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Intervenção militar

22 de março de 2011

Provocações de Kadafi e diferenças dentro da Otan a respeito do papel na campanha da Líbia levantam dúvidas sobre o quão rápido os Estados Unidos seriam capazes de transferir o comando da missão, como anunciou Obama.

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EUA querem passar comando da ação militar, mas não está claro a quemFoto: dapd

Os Estados Unidos querem transferir "em questão de dias" o comando do ataque contra as forças líbias, anunciou o presidente norte-americano Barack Obama nesta segunda-feira (21/03), ainda que discordâncias na Europa alimentem as especulações de que a liderança dos EUA possa ser prolongada.

"Nós antecipamos a transição para alguns dias, e não semanas", disse Obama numa entrevista coletiva durante sua visita ao Chile. Ele não revelou que nação ou organização assumiria o comando da operação.

A missão, disse Obama, foi "focada em empregar recursos militares exclusivos dos EUA a fim de estabelecer as condições para nossos aliados europeus e parceiros árabes levarem a cabo as medidas autorizadas pela resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas".

De acordo com o general norte-americano Carter Ham, que comanda a ofensiva, os ataques a míssil teriam desmantelado a estrutura militar do ditador Muammar Kadafi e preparado o terreno para uma maior zona de exclusão aérea, cobrindo a maior parte do norte da Líbia.

Ataques a unidades militares

Os ataques da aliança ocidental à Líbia na madrugada desta terça-feira concentraram-se principalmente em aeroportos militares e bases da Marinha. Um porta-voz do governo da Líbia disse que as bombas atingiram alvos nas cidades de Trípoli, Al-Sawija, Misrata, Sirte e Sebha. "Houve muitas vítimas, inclusive civis, principalmente na base aérea militar de Al-Kardabija em Sirte", disse ele.

Ainda nesta terça-feira, forças leais a Kadafi bombardearam a cidade de Misrata, controlada pelos rebeldes. Entre as vítimas fatais estariam quatro crianças, segundo informou um morador à agência de notícias Reuters.

Obama Libyen Luftangriffe
Obama: 'comando será transferido em questão de dias'Foto: ap

Um avião de guerra dos Estados Unidos caiu num campo na Líbia depois de uma aparente falha mecânica e os dois tripulantes teriam sido resgatados pelos rebeldes, segundo o jornal britânico Daily Telegraph.

Balanço da missão

O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai se reunir na quinta-feira, segundo informou um diplomata da ONU. A sessão havia sido planejada no âmbito da decisão do Conselho de Segurança, para reavaliar a situação sete dias após a ONU ter aprovado o uso de força na Líbia. O diplomata, que pediu para não ser identificado, disse que o secretário-geral Ban Ki-moon deve se pronunciar na reunião de quinta-feira.

Na segunda-feira, o governo brasileiro divulgou uma nota oficial pedindo por um "cessar-fogo efetivo o mais breve prazo possível". O texto publicado na página do Itamaraty diz ainda que o governo brasileiro lamenta as mortes decorrentes do conflito e reafirma o apoio "aos esforços do enviado especial do Secretário-Geral da ONU para a Líbia, Abdelilah al-Khatib, e do Comitê ad hoc de Alto Nível estabelecido pela União Africana na busca de solução negociada e duradoura para a crise".

Interesses europeus

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, cujo governo também se absteve de votar pela zona de exclusão aérea na Líbia, disse nesta terça-feira que, como a maioria no Conselho de Segurança da ONU havia decidido pela intervenção, "foi deixado claro em Paris que a resolução aprovada é também nossa resolução [da Alemanha], e nós esperamos que ela seja implementada com sucesso".

Aparentemente, o governo alemão está tentando reparar danos diplomáticos: Berlim poderia oferecer aviões de reconhecimento Awacs para o Afeganistão, e assim a Otan poderia liberar unidades adicionais para a ação na Líbia. O Parlamento Alemão deve votar este plano na quinta-feira.

Sarkozy / Frankreich / Paris
Papel na Líbia é importante para imagem de SarkozyFoto: AP

Para o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o papel na campanha da Líbia tem impacto não apenas nos conflitos no norte da África, mas também nas eleições presidenciais francesas de 2012. A imagem da França como líder do G8 e do G20 até novembro é decisiva para Sarkozy frente a seus eleitores, já que a taxa de aprovação de seu governo está na casa dos 30%.

Desde o início da ação internacional na Líbia, Sarkozy teve que lidar ainda com a acusação do filho de Kadafi, Saif al-Islam, de que o presidente francês teria aceitado doações da Líbia para sua campanha presidencial em 2007.

O ministério do Interior da França negou as acusações. De acordo com o ministro do Interior francês, Claude Gueant, todas as doações para a campanha eleitoral são auditadas pelo Conselho Constitucional Francês para assegurar que nenhuma doação exceda 4,6 mil euros.

Questionado se Al-Islam poderia ter evidências de transferências ilícitas, Gueant disse à emissora de rádio Europe 1: "Eu não sei como ele poderia tê-las, porque nada disso existe".

FF/dw/afp/rtr/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer