1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Blogosfera em inglês

9 de dezembro de 2009

Na blogosfera em língua inglesa, serviços como Twitter crescem tão rapidamente que especialistas já falam do desaparecimento dos blogs. Mark Glaser, jurado do The Bobs, acredita que blogs e microblogs podem coexistir.

https://p.dw.com/p/KPwS
Mark GlaserFoto: Mark Glaser

Um blog é uma série de registros longos ou médios classificados cronologicamente e publicados numa página de internet. Um microblog, por sua vez, é composto de postings minúsculos, limitados a 140 caracteres e enviados a conta-gotas para serviços de microblogging, como Twitter e Facebook.

Enquanto se debate o futuro do jornalismo, o financiamento de novos projetos e as contribuições jornalísticas por cidadãos comuns, o microblogging vivencia um imenso boom. Segundo estimativas da Nielsen Online, a cada ano o crescimento anual do Twitter foi de 1.382%.

Devido ao hype em torno do Twitter, essa estatística pode estar distorcida, já que a longo prazo muitos usuários não continuarão fiéis ao serviço de microblogging. Apesar disso, não se pode negar que o ano de 2009 foi um divisor de águas para o Twitter – tanto como instrumento jornalístico quanto como divulgador de novas ideias e tendências.

Como todas as atenções se voltam para o novato Twitter, o blog parece muitas vezes um parente mais velho e sossegado, que se esconde nas filas de trás das fotos de família. Em artigo para a revista Wired, o jornalista especializado Paul Boutin foi até mais longe e advertiu que a publicação de novos blogs não faz mais sentido.

Certamente, o microblogging assumiu em muitos aspectos o lugar da publicação convencional de blogs. No entanto, nos dois exemplos seguintes, fica claro como os blogs ainda continuam a ser relevantes e importantes – mesmo que o foco da sociedade midiática e da internet tenha se deslocado.

PressThink está hibernando

O importante feed do Twitter de Jay Rosen, professor da Universidade de Nova York, serve como primeiro exemplo. No momento, Rosen tem 27 mil assinantes no Twitter e mais de 9,4 mil tweets escritos. A palavra que ele usa para tal é "mindcasting".

Para compreender melhor o meio de comunicação, Rosen passou a concentrar-se de corpo e alma no Twitter, deixando de lado completamente seu antigo blog PressThink. A última entrada no PressThink é de 12/04/2009. Quando lhe perguntei se ele tinha desistido do PressThink, ele respondeu – obviamente através do Twitter: "Não desisti da publicar blogs, simplesmente não escrevi desde então mais nada de novo no PressThink, Huffington Post ou IdeaLab. Ensino Twitter e Podcast."

Dessa forma, ele integra agora o resultado de seu trabalho na universidade, do Twitter e do Podcast. Quem quiser seguir as ideias de Rosen não pode mais consultar posts mais longos no PressThink, mas tem que assinar seu feed no Twitter. É uma pena que, no final, a publicação de blogs acaba sendo deixada de lado.

Perdido na tradução

O meu próprio caso pode servir como segundo exemplo. Há algum tempo, quando estive internado por nove dias no hospital, o Twitter era o único meio de comunicação que dispunha para me conectar com o mundo exterior.

A partir da cama do hospital, eu enviava atualizações diárias (e recebia inúmeros votos de melhoras, principalmente de pessoas que eu nem conhecia, o que achei de alguma forma reconfortante). Durante o período no hospital, nunca teria me passado pela cabeça a ideia de escrever alguma coisa no MediaShift.

Tanto para mim quanto para outros autores, o MediaShift assumiu um aspecto profissional, onde não há espaço para o lado pessoal. Da mesma forma que tantos outros blogs sobre mídia – GigaOm, PaidContent, ReadWriteWeb – o MediaShift se tornou uma espécie de revista online, e não uma plataforma para os pensamentos individuais de uma só pessoa.

Nesse meio tempo, o Twitter monopolizou inteiramente minha vida profissional diária e se tornou um fórum de informações breves, pequenas observações e associações para todos os acontecimentos relevantes do dia. Sempre que recebia uma sugestão para um novo site, um novo blog ou novo serviço de internet, eu ia direto ao Twitter para pesquisar. O Twitter era como um feed que me fornecia novidades interessantes e me permitia, ao mesmo tempo, compartilhar notícias próprias com outras pessoas. Era uma espécie de feed RSS recíproco – imbatível.

No entanto, a certa altura do período em que estive no hospital, comecei a achar monótono. Então decidi enviar pelo Twitter "Dez medidas de salvamento da indústria jornalística" – uma após a outra. O retorno foi imenso e houve até usuários que juntaram todos os tweets em uma só URL. Surgiu então a questão: por que eu mesmo não compilei tudo em um só endereço da internet? Eu poderia ter colocado tudo simplesmente em meu próprio blog.

Foi justamente isso que acabei fazendo no final. Desta vez, todavia, a reação foi um tanto decepcionante. Muitos leitores foram até mesmo críticos. Porque eu tinha simplesmente repetido o que havia postado anteriormente no Twitter e faltou um passo em direção a um maior aprofundamento.

Microblog + blog = sucesso

Exemplos como esse me convenceram de que microblog e blog podem coexistir – e até mesmo ser interdependentes. Sem os artigos do blog de Jay Rosen, eu teria o sentimento de haver perdido algo. E se eu confiar somente nos feeds do Twitter, sinto a falta de profundidade e detalhe em muitas passagens dos postings.

Em muitos dos meus próprios tweets, acrescento links para posts mais longos de blogs ou artigos sobre o assunto. O tweet é assim uma espécie de teaser ou manchete, uma propaganda para um blog mais longo. É certo que algumas pessoas elevaram o Twitter a uma forma de arte, mas para a maioria os links que conduzem a raciocínios mais elaborados continuam importantes.

Nesse meio tempo, já constatei até mesmo que o Twitter é o segundo maior referrer [URLs que levam o usuário a um site] para o meu blog. Isso quer dizer que o Twitter exerce um papel central na divulgação do meu blog.

Dessa forma, a publicação de blogs não será de maneira alguma substituída pela de microblogs, mesmo que, aqui e ali, isso pareça ser o caso.

Mais precisamente, microblogs são plataformas para testar ideias, pesquisar opiniões e tomar conhecimento de fontes de informações – antes de escrever um artigo de blog mais longo sobre o assunto. O blog, por sua vez, é o lugar onde, finalmente, pensamentos mais extensos são trabalhados e discutidos.

Assim, as duas formas de publicação de blogs convivem lado a lado, em troca recíproca, para que no final tanto reflexões de maior profundidade quanto pensamentos mais breves possam ser divulgados.

Mark Glaser é editor-executivo da PBS MediaShift e PBS Idea Lab. Além disso, ele é redator dos relatórios quinzenais da The Online Publishers Association. Glaser vive em San Francisco juntamente com seu filho Julian. Seu endereço no Twitter é "@mediatwit*. Mark Glaser foi jurado do Deutsche Welle Blog Awards nos anos de 2006, 2007 e 2008.

Autor: Mark Glaser (ca)

Revisão: Simone Lopes