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Mantega: Brasil está preparado para piora da economia global

1 de junho de 2012

Ministro garante que o Brasil tem mais condições do que outros emergentes de crescer sem depender do mercado externo. Crescimento do PIB brasileiro foi de apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano.

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Foto: dapd

Apesar da crise nas economias da Europa e da tensão nos mercados globais, o governo brasileiro acredita que vai impulsionar o crescimento do país e superar, ao fim de 2012, o aumento de 2,7% do PIB registrado no ano passado. Nesta sexta-feira (01/06), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o crescimento anual deve ficar abaixo dos 4% estimados inicialmente, mas afirmou que as medidas de política monetária e fiscal que vêm sendo adotadas deverão estimular os investimentos e a produção industrial no país.

A avaliação foi feita após o anúncio do tímido aumento de 0,2% do PIB no primeiro trimestre deste ano com relação aos últimos três meses do ano passado, somando 1,03 trilhão de reais. De acordo com dados divulgados pelo IBGE, considerados os últimos 12 meses, o crescimento foi de 1,9%.

Segundo o ministro, no caso de uma piora no cenário internacional, o Brasil está preparado para suprir as necessidades internas de crédito. "Estamos em condições de dar sustentação à continuidade do crescimento mesmo com o estresse da economia internacional", garantiu Mantega em entrevista coletiva concedida à imprensa internacional. "O Brasil está mais preparado hoje do que estava em 2008."

Ele destacou que atualmente o país tem o dobro de reservas e uma situação fiscal mais sólida, com dívida menor. E ressaltou que o mercado interno está mais dinâmico, o que faz com que a economia dependa menos das exportações – o que deixaria, segundo ele, o Brasil em uma situação melhor do que a de outros países emergentes, como a China.

"Com esse desempenho, o Brasil se coloca em uma situação relativamente favorável no cenário internacional, no qual a grande maioria dos países está com uma forte desaceleração econômica", disse Mantega. "Os países emergentes também estão apresentando uma redução de suas taxas de crescimento, inclusive os grandes dos BRICS, como a China e Índia que estão apresentando índices de crescimento cada vez menores".

Lanterna dos Brics

No entanto, os dados divulgados pelo IBGE mostram que o Brasil foi que menos cresceu no primeiro trimestre deste ano entre os países dos Brics (que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Com um aumento do PIB de apenas 0,8% com relação aos primeiros três meses de 2011, o Brasil ficou atrás da África do Sul (2,1%), Rússia (4,9%), Índia (5,3%) e China (8,1%).

Considerando o primeiro trimestre deste ano com o último de 2011, o crescimento brasileiro de 0,2% foi melhor que os desempenhos de economias europeias que enfrentam séria crise como a Itália (- 0,8%), Holanda (-0,2%), Reino Unido (-0,3%), Espanha (-0,3%), Portugal (-0,1%) e França (0%). Mas foi pior que o de países como Chile (1,4%), México (1,3%), Japão (1,0%), Alemanha (0,5%) e Estados Unidos (0,5%). Os índices têm como base dados de institutos de estatística internacionais e do Banco Mundial.

Mantega adiantou que o Brasil vai sugerir no próximo encontro do G20 este mês, no México,aos países da zona do euro uma "revisão" da estratégia adotada até agora para superar a crise financeira que atinge o bloco e tem ameaçado grandes economias do bloco, como Espanha e Itália.

"Está clara que a estratégia econômica utilizada pelos países europeus não está dando certo. É preciso combinar consolidação fiscal com estímulos econômicos para recuperação da economia", afirma o ministro brasileiro. "O resultado que obtiveram até agora foi uma piora da situação fiscal com aumento das dívidas, em vez de sua diminuição", critica.

Retração da agropecuária

O baixo desempenho da agropecuária nos primeiros três meses de 2012, que apresentou uma retração de 7,3%, e dos investimentos, que foi reduzido em 1,8% – o pior desempenho desde 2009 – foram os principais fatores que empurraram o índice para baixo.

Já o crescimento neste primeiro trimestre de 1,7% da indústria, de 1% do consumo interno e de 0,6% dos serviços animaram os especialistas da área econômica do governo.

"O bom resultado da indústria de serviços está mantendo a boa geração de empregos que, por sua vez, reforça o crescimento do mercado do consumo brasileiro", explicou Mantega, considerando que a queda no volume de investimentos é reflexo das "incertezas" causadas pela crise internacional.

Autora: Mariana Santos
Revisão: Augusto Valente