1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Líderes da América do Norte se reúnem em meio a cenário desafiador

James Blears, da Cidade do México (ca)18 de fevereiro de 2014

Chefes de governo de México, EUA e Canadá se encontram na cidade mexicana de Toluca com desafio de superar problemas internos para fazer reunião, de apenas poucas horas de duração, render frutos para economia regional.

https://p.dw.com/p/1BB9w
Foto: Manuel Pedraza/AFP/GettyImages

Os líderes do México, EUA e Canadá terão apenas cerca de três horas para discutir uma série de assuntos, incluindo a economia, competitividade, energia, cooperação de segurança e sobre como obter mais do Nafta, o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio.

Desde que o encontro anual teve início, em 2005, a imprensa passou a chamá-lo de "Três amigos", uma alusão ao faroeste de 1986 estrelado por Steve Martin, Chavy Chase e Martin Short. Uma fala de um dos personagens – Lucky Day – teve um particular destaque: "Bem... nós teremos de usar nossos cérebros!"

E as circunstâncias atuais não estão particularmente favoráveis para o encontro dos "três amigos", diz Silvia Nuñez, diretora do Centro de Estudos Norte-Americanos na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam).

"Uma das coisas que me preocupa sobre os três não é somente a capacidade deles de se comunicar com os seus cidadãos. Mas também tenho visto a popularidade de Barack Obama cair. Os EUA estão diante de eleições legislativas, então ali tudo gira agora em torno da política. E no Canadá, eles deverão ter eleições em 2015, e a situação no cenário doméstico não é muito fácil", explica Nuñez.

Ela lembra, ainda, que no México o presidente Enrique Peña Nieto vem tentando fazer o melhor em termos de obter reformas, que são consideradas avanços. Mas o conteúdo delas está sendo discutido, e há uma grande quantidade de pessoas que se opõem à reforma do setor energético. Assim, resume, "nenhum dos três está na melhor situação".

Cada um dos três países possui um cenário de política interna diferente, o que vai pressionar e dar destaque a diferentes pontos nos objetivos, na ênfase da agenda e nos resultados do encontro de cúpula.

Festa mexicana?

Segundo Nuñez, desta vez três fatores estão a favor do México. Além de ser o anfitrião do encontro, o país se desenvolveu como um pivô na parceria do Nafta e está comemorando, atualmente, 70 anos de relações diplomáticas com o Canadá.

"Minha esperança é que os mexicanos sejam capazes de reconhecer essa situação e vejam isso como uma grande oportunidade", diz. Ainda que Nuñez reconheça o tema do Nafta, o acordo não é mais tão popular, nem nos EUA nem no Canadá, 20 anos após a sua criação.

"Para mim, este é um dos aspectos mais interessantes que vão determinar o que está por vir. Temos falado sobre o Nafta e o comércio. Então o que é preciso para a região em termos de aproximação, se realmente quisermos nos tornar uma região forte? Eles salientaram a prosperidade. Este conceito será um dos pontos de partida para as discussões que eles vão ter", afirma.

A energia é um tema central, mas o México ainda vai ter muito que fazer para alcançar a paridade nesse setor. Um desenvolvimento recente e importante envolve a votação do Congresso mexicano abrindo a indústria do petróleo pela primeira vez em 75 anos. A partir de agora, o investimento e a exploração serão permitidos e deverão gerar belos lucros, de acordo com Elizabeth Gutierrez Romero, especialista da Unam.

Proteste gegen NAFTA Abkommen in Mexiko Archiv 2008
Muitos não estão contentes com o NaftaFoto: picture-alliance/dpa

"Acho que esta reforma nos deu muitas expectativas. Grandes companhias estão muito interessadas no setor petrolífero. Mas acho que o presidente Peña Nieto quer falar mais sobre o comércio e o compromisso de sua administração em seguir a sua base econômica e em abrir novos mercados, embora eu esteja convencida de que há muitas pessoas trabalhando sobre o tema de investimentos na indústria do petróleo."

TTIP ou TPP?

Nesse meio-tempo, foram feitas propostas de que a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) – com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico nos EUA e na União Europeia (UE), criando potencialmente 13 milhões de novos empregos – também poderá se impor e dominar a Parceria Transpacífica (TPP), da qual fazem parte os três países da América do Norte e as principais economias asiáticas.

No entanto, Elizabeth Gutierrez diz não ver a coisa dessa forma. "O que eu sei é que a Parceria Transpacífica é uma grande oportunidade para os EUA e para esta região porque existem muitos países asiáticos dinâmicos. Houve um grande aumento nas exportações americanas para a região. Não somente de bens e investimentos, mas também dos serviços."

Kolumbien Containerkran Archiv 2012
Partindo para a Europa e ÁsiaFoto: Manuel Pedraza/AFP/GettyImages

Gutierrez prefere ver o lado positivo da questão, afirmando que esses dois diferentes acordos devem ser encarados em termos de benefícios múltiplos e sobrepostos: "Por que não fechar diversos acordos de comércio? O que se pode esperar é que haja muitos acordos e que eles sejam complementares."

As duas especialistas tentaram dar uma interpretação positiva sobre o melhor cenário que poderia sair desse breve encontro na fria Toluca, cidade mexicana localizada em grande altitude.

"Eu gostaria de saber do conteúdo e de algumas ações relacionadas à prosperidade. No momento, não temos uma imagem clara. Estou muito otimista de que venhamos a ter dois ou três novos cenários desafiadores para a região. Seria sábio se eles chegassem a questões relacionadas a que tipo de instituições são necessárias para fazer a região avançar com vista a uma melhor integração. Sabemos que essa é uma das lacunas que herdamos do Nafta", diz Silvia Nuñez.

Gutierrez diz, por sua vez, que um esforço combinado poderia trazer resultados positivos: "O que eles devem apresentar é uma compreensão de grupo com vista ao progresso. Acho que isso poderia ser uma boa ambição para os três países e para a região tentar resolver seus problemas. Seria ótimo se eles viessem a mostrar isso."