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Medo e depressão se alastram na Europa

(av)27 de abril de 2005

Estudo indica que 127 milhões de europeus sofrem de doenças psíquicas e psicossomáticas. Custos para os sistemas de saúde chegam a 600 bilhões de euros ao ano.

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Foto: Bilderbox

As pressões no trabalho e na família, o medo do desemprego e a falta de perspectivas deixam cada vez mais cidadãos europeus doentes. Segundo estudo do European Brain Council (EBC), publicado em Bruxelas, cerca de 127 milhões de pessoas sofrem de doenças psíquicas e psicossomáticas. O neurologista dinamarquês Jes Olesen, presidente do EBC, explica que "o cérebro humano não está preparado para o crescente estresse das sociedades civilizadas".

A pesquisa levou em consideração os 25 países da UE ampliada, assim como Islândia, Noruega e Suíça. Neles, 27% da população sofre das 12 principais moléstias psíquicas e neurológicas, como dependência de álcool e medicamentos, distúrbios bipolares (antes denominados psicose maníaco-depressiva), esquizofrenia, depressões e ataques de pânico. As vítimas do estresse civilizatório podem ainda sofrer de tumores cerebrais ou epilepsia, assim como de enxaqueca, traumas ou das seqüelas de um derrame cerebral.

Olesen declarou ao jornal alemão Die Welt que "os custos anuais chegam a 386 bilhões de euros, somente para a UE", acrescentando: "E aqui se trata de uma estimativa cautelosa". Pois, adicionados os custos da assistência e tratamentos médicos nos 30 a 40 anos após o diagnóstico, a soma de 600 bilhões de euros anuais parece bastante realista.

Verbas escandalosas

Pesquisas recentes da Organização Mundial da Saúde constataram que as doenças neurológicas constituem 35% dos problemas de saúde na Europa. "Por isso, os custos dos sistemas de saúde nesta área elevaram-se em 20% em 20 anos", sublinha o presidente do EBC.

O professor Tamas Freund, de Budapeste, acrescenta informações preocupantes: "As inseguranças da vida pessoal, a falta de perspectivas e o medo do desemprego – em face das esperanças não cumpridas após as transformações no Leste Europeu – provocaram uma gigante onda de moléstias neurológicas".

Como presidente das Sociedades Neurológicas Européias (Fens), ele espera que a UE se dedique mais à pesquisa de base: "O estudo do cérebro tem que ser uma prioridade do 7º Programa de Pesquisa da UE". Ele considera escandaloso o fato de no atual 6º programa apenas cerca de 6% das verbas de pesquisa serem destinadas a esse setor.

500 milhões para a pesquisa do cérebro

Após as moléstias originárias do estresse civilizatório, o envelhecimento da sociedade é o segundo maior desafio para a neurologia: "As formas de demência como o mal de Parkinson ou Alzheimer aumentam exponencialmente depois dos 80 anos de idade".

Atualmente, mais de 4,8 milhões de europeus sofrem de doenças neurodegenerativas, dentre os quais 1,2 milhão sofrem do mal de Parkinson. Jes Olesen apela aos políticos europeus para que apliquem pelo menos 500 milhões de euros por ano na pesquisa do cérebro. Isto equivaleria a apenas 0,1% dos gastos anuais da UE com doenças neurológicas.