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Longas brasileiros no Festival de Mannheim-Heidelberg

Soraia Vilela12 de novembro de 2001

"Urbania", de Flávio Frederico, e "Quase Nada", de Sérgio Rezende, participam do Festival Internacional de Cinema, que acontece nas duas cidades alemãs até o próximo 18 de novembro.

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Foi aberto oficialmente na noite da última sexta-feira (9), o Festival Internacional de Cinema de Mannheim e Heidelberg, na Alemanha. Porta de entrada para cineastas iniciantes no mercado da sétima arte, o festival é o segundo mais antigo da Alemanha - depois do de Berlim - e considerado um nicho destinado ao cinema independente e de autor.

Até o dia 18 de novembro, serão mostrados 80 filmes nas duas cidades alemãs - Mannheim e Heidelberg. Entre eles, 19 participam da competição internacional. Tendo esse ano como foco central contribuições escandinavas e asiáticas, o festival procura manter a tradição de ser um espaço aberto a diretores jovens.

A competição caracteriza-se pela ausência de qualquer filme "da casa". Excepcionalmente, em comemoração ao aniversário de 50 anos, o festival não foi aberto desta vez com uma estréia mundial, mas com a exibição de "O Jovem Törless", filme de 1965 dirigido pelo alemão Volker Schlöndorff, um dos homenageados da versão 2001 do festival.

Brasil - "Quase Nada", de Sérgio Rezende, e "Urbania", o longa de estréia de Flávio Frederico, são as duas contribuições brasileiras no festival. Rezende, ao abandonar o filão das produções históricas, procura traçar um painel mais intimista das relações sociais no país, ao dividir sua narrativa em três histórias distintas. Fazendo uso do corte seco e dos espaços off temporais, o diretor destrincha na tela os destinos solitários de três homens, num universo árduo e abandonado, como o ambiente ao redor dos mesmos.

Já "Urbania", de Flávio Frederico, situa-se no limite (ou no encontro) entre o documentário e a ficção. Um portrait de São Paulo, traçado a partir de uma "viagem" a bordo de um Dodge Dart antigo, dirigido pelo malandro Zé Carlos, incumbido de levar o velho cego Edmundo à sua terra natal, após trinta anos de exílio.

Os dois percorrem a cidade 24 horas sem pausa, dia e noite. Nesse caminho, a verve documental do filme vem à tona, com depoimentos de personagens reais, entre eles meninos de rua que ganham a vida em sinais de trânsito, travestis, prostitutas e "sobreviventes do lixão". Alternando imagens originalmente rodadas em 16 mm, digitais e de arquivos p/b - todas transpostas para 35 mm - o documentário ficcional de Flávio Frederico disseca o rosto da metrópole brasileira para olhos acostumados a ela ou não.

Documentários e Curtas - Uma competição voltada exclusivamente para os documentários - sete ao todo - é uma das novidades desse ano do festival. Além disso, o público das duas cidades alemãs terá acesso à uma mostra competitiva de curtas, com nove produções de oito países diferentes. O espaço aberto aos curtas faz jus mais uma vez às pretensões do evento de ser um "festival das descobertas".

Em seus 50 anos de existência, o Festival de Cinema de Mannheim e Heidelberg já promoveu a estréia de dez diretores, hoje reconhecidos internacionalmente, entre eles o alemão Wim Wenders e a tcheca Vera Chytilová. Ao lado das exibições, o festival é ainda um fórum de intercâmbio entre distribuidores europeus. O simpósio "A Arte da Distribuição - Novos Caminhos para a Audiência", deve debater as possíveis maneiras de fazer com que "filmes selecionados" cheguem a um público mais amplo. Mais de 30 distribuidores já confirmaram a presença nos vários pódios de discussão que serão realizados durante o festival.