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Mais de 500 meninos sofreram abuso em coral na Alemanha

18 de julho de 2017

Inquérito identifica ao menos 67 casos de agressões sexuais e 500 de violência física ao longo de meio século em famoso coral Domspatzen, de Regensburg. Vítimas descrevem local como "inferno" e "campo de concentração".

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Coral Regensburger Domspatzen
Coral Regensburger Domspatzen é uma instituição milenar e um dos mais famosos do mundoFoto: picture alliance/dpa/A. Weigel

Ao menos 547 meninos cantores do famoso coral da Catedral de Regensburg, no sul da Alemanha, foram vítimas de violência sexual ou física por professores ou religiosos, afirmou nesta terça-feira (18/07) o responsável por investigar as denúncias de abuso sexual na instituição católica.

Em seu relatório final, o responsável pelo inquérito, o advogado Ulrich Weber, afirmou que 500 meninos foram vítimas de violência física, e 67, de agressões sexuais. Como alguns relataram tanto agressões físicas como sexuais, o número final é de 547.

O responsável disse que deve haver muitos casos não documentados, e o que o número total de vítimas pode chegar a 700. Cada uma das vítimas deve receber uma compensação financeira de 20 mil euros.

Ele acusou 49 pessoas pela violência, das quais nove teriam cometido agressões sexuais. Os casos ocorreram em todas as instituições ligadas ao coral, ou seja, a escola primária, o internato e o coral propriamente dito. Entre os acusados estão diretores, auxiliares e funcionários. A maior parte dos casos aconteceu nos anos 1960 e 1970.

Georg Ratzinger
Georg Ratzinger, irmão do papa emérito, é acusado de omissãoFoto: picture-alliance/dpa/A. Weigel

Responsáveis pelas agressões são, em muitos casos, o diretor da escola primária e seu auxiliar direto, afirmou Weber. Porém, deve-se partir do princípio de que quase todos aqueles que tinham cargo de comando no coral no mínimo soubessem de que havia casos de violência.

Weber acusou também o irmão do papa emérito Benedito 16, Georg Ratzinger, de omissão. Apesar de ter conhecimento dos problemas, ele teria preferido "olhar para o outro lado", afirmou Weber. Porém, não há indícios de que Ratzinger, que dirigiu o coral de 1964 a 1994, soubesse das agressões sexuais.

Segundo Weber, os casos de agressão física eram, com poucas exceções, passíveis de punição legal, bem como todos os casos de agressão sexual. Como se deram há muitos anos, todos já prescreveram. O inquérito, conduzido de forma independente, durou dois anos e abrangeu o período entre 1945 e o início dos anos 1990.

Segundo Weber, a instituição era dominada por uma cultura do silêncio, e a proteção da sua imagem estava em primeiro lugar, mesmo em detrimento do sofrimento causado às vítimas. A violência física era "cotidiana" e "brutal", afirmou.

Muitas vítimas descreveram os anos no coral como a pior época de suas vidas, marcada pelo medo, pela violência e pelo desamparo. Expressões como "inferno", "prisão" e "campo de concentração" foram usadas.

O coral, que em alemão se chama Regensburger Domspatzen, ou pardais da Catedral de Regensburg, tem mais de mil anos de existência e é um dos mais famosos do mundo, tendo sido eleito embaixador da Unicef.

AS/epd/kna/afp/dpa