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Londres tem filas para votar na embaixada e no consulado

Ericka de Sá, de Londres5 de outubro de 2014

Apesar da grande quantidade de pessoas, tempo de espera era de apenas alguns minutos. Eleitores afirmam considerar importante participar da eleição, mesmo no exterior.

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Foto: DW/Ericka de Sa

Londres, no Reino Unido, é a segunda cidade da Europa com mais eleitores brasileiros registrados: são quase 17 mil, distribuídos em 42 seções. O número é 145% superior ao de eleitores registrados na eleição anterior para presidente. Apesar disso, representa menos de 10% dos estimados 200 mil brasileiros – legais e ilegais – que vivem no Reino Unido.

A Embaixada do Brasil, em Trafalgar Square, bem no centro turístico da cidade, era um dos locais de votação neste domingo (05/10). O outro era o Consulado-Geral, próximo à movimentada rua comercial Oxford Street.

A votação seguiu os mesmos horários que no Brasil (das 8h às 17h no horário local), e as grande filas e a movimentação de pessoas chamavam a atenção daqueles que aproveitavam o domingo para passear. Apesar da grande quantidade de pessoas, tempo de espera era de apenas alguns minutos.

Na aglomeração de pessoas, a diversidade era evidente: famílias, idosos e jovens, alguns vestindo as cores do Brasil. Célio Araújo, de 42 anos, natural de Minas Gerais, mora há 12 anos em Londres. Usando uma camisa nas cores da bandeira, ele registrou o voto numa das seções do consulado. "O Brasil no momento passa por dificuldades grandes em termos de segurança", disse, ao comentar temas que considera prioritários.

Wahlen Brasilien Exil-Brasilianer in London 05.10.2014
Célio Araújo foi votar no Consulado-Geral vestindo as cores da bandeira nacionalFoto: DW/Ericka de Sa

Nos dois locais, grupos religiosos, associações de estudantes e empresas aproveitavam a concentração de brasileiros para distribuir material informativo e promover as publicações voltadas para a comunidade.

Mais eleitores

Entre 2010 e 2014, segundo dados oficiais, o número de eleitores registrados em Londres passou de 6.895 para 16.926. O aumento fez com que o efetivo convocado para trabalhar na logística também crescesse. Neste primeiro turno trabalharam 168 mesários (entre funcionários das representações brasileiras baseadas em Londres, voluntários e mesários convocados pelo TSE), além de 40 funcionários brasileiros no apoio logístico.

Para Marcio Guimarães, um dos coordenadores da eleição no consulado, um dos fatores que levou ao aumento no número de eleitores registrados é a maior rigidez na exigência de quitação eleitoral para renovação do passaporte. "Muitos estavam sem votar há muito tempo, não justificavam, não iam para o país, e uma forma de regularizar a situação é transferir o título", explicou Guimarães à DW.

Segundo ele, outro fator foi a exploração de novos canais de comunicação direta com a comunidade brasileira, como a recém-criada página do consulado no Facebook e parcerias com jornais comunitários em português que circulam nas grandes cidades inglesas.

Com isso, a expectativa era que, este ano, a participação superasse os 50% registrados na eleição passada, mas ela ficou em cerca de 37%. Apesar de percentualmente menor, o número de votantes dobrou, já que mais pessoas estavam inscritas.

Eleitor engajado

Mesmo morando fora do Brasil há muitos anos, muitos eleitores demonstraram interesse nos temas atuais e disseram sentir a responsabilidade de também votar. Ana Karina de Paula, de 35 anos, mora há dez anos no Reino Unido. Mãe de Robert, de 4 meses, ela diz que considera o voto um direito e não uma obrigação. "Acho muito importante todo brasileiro que esteja fora exercer o direito de votar, principalmente com toda essa comoção nas ruas", disse, ao se referir às manifestações de junho do ano passado.

Wahlen Brasilien Exil-Brasilianer in London 05.10.2014
Ana Karina de Paula diz que considera o voto um direito e não uma obrigaçãoFoto: DW/Ericka de Sa

Para escolher o candidato, Ana Karina disse ter acompanhado, pela internet, o noticiário brasileiro, além de jornais europeus e redes sociais. Além disso, a opinião dos familiares que moram no Brasil tem peso. "De qualquer maneira, pago impostos no Brasil, vou todo ano para lá, e gostaria que meu filho tivesse a oportunidade de morar no Brasil, que é o meu país."

Marcelo Uliano, de 38 anos, mora no Reino Unido há 13 anos e também se sente responsável. "A gente mora fora do país, mas tem sempre um pensamento em voltar um dia porque é nossa pátria", disse Marcelo, que foi votar com a esposa e os dois filhos. Para se informar, Marcelo assistiu aos canais brasileiros disponíveis no exterior e também consultou jornais e revistas.

O mesmo fez Aldejane Faria, de 35 anos, mãe de dois filhos e casada com um brasileiro. Além de acompanhar as notícias, ela disse ter feito questão de acessar os sites dos candidatos para pesquisar propostas, principalmente sobre educação, tema que considera prioritário. "A gente está aqui, mas vai para o Brasil todo ano, tem família e negócios no Brasil", explicou.

Já para Vilma das Graças, 58, natural de Goiânia, segurança é o tema mais importante. Ela mora há sete anos no Reino Unido e pensa em voltar. "Voto pensando no futuro do meu filho, que só tem 14 anos", contou. "Pretendo voltar dentro de uns dois ou três anos, mas tenho muito medo, pois está muito inseguro lá", disse, ao pedir leis mais severas contra a violência. "Pretendo ganhar mais um dinheirinho e voltar."