, deixando a sua marca na vitória por 5 a 1 sobre o Marrocos.

Mais tarde, de 1967 a 1970, ele passou a atuar com a camisa do Hannover 96, clube pelo qual não teve o mesmo sucesso de antes. E, por isso, ele acabou retornando à sua equipe de origem. Nos anos 1970 ele teve seu período de maior sucesso como jogador do Borussia Mönchengladbach ao conquistar quatro campeonatos alemães, a Copa da Alemanha de 1973 e a Liga dos Campeões em 1975.

Ele marcou 243 gols no total e foi por duas vezes artilheiro da temporada, em 1974 e 1975. Com a seleção da Alemanha Ocidental, ele ganhou a Copa da Europa em 1972, na Bélgica, e o Mundial de 1974, na Alemanha, onde entrou em campo apenas duas vezes.

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Jupp Heynckes defendendo a seleção da Alemanha Ocidental na Copa da Europa, em 1972Foto: picture-alliance/Sven Simon

De artilheiro a técnico exigente

Depois de 369 jogos na Bundesliga, Heynckes encerrou sua carreira de jogador em 1978, iniciando no Mönchengladbach a sua trajetória como técnico de futebol, primeiro como co-treinador e, em seguida, como técnico principal.

Com 34 anos de idade, ele foi o treinador mais jovem do Campeonato Alemão até então. O período de maior sucesso de Heynckes foi de 1984 a 1987 ao conquistar o terceiro lugar nessas temporadas, apesar das dificuldades pelas perdas de patrocínio do clube.

Com sua fama de valorizar a disciplina e os princípios, Heynckes não fez muitos amigos por onde passou. O ex-jogador do Borussia Mönchengladbach, Wolfram Wuttke, lembra-se que ele era "introvertido e prestava atenção nos mínimos detalhes. Seus olhos não deixavam escapar nada. Era como um marechal do futebol".

Foi nessa época que ele recebeu o apelido de "Osram", inspirado na fábrica alemã de lâmpadas. Dizia-se que quando Jupp ficava nervoso, sua cabeça parecia uma lâmpada vermelha acesa.

A primeira passagem pelo Bayern

O pior momento de sua carreira foi no dia 11 de dezembro de 1985, quando após ganhar a primeira partida das oitavas de final da Liga dos Campeões por 5 a 1 sobre o Real Madrid, sua equipe amargou uma derrota por 4 a 0 no jogo da volta e acabou eliminada da competição.

"Naquele dia eu pensei em desistir de ser técnico de futebol", lembra hoje Heynckes. Mas, mesmo assim, ele acabou permanecendo na equipe e, em 1987, aceitou uma proposta do Bayern de Munique.

No comando da equipe bávara, ele ganhou um dos quatro campeonatos alemães que disputou e depois foi demitido. Anos mais tarde, o dirigente do Bayern, Uli Hoeness chegou a comentar que demitir Jupp naquela época foi "a pior decisão" de sua carreira.

Desde essa época, Hoeness e Heynckes criaram uma amizade duradoura, que resultou no retorno do técnico ao Bayern em outras duas ocasiões.

Temporadas espanholas antes da volta à Baviera

Mas antes de voltar à Baviera, Heynckes decidiu aceitar desafios profissionais no exterior e encontrou o sucesso na Espanha. Ele trabalhou no Athletic Bilbao, Tenerife, Real Madrid – onde conquistou a Liga dos Campeões em 1988 – e no Benfica, de Portugal. Mesmo assim, seu jeito "mais frio" não agradou muito.

Jupp Heynckes Champions League Pokal 1998
Heynckes (esq.) quando comandou o Real Madrid na conquista da Liga dos Campeões, em 1988Foto: picture-alliance/dpa

Após alguns anos fora, "Dom Jupp" decidiu retornar à Bundesliga. Ele recusou diversas vezes o convite para ser treinador da seleção alemã, afirmando que um profissional mais jovem deveria ocupar o cargo.

Mais amadurecido, Heynckes comandou o Schalke 04 e posteriormente voltou ao Borussia Mönchengladbach. Em 2009, ele surpreendentemente interrompeu sua aposentadoria precoce ao aceitar o cargo de técnico interino do Bayern de Munique, a pedido de seu amigo Uli Hoeness, atualmente presidente do clube.

Após passagem pelo Bayer Leverkusen, em 2011, Jupp voltou mais uma vez à equipe de seu amigo Hoeness em um contrato de dois anos que o técnico tinha, de acordo com algumas informações, a intenção de prolongar.

Mas outra versão diz que Heynckes queria deixar o clube ao fim do contrato e, por esta razão, o Bayern de Munique já procurava um técnico para substituí-lo a partir da próxima temporada e, desta forma, o ex-treinador do Barcelona, Pep Guardiola, foi escolhido. Heynckes contradiz veemente essa versão e acrescenta que ele mesmo decidiria quando ia deixar o cargo de treinador do clube.

Mas o final da temporada do Campeonato Alemão traz não só tristezas, mas também alegrias para Jupp. Depois de 24 anos como treinador recordista da Bundesliga, o técnico veterano tem, ainda, dois títulos em vista.

Ele pode conquistar ainda a Copa da Alemanha e a Liga dos Campeões e, assim, ter o privilégio de ganhar a "tríplice coroa". Mesmo que isso não aconteça, esse é sem dúvida o melhor momento, depois de quebrar tantos recordes, de deixar o cargo de treinador do Bayern e se aposentar.