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Um ano de Joachim Löw

Geraldo Hoffmann (as)12 de julho de 2007

O técnico Joachim Löw completa um ano no comando da seleção alemã festejado pelo seu retrospecto impecável. Mas ele ainda não ganhou nada, e seu batismo de fogo ainda está por vir: a Eurocopa 2008.

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Löw soma nove vitórias, um empate, uma derrota, 37 gols marcados e só seis sofridosFoto: AP

Há um ano, Joachim Löw era conhecido pelos fãs de futebol apenas como o assistente técnico de Jürgen Klinsmann. "Jogi", como o treinador é chamado desde os seus tempos de jogador de rua, nunca foi um craque nem uma estrela, ao contrário de seus antecessores Jürgen Klinsmann, Rudi Völler e Franz Beckenbauer.

Em 12 de julho de 2006, três dias depois da final da Copa 2006, Löw foi oficialmente entronizado como sucessor de Klinsmann. Três meses depois, estreava no cargo com a sua primeira vitória, 3 a 0 contra a Suécia, o início de uma série da qual Löw pode se orgulhar: nove vitórias, um empate e apenas uma derrota, 37 gols marcados e só seis sofridos. A classificação para a Eurocopa 2008, na Áustria e na Suíça, está assegurada – a Alemanha lidera o seu grupo com 19 pontos, cinco a mais do que a segunda colocada, a República Tcheca.

Löw também provou ter coragem para renovar a equipe: nada menos do que 13 jogadores estrearam com o novo técnico. E ele ainda estabeleceu recordes: a vitória de 13 a 0 sobre San Marino foi a maior de uma seleção alemã em jogos eliminatórios da Eurocopa. No ranking da Fifa, a Alemanha subiu para a terceira colocação, atrás do Brasil e superando a Argentina.

Elogios e humildade

Euro 2008 Quali Deutschland x San Marino Gomez
Mario Gomez, uma das apostas de Joachim LöwFoto: AP

Graças a esses números, Löw é festejado pela imprensa e pela torcida alemã. "Joachim Löw: um saldo que entusiasma" ou "Löw: o técnico perfeito" são alguns dos títulos. Em parte, o novo comandante conseguiu prolongar por mais um ano o clima positivo da Copa do Mundo. A atual seleção costuma por vezes se apresentar de uma maneira mais autoconfiante do que aquela comandada por Klinsmann.

Ainda assim, alguns desses elogios soam exagerados. O próprio Löw faz questão de dizer que a seleção alemã se encontra no mesmo nível de equipes como a da Itália, França, Portugal e Inglaterra, "mas ninguém deve dizer que nós somos a melhor equipe da Europa". De uma forma sutil, o técnico mostra um pouco de humildade.

Até porque, no momento não está provado que a seleção alemã esteja em condições de superar italianos, franceses, portugueses e ingleses. Desde a Copa 2006, os alemães não enfrentaram nenhuma dessas grandes equipes. E adversários como San Marino, Geórgia, Chipre ou a Suíça não são exatamente um bom termo de comparação. Além disso, foi contra as grandes equipes de Europa que a Alemanha teve problemas.

Pontos altos

Klose EM-Qualifikation Deutschland Slowakei
Klose anda apagado, mas é sempre esperança de golsFoto: AP

A vitória convincente contra a República Tcheca em Praga, por 2 a 1, e os 40 minutos de futebol de luxo contra a Eslováquia em Bratislava (vitória de 4 a 1) foram os pontos altos da primeira temporada de Löw. Foi quando o time alemão mostrou o que sabe fazer, arrancando elogios dos especialistas. "Futebol de alto nível técnico em vez de pelada; tática de enxadrista em vez de apenas futebol-força: Joachim Löw enriqueceu as 'virtudes alemãs' com um elemento incomum: o jogo refinado", escreveu Christof Knerr no diário Süddeutsche Zeitung, um dos principais da Alemanha.

Mas no primeiro tempo contra San Marino, em Nurembergue, muito pouco se viu desse "jogo refinado". No intervalo, o selecionado alemão foi vaiado pelos torcedores não só porque eles estavam acostumados com os 13 a 0 do jogo de ida, mas também porque a equipe de Löw jogava sem criatividade diante dos amadores de San Marino e não encontrava caminho para furar a barreira adversária. E também a vitória de 2 a 1 contra a Eslováquia foi tudo, menos soberana. E isso não pode ser explicado pelo suposto cansaço de fim de temporada (as melhores equipes alemãs tiveram no máximo 50 jogos oficiais por temporada).

Prova de fogo

EM 2008, Qualifikation, Deutschland - San Marino
O capitão Ballack contra San Marino: adversário fracoFoto: AP

Os alemães correm muito por nada? "Avaliamos tudo: rotas, velocidade, distância. E verificamos que o cada jogador costuma ficar 1,9 segundos com a bola. Há 15 meses, o tempo entre receber a bola e passá-la adiante estava em 2,8 segundos", explica Löw. Mas jogo rápido não é tudo, ele precisa também ser efetivo.

E isso ainda falta para os alemães, principalmente no ataque, atualmente comparável com a zaga vacilante da Copa 2006. O saldo de 31 gols engana, e não só porque mais da metade desses gols foi contra a fraca seleção de San Marino. O artilheiro Miroslav Klose está apagado, e não se sabe quanto tempo vai durar a boa fase de Kevin Kuranyi.

Joachim Löw era o estrategista por trás de Klinsmann e, como comandante da seleção, deu continuidade a esse trabalho. Mas para o seu sucesso inicial, ele não precisou mover montanhas: os adversários eram, quase todos, de pequeno calibre.

A equipe está no caminho certo para uma Eurocopa promissora, mas ainda não ganhou nada. Somente após uma derrota – como aqueles 4 a 1 que o time de Klinsmann tomou da Itália pouco antes da Copa 2006 – é que Löw e sua tática serão postos em dúvida. E é por isso que ele minimiza as especulações sobre uma prorrogação antecipada do seu contrato. Löw sabe que, para um treinador, só uma coisa conta: títulos.