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Menino Jesus e papagaio: a pintura de Jan van Eyck em Bruges

Paulo Chagas19 de março de 2002

"Jan van Eyck – mestres flamengos e o sul" é o título da exposição do museu Groening, de Bruges (Bélgica), consagrada à pintura do século 15 e destacando um dos seus mais notáveis representantes: Jan van Eyck.

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"Madona com o Cônego van der Paele", pintado pelo artista holandês em 1436Foto: http://www.artchive.com

A exposição, aberta até 30 de junho de 2002, reúne cerca de 120 telas que atestam o intenso diálogo artístico que existiu na Europa no início da Era Moderna. As obras de pintores flamengos, italianos, espanhóis e franceses são o produto cultural do florescente comércio entre o norte e o sul da Europa.

Bruges, capital cultural da Europa de 2002, celebra também seu glorioso passado: a cidade foi, por volta de 1500, um dos centros culturais e econômicos mais importantes do norte europeu.

A obra de Jan van Eyck (1390-1441) caracteriza o estilo flamengo-holandês conhecido como ars nova. Seus quadros, feitos por encomendas de diferentes príncipes e nobres europeus, destacam-se por um fascinante realismo, que se revela nos menores detalhes. Mas este realismo, segundo teorias recentes, seria apenas o invólucro para dissimular um rico simbolismo.

Simbolismo

- Por exemplo, na tela Madona com o Cônego van der Paele, de 1436, um papagaio verde está ao lado do Menino Jesus no colo da Virgem Maria. Dizia-se, na época, que o papagaio podia dizer "ave", a saudação do anjo que transmitiu a Maria a mensagem divina. E da mesma forma que as penas do papagaio não ficam molhadas, Maria ficou incólume da tentação da carne, segundo o significado simbólico.

Van Eick revolucionou a técnica da pintura. Ao usar o óleo ao invés da têmpora, ele conferiu aos seus quadros uma maior naturalidade na percepção de cores e luzes. Sua obra introduz um novo elemento: a observação da paisagem européia, que ele conheceu através de suas inúmeras viagens.

A exposição de Bruges mostra a importância do diálogo entre o norte e o sul da Europa. Os inúmeros contatos políticos entre as dinastias e os eventos religiosos, como os concílios de Contança e Basiléia, foram fundamentais para o difusão da arte flamenga.

Por outro lado, o surgimento de corporações no âmbito da sociedade deu maior liberdade aos artistas que, mesmo trabalhando para os nobres, não se restringiam mais a traduzir visualmente as escrituras sagradas.