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Jornada dupla

26 de junho de 2010

Líderes dos oito países mais ricos iniciam cúpula no Canadá. Encontro do G20 vai até domingo. Crise deve dominar discussões, que começaram com europeus e americanos buscando consenso, mas deixando claras as divergências.

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Líderes dos países do G8 em Huntsville, CanadaFoto: AP

Líderes do G8 e G20 deram início na tarde desta sexta-feira (25/06) à jornada dupla de reuniões de cúpula. Primeiramente, os representantes das oito nações mais industrializadas se reúnem em Huntsville e mais tarde – quando o domingo já estiver começando na Europa –, será a vez do quarto encontro do G20, em Toronto.

E o tema economia deve dominar o debate, já que as 20 nações sinalizaram empenho em promover mudanças no mercado financeiro mundial. Ninguém quer que a profunda crise vista recentemente se repita.

Estratégias diferentes

Kanada Deutschland G8 und G20 Angela Merkel Ankunft
Chegada de Angela MerkelFoto: AP

Mas o entusiasmo de tempos passados parece ter-se esmaecido, principalmente quando se trata da discussão de um assunto tão complicado como a melhor saída para a crise. Como se não bastasse, há agora um conflito entre a Alemanha e os Estados Unidos sobre a estratégia certa: é melhor economizar ou continuar injetando capital na economia?

Para a chanceler federal Angela Merkel, o assunto é claro: "Como poderemos organizar a consolidação de nosso orçamento de modo a conseguir gerar um crescimento sustentável?" Segundo ela, em Washington foram tomadas na época as medidas certas durante a crise. "Agora, precisamos continuar mostrando como criamos estruturas sustentáveis a partir da crise, para que ela não se repita mais", disse Merkel.

Sem maioria para taxação sobre bancos

Pode-se presumir que no documento final haverá formulações com as quais todos os representantes poderão se dar por satisfeitos e que não deixem ninguém parecer sair de Toronto como perdedor. Pois todos concordam que o crescimento é importante e também há consenso sobre a necessidade de medidas para economizar. A forma de atuar é que deverá ser deixada para que cada um resolva por si.

Um outro projeto é visto de forma similar: como os bancos poderiam contribuir para cobrir as perdas da crise financeira. Os europeus são favoráveis à taxa bancária – medida que, entre os presentes no encontro canadense, não conseguirá uma maioria.

E também a ideia mais antiga do imposto sobre transações financeiras não deverá ser acordada em Toronto. "Nós deveremos, novamente, defender a medida de forma intensa", afirmou Merkel. "Mas precisamos ver que, não somente os países industrializados são muito céticos quanto a ela, como também parte dos emergentes", disse.

O presidente americano poderá trazer um novo ímpeto – e traz um sucesso na sua bagagem. Uma ampla reforma no mercado financeiro está praticamente pronta em Washington. Uma comissão mediadora de ambas as câmaras do Congresso chegou a um acordo sobre um projeto de lei que deve ser votado na próxima semana.

G20 Gipfel Kanada 2010 Flash-Galerie
Policiais protegem local do encontro

Ajuda para os mais pobres

No primeiro dia do evento, os representantes do G8 também abordaram o problema do combate à pobreza. Eles apresentaram um relatório que dá conta sobre o que aconteceu a partir das promessas feitas nos anos passados. Pois esse ponto tem merecido críticas constantes das ONGs. Há cinco anos, por exemplo, a cúpula prometeu até 2010 destinar uma verba de 50 bilhões de dólares para ajuda ao desenvolvimento. Até agora, a promessa não foi cumprida.

Também na sexta-feira, o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, anunciou novos bilhões a serem destinados à luta contra a mortalidade materna e infantil, através de um fundo batizado sob o nome de iniciativa Muskoka. A notícia foi recebida pelas ONGs com certo ceticismo.

Jörn Kalinski, da entidade de ajuda ao desenvolvimento Oxfam, alertou que é necessário doar "dinheiro realmente fresco" e "não apenas reagrupar dinheiro velho". Ela afirma que ajudas concretas são urgentemente necessárias. Anualmente, nove milhões de crianças menores de cinco anos morrem nos países pobres, vítimas das mesmas doenças que não provocam a morte em criança alguma das nações ricas do norte. A redução desses números faz parte dos objetivos do milênio das Nações Unidas.

Toronto se tornou uma cidade fantasma

O animado centro da cidade às margens do lago Ontário parece um lugar fantasma. Uma cerca de quilômetros de extensão bloqueia o acesso ao distrito financeiro e ao centro de convenções. Uma estrada está fechada para o tráfego. E quem pôde, deixou a cidade.

Quem ficou, parece estar pouco interessado no encontro da cúpula. Os jogos da Copa do Mundo chamam mais atenção. Até Angela Merkel disse que vai tentar não perder o jogo da seleção alemã contra a Inglaterra, pelas oitavas de final. E, se possível, quer ver a partida ao lado do novo primeiro-ministro britânico, David Cameron.

Autor: Henrik Böhme, de Toronto (np)
Revisão: Marcio Damasceno