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Kevin Kuranyi como modelo? Ou será o príncipe Haakon?

(fm / ma)5 de março de 2006

Barbear-se com estilo está na moda entre os jovens alemães. Cada vez mais rapazes usam desenhos em seus rostos. Colônia se torna o centro de referência para o estilo. As alemãs, porém, continuam tradicionais.

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Kevin Kuranyi após receber o título de 'Barba do Ano 2006' em DüsseldorfFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

Analistas alemães de tendências comportamentais e sociais concordam em um ponto: as barbas estão em voga ultimamente, principalmente entre os jovens. Entretanto, a juventude dá muito valor à questão artística, o que não é oferecido pelo tradicional barbeiro da vizinhança. Quem quer ter um aparência mais chique, peregrina, portanto, aos grandes mestres da barbearia. E Colônia se mantém como a Meca absoluta dos cabelereiros na Alemanha.

Há mais ou menos dois anos as barbas entraram na moda novamente. Só que desta vez elas não têm aquele ar de crescimento natural e despojamento. Pelo contrário, são feitas de modo cada vez mais criativo e bem mais finas do que o normal. Algumas poucas linhas seguem o contorno do maxilar, lembrando, às vezes, um tabuleiro de xadrez ou mensagens escritas em chinês.

Haakon mit Sonnenbrand
Príncipe Haakon da Noruega e a barba bem cuidada. Novo padrão de beleza masculina?Foto: AP

Será que esta moda foi uma invenção de Kevin Kuranyi, o goleador da seleção alemã nascido no Brasil? Ou será que foi criada pelo príncipe Haakon, da Noruega, com a sua barba fina emolodurando o seu rosto? Na verdade, restam dúvidas sobre o iniciador deste movimento. Talvez tenham sido várias celebridades a lançar este novo estilo. E isso deve ter acontecido imperceptível e simultaneamente.

Este visual de barbas estilizadas se liga ao mundo da música, principalmente ao rap e ao hip-hop. Tentando criar uma espécie de identidade do grupo, os jovens adeptos deste movimento embarcaram na onda das barbas finas e desenhadas. Com a ajuda de celebridades nacionais e internacionais, a moda se espalhou e ganhou as ruas, conquistando cada vez mais rapazes.

Barba, barbeiro e criatividade: ingredientes do estilo

Adnan, um conhecido barbeiro de Colônia, conhece bem os cortes e oferece todos os modelos aos seus clientes: "Tudo começou com pequenos traços, linhas nas bochechas. De repente, notei que os clientes, sobretudo os jovens, queriam sempre mais. Você conhece, com certeza, tatuagens... Usei os desenhos das tatuagens na barbas. Fazemos estes desenhos nos cabelos também, nos modelos 'tribal' ou 'puma'". Estilizar a barba custa dez euros, incluindo o creme de barbear e a loção após barba.

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Jam Master Jay, do Run DMC, um dos precursores do hip-hop no mundoFoto: AP

Adnan está na casa dos 30 anos e é de origem turca. Já faz quase dez anos que é dono do salão. Há um ano ele reabriu o estabelecimento, desta vez com um nome mais de moda: Men's World (Mundo Masculino). Seu salão é bem procurado devido à escassez de cabeleireiros que oferecem este tipo de serviço na metrópole alemã.

Segundo Adnan, para a execução do trabalho são importantes precisão e ter as mãos tranqüilas, mas isso não é tudo: "É mais a fantasia. Mas a fantasia se desenvolve ainda mais, se ela já está lá na cabeça. Nunca copiei nada, faço tudo espontaneamente, conforme a imaginação mandar. Muitas pessoas pensam que se trata de um gabarito, mas isso não é verdade".

Ahmed, um jovem de 20 anos, trabalha modelando as cabeças dos clientes de Adnan há seis meses. Quanto à sua profissão, ele se mostra satisfeito: "Assim posso realizar as minhas fantasias". Ahmed, que tem uma boa aparência e se preocupa em mantê-la, representa bem o tipo dos jovens que procuram os seus serviços.

Os clientes geralmente aparecem na sexta-feira ou no fim de semana. "Na maioria das vezes, eles vêm aqui antes de uma festa para se produzir. Ajeitamos o cabelo e a barba e, aí, eles vão para a festa nos trinques", completa Calar, outro funcionário do salão.

A opinião das mulheres alemãs

Para conferir a reação da mulheres alemãs em relação à barba superproduzida, Peter Schäfer, da Deutsche Welle, foi às ruas em Bonn. As respostas, embora variadas, mostram que poder usar este tipo de barba depende, em grande medida, da personalidade e do estilo pessoal do homem. Embora os desenhos sejam considerados por algumas como verdadeiras obras de arte, outras acreditam que isso é pura questão de gosto.

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Algumas mulheres alemãs associam o novo modelo de barba ao mundo da prostituiçãoFoto: dpa

Há ainda a associação da barba com valores negativos. O visual remete ao "cenário da prostituição e dos cafetões", como comenta uma entrevistada. Ela acrescenta que, para ela, o estilo "vai ter sempre uma fama ruim".

A maioria das entrevistadas concorda que a barba estilizada não é atraente. Elas preferem que seus namorados não sigam esta moda, pois, como afirma uma entrevistada, "ela se parece um pouco com sujeira, uma sujeirinha em volta da boca, como se se tivesse esquecido de limpar depois de ter comido algo".

O homem que desfila com a barba desenhada se parece, na opinião das entrevistas, com um "conquistador", alguém que "tem uma auto-estima exagerada, que se considera o máximo" e que "tem um quê de machão".

Países diferentes, barbas diferentes

No Brasil, a moda parece ser outra. Em vez da barba bem produzida, o grande hit do momento parece ser exibir uma barba por fazer. Contando com adeptos famosos como os modelos brasileiros Erik Marmo, Anderson Dornelles e o ator Thiago Lacerda, o visual invadiu a passarela da última edição da Semana da Moda em São Paulo e arrancou suspiro das espectadoras. Segundo Caio Campos, da grife VR, esta "é uma tendência que deixa de lado a postura baby face. O resultado é um homem mais masculino, mais sexy e mais desejado".

A moda da barba de "três dias" já vigorou na Alemanha, mas parece ter cedido lugar ao visual mais urbano da barba modelada. O Brasil, que está sempre na vanguarda da moda, segue uma outra tendência. Resta saber se a moda vai pegar novamente na Alemanha, ou se vai ser substituída de vez e exportada para o país tropical.