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Leipzig destaca literatura do Leste Europeu

Hoger Ehling (sm) 16 de março de 2006

Apesar de não concorrer em tamanho com Frankfurt, Feira de Livros de Leipzig permite participação de editoras menores e continua funcionando como plataforma de intercâmbio entre Leste e Oeste.

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Feira de Leipzig: de olho no leitorFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb

Com cerca de 80 mil títulos novos por ano, a Alemanha é um dos países mais fortes na produção de livros. Apesar da tendência de as grandes incorporarem as pequenas, o cenário alemão de editoras e livrarias é marcado por uma grande diversidade. Como uma abrangente "rede de postos de gasolina", descreveu o Nobel de Literatura Günter Grass.

O mercado de livros de língua alemã é o maior da Europa. Afinal, são cem milhões de pessoas que falam alemão como língua materna. Além de ser idioma oficial na Alemanha, na Áustria e, em parte, na Suíça, o alemão também é falado por belgas, luxemburgueses, franceses e dinamarqueses.

Diversidade e alta produção

Não é à toa, portanto, que o desempenho das editoras e livrarias alemãs seja notável: o faturamento anual do setor soma 9,1 bilhões de euros, de acordo com os dados mais recentes. Mais de 1800 editoras produzem cerca de um bilhão de exemplares por ano. O que também singulariza a Alemanha é o número de editoras ativas e a grande concentração de quase 4500 livrarias.

Com mais de 80 mil títulos novos ou reeditados por ano – praticamente um para cada mil habitantes –, a Alemanha é a terceira maior nação de livros do mundo, superada apenas pela China e pelo Reino Unido. Se bem que os ingleses incluam em seus cálculos livros produzidos na Austrália, África do Sul e Nova Zelândia.

Livre mercado de livros

Durante décadas, a Alemanha, a Áustria e a Suíça tinham um acordo comum para tabelar o preço de capa dos livros, independente de onde fossem vendidos. Em reação à pressão da União Européia, que considerou o acordo prejudicial à livre concorrência, o tabelamento de livros foi suspenso por lei nos três países.

O que acontecera no Reino Unido, onde o tabelamento foi revogado em 1995, serviu de lição: a legislação reguladora provocou uma concentração dos segmentos cada vez maiores do mercado livreiro na mão de grandes cadeias de livrarias, enquanto inúmeros livreiros menores e independentes foram obrigados a fechar as portas.

Imagem mais precisa do cenário editorial

Os dois maiores eventos do setor editorial na Alemanha são as Feiras do Livro de Frankfurt e de Leipzig. Enquanto a de Frankfurt, realizada todo ano em outubro, é o maior encontro internacional do setor, a de Leipzig em março, bem menor e mais local, possibilita a participação de um número bem maior de editoras pequenas e passa uma imagem mais precisa do cenário editorial alemão.

Leipzig tem uma longa tradição como cidade bibliófila. Além da feira, importantes instituições relativas à produção de livros, bibliotecas e editoras de renome estão sediadas nesta cidade. Após a Segunda Guerra e a divisão de Alemanha, a feira de livros da Alemanha Ocidental, em Frankfurt, se tornou o principal evento internacional do setor, enquanto a de Leipzig manteve seu renome como importante ponto de encontro entre Leste e Oeste.

Entre Leste e Oeste

A Feira de Leipzig deste ano, que acontece a partir desta quinta-feira (16/03), mantém esta tradição, elegendo a literatura dos países do Leste Europeu como destaque. Apesar da intensa divulgação que as literaturas dos países do antigo bloco socialista tiveram desde o início da década de 90, pode-se dizer que elas ainda são pouco conhecidas na Alemanha.

Nem o fato de dez países do Leste Europeu já fazerem parte da União Européia alterou esta situação. Muitos acham que os preconceitos da Guerra Fria ainda continuem imperando na cabeça das pessoas. Mas a barreira das línguas eslavas não é de se subestimar.

Apesar de alguns nomes da literatura húngara, polonesa e tcheca terem se propagado entre leitores alemães nos últimos vinte anos, seria exagero dizer que os escritores dos países do Leste Europeu tenham um público leitor representativo na Alemanha.

Depois do inglês, as línguas mais traduzidas pelas editoras alemãs são o francês e o espanhol. Idiomas como português, sueco, holandês, por menos divulgados que sejam, ainda atraem mais atenção do que o búlgaro, romeno ou bósnio, por exemplo.