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Medo catapulta preço do ouro

Rolf Bovier / lk5 de janeiro de 2003

Quanto mais inseguros os tempos, maior a demanda de ouro. O metal nobre, visto como um porto seguro por todos os que não querem arriscar, está em alta no momento.

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Ouro: aplicação em tempo de criseFoto: AP

Os investidores estão inseguros e por isso apelam para o ouro e os diamantes brutos, na hora de fazer aplicações. Sendo que o aumento do preço do ouro – mais de 50 dólares por onça troy no espaço de um ano – pode ser considerado extremo, mesmo considerando que o dólar perdeu nesse tempo seis centavos em comparação com o euro.

O ouro lucra com a debilidade do dólar e com a crença de que a situação vá piorar ainda mais. Certo é que, além de uma desconfiança generalizada nos políticos, existe agora a expectativa de um conflito armado no Iraque. Os gestos de ameaça bastaram para fazer a cotação do ouro subir. Desde que o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, ordenou a duplicação da presença militar americana na região do Golfo e advertiu a Coréia do Norte com veemência, a curva da cotação do ouro se torna cada vez mais íngreme.

Do início de dezembro para cá, o preço de uma onça troy subiu em curto espaço de tempo de 320 para 350 dólares. Algo semelhante ocorreu no mercado do petróleo. O barril de 159 litros custava há um ano cerca de 25 dólares. Agora seu preço oscila em torno de 30 e pode chegar a 40 dólares, segundo os especialistas, o que teria conseqüências dramáticas para a economia mundial.

Hora certa para a compra

Por outro lado, isso seria um catalisador para o ouro, ou seja, nada mau sob esse aspecto. O preço do metal nobre subiria mais ainda. Este seria, portanto, o momento ideal para quem tivesse um pouco de dinheiro sobrando e quisesse investir. É preciso pegar o bonde antes que ele aumente demais a velocidade. Tudo depende do sucesso no combate ao terrorismo internacional. Quanto mais perdurar a ameaça, mais subirá o preço do ouro. Mas ele também poderá cair de novo, se uma guerra no Iraque for bem-sucedida, ou se os perigos do terrorismo forem vistos como superados.

Investir em ouro continua, portanto, sendo uma especulação, a despeito das tendências evidentes do momento. Ainda assim, os analistas de mercado dizem que quem quiser comprar ouro deve fazê-lo agora. Além da crise em que as economias nacionais se encontram, existe outro fator favorável: os juros baixos. Enquanto eles continuarem assim, o ouro vai manter-se relativamente atraente.

Diante da cota de sua valorização, é cada vez de menor importância que a aplicação em ouro não renda juros. Nos EUA, com a taxa de juros de 1,5%, isso já tem validade. Mas também na eurolândia a cotação do metal poderia subir com novas reduções das taxas de juro pelo Banco Central Europeu.

E, quanto menor for a disciplina orçamentária dos governantes, quanto mais os Estados aumentarem seu endividamento, maior o número de pessoas que vão buscar um abrigo seguro no ouro. Ao contrário do que acontece com o dinheiro, sobre ele os políticos praticamente não têm a menor possibilidade de exercer pressão.