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Violência na Líbia

22 de fevereiro de 2011

Numa aparição na TV, Kadafi afirma que não deixou o país. Filho do ditador desmente notícias de massacres e de uso da força aérea contra manifestantes. ONU pede investigação das acusações de violência.

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Aparição de Kadafi na televisão com guarda-chuvaFoto: AP

O governo da Líbia está perdendo cada vez mais o controle sobre o país. É crescente o número de diplomatas que se distanciam do presidente Muammar Kadafi. Há relatos de que soldados do país se recusam a atirar nos manifestantes.

"Estou aqui para mostrar que não estou na Venezuela", disse Kadafi diante das câmeras, numa mensagem divulgada na noite desta segunda-feira (21/02) pela televisão estatal líbia. Por meio do depoimento, de apenas 22 segundos, o presidente tentou provar que não havia deixado o país.

Não se sabe quando e onde as imagens foram gravadas. A versão oficial é que era intenção de Kadafi visitar os apoiadores do regime no centro da capital Trípoli. "A chuva me impediu", disse na gravação. Nas imagens, o presidente aparece sentado dentro de um carro e segurando um guarda-chuva.

Filho nega ataques

Na tarde de segunda-feira, a situação na Líbia agravou-se ainda mais. Segundo testemunhas, aviões militares bombardearam áreas urbanas. Atiradores estariam posicionados sobre telhados para deter os manifestantes que participam dos protestos contra Kadafi.

Em Trípoli, vários bairros teriam sido bombardeados. Os aviões de combate também teriam atirado contra os opositores do líder revolucionário, reportou o canal árabe Al-Jazeera. Por meio de telefone via satélite, uma testemunha relatou sobre um massacre de manifestantes em Trípoli.

Segundo a emissora árabe, as autoridades líbias teriam interrompido as conexões de telefone fixo e de celulares. No canal estatal de televisão, o filho de Kadafi, Seif al-Islam Kadafi, desmentiu todas essas informações.

O filho do presidente disse que a Força Aérea não fez bombardeios. As forças militares teriam apenas destruído estoques de munição localizados em regiões distantes de áreas habitadas, citou o canal estatal. E ainda: as reportagens sobre os ataques em Trípoli e em Benghazi seriam falsas.

Suposições e verdade

As informações não podem ser checadas, já que não existem observadores independentes no país atualmente. No início dos protestos, jornalistas internacionais foram convidados a se retirar da Líbia. Repórteres líbios foram proibidos de viajar aos locais de crise.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, se disse chocado com o fato de que as forças de segurança teriam usado helicópteros para atirar nos manifestantes. Caso as notícias sejam verdadeiras, esse tipo de ataque contra cidadãos constituii uma grave violação dos direitos humanos, disse um porta-voz das Nações Unidas.

Reunião de emergência

O Conselho de Segurança da ONU fará um encontro extraordinário nesta terça-feira (22/02) para discutir a situação na Líbia. A reunião acontece a pedido de Ibrahim Dabbashi, representante da Líbia na organização. Ele foi um dos que retirou seu apoio a Kadafi, a quem chamou de "tirano".

Num comunicado conjunto, a missão líbia nas Nações Unidas conclamou "os oficiais e soldados do Exército da Líbia, onde quer que estejam e independente de suas patentes [...], para que se organizem e sigam em direção a Trípoli para cortar a cabeça da cobra", numa referência a que acabem com o regime.

Autores: Peter Steffe / Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer